
Publicado em 08/11/2023 - 08:50 / Clipado em 08/11/2023 - 08:50
Censo 2022: Niterói tem 84 homens para cada 100 mulheres
Cris Costa
Cidade é a quarta em predominância feminina no ranking nacional
Que há mais mulheres do que homens em Niterói, não é só impressão. O município é destaque no Censo 2022 como o local que concentra mais mulheres no estado do Rio. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Com 481.749 habitantes, a cidade aparece em números absolutos com 261.069 pessoas do sexo feminino (54,19%) e 221.680 do sexo masculino (45,81%). Proporcionalmente, existem 84,53 homens para cada cem mulheres. A pesquisa aponta também que, em relação ao total de 5.570 municípios do país, Niterói é o quarto com mais mulheres, atrás somente de Santos (SP), com 65,8%; Salvador (BA), com 54,40%; e São Caetano do Sul (SP), com 54,32%.
Rio de Janeiro e Nilópolis aparecem ao lado de Niterói entre as cidades com maior predominância feminina no estado: são 86,60 e 87,45 homens, respectivamente, para cada cem mulheres. Neste mesmo contexto, o estado do Rio de Janeiro é o que tem a maior concentração feminina, totalizando 52,8% da população.
No Brasil, o número de mulheres cresce e chega a 51,5% de seus pouco mais de 203 milhões de habitantes. O IBGE considera, para fins de registro, o sexo biológico do morador, atribuído no nascimento.
Com a sétima maior população do estado, Niterói tem mulheres liderando a maioria das faixas etárias representadas no Censo 2022, incluindo a de quem tem 100 anos ou mais. Dos 162 centenários identificados pelo Censo 2022, 135 são mulheres. A exceção é somente entre bebês (0 a 4 anos) e adolescentes (10 a 19 anos), onde há predominância do sexo masculino.
Políticas públicas
Em um cenário comprovadamente mais feminino, Niterói aumenta sua responsabilidade na aplicação de políticas públicas voltadas às mulheres. Pelo menos é o que acredita Walkiria Nichteroy Oliveira, militante feminista e subsecretária de Cidadania e Economia Criativa de Niterói. Segundo ela, uma série de políticas públicas está sendo aplicada na cidade, como a Patrulha Maria da Penha e a Sala Lilás, que prestam auxílio e acolhimento a mulheres vítimas de violência doméstica.
— Tivemos várias conquistas, mas quando observamos bem estes números percebemos que precisamos dar uma maior estruturação ao público feminino, e isto desemboca diretamente em mais investimentos — avalia.
Ela cita a ampliação de escolas como uma demanda urgente da cidade, além do desenvolvimento de um mercado de trabalho mais preparado para acolher as mães. Atualmente, Niterói conta com 45 unidades de educação infantil e 20 creches comunitárias conveniadas.
— São políticas que afetam diretamente estas mulheres. Sem vagas suficientes para os filhos, elas não conseguem emprego — diz.
Combate à violência doméstica
Para a gestora da Coordenadoria de Políticas e Direito das Mulheres (Codim), Thamyris Elpídio, o maior desafio na construção das políticas públicas na cidade é o enfrentamento à violência doméstica, principalmente a física que, segundo dados do órgao ligado à prefeitura, está no topo dos atendimentos, seguido das violências psicológica, moral e sexual.
— Temos atuado de forma contundente no combate à violência contra as mulheres. O trabalho parte da prevenção, com palestras, campanhas, formações e aproximação com a população e os territórios. Avançamos muito e estamos empenhados em combater o sexismo e machismo estrutural que são as raízes da desigualdade de gênero — observa.
Além da sede da coordenadoria, que elabora as políticas públicas implementadas no município, a Codim é composta por outros quatros equipamentos que realizam o atendimento direto às mulheres: o Centro Especializado de Atendimento à Mulher em situação de violência — Neuza Santos (Ceam), a Sala Lilás, o Núcleo de Atendimento à Mulher (Nuam) e o Espaço Empreender Mulher. Somente no primeiro semestre deste ano, 2.043 atendimentos foram realizados no Ceam e no Nuam, com aumento de 31,2% em relação ao ano anterior. No Ceam, a maior parte das mulheres que buscam atendimento está na faixa dos 35 a 49 anos.
Niterói pretende inaugurar, ainda em 2023, o segundo Nuam do munícipio, na Unidade Municipal de Urgência Dr. Mário Monteiro, em Piratininga, alcançando moradoras da Região Oceânica. E vai lançar o Plantão Mulher Comunidade, programa itinerante semanal que oferecerá atendimento interdisciplinar (psicológico, social, jurídico, de orientação e de informação) com foco na agenda de gênero. O projeto terá parceria com associações de moradores, contemplando, a cada semana, uma comunidade niteroiense.
Veículo: Online -> Portal -> Portal O Globo - Rio de Janeiro/RJ
Seção: São Caetano