
Publicado em 06/11/2023 - 21:21 / Clipado em 06/11/2023 - 21:21
Enel diz que vai finalizar o restabelecimento de energia na Grande SP até a noite de terça, mais de quatro dias após temporal
Concessionária participou de reunião na noite desta segunda (6) com o governo e a prefeitura de São Paulo. Durante a reunião, foram estabelecidas metas para o ressarcimento pela distribuição de energia e um plano de contingência para eventos extremos futuros.
Por g1 sp
A concessionária Enel informou na noite desta segunda-feira (6) que deve reestabelecer a energia elétrica em todos os imóveis da área de concessão da empresa até a noite de terça-feira (7).
Até o momento, 315 mil imóveis seguem sem energia, três dias após a forte chuva que atingiu a Grande São Paulo na tarde de sexta (3).
"Temos ao todo 320 mil clientes sem energia na nossa área. Nosso objetivo é chegar no final do dia de amanhã, de terça, com isso praticamente zerado. Estamos trabalhando 24 horas por dia, mil equipes diariamente em campo para isso", afirmou Max Xavier Lins, diretor-presidente da Enel.
Nesta segunda-feira (6), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reuniu com o governador, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) para cobrar explicações sobre os problemas no fornecimento de energia.
Durante a reunião, foram estabelecidas metas para o ressarcimento pela distribuição de energia e um plano de contingência para eventos extremos futuros. O governador disse ainda que pediu agilidade para as empresas atenderem os clientes afetados.
"Os concessionários ficaram com um prazo de 30 dias para estudar essa questão. Vamos verificar o que pode ser feito em termos de providência de que forma esses consumidores podem ser assistidos", afirmou.
"A segunda questão que foi tratada é o plano de contingência para eventos extremos, de que forma nós vamos nos preparar melhor para esses eventos extremos e como vai se dar a coordenação de Defesa Civil, Corpo de Bombeiros, prefeituras e distribuidoras de energia, principalmente na questão do fluxo de informações, quando a gente faz uma análise do que ocorreu neste evento a gente percebe que houve problema de fluxo de informações e se atrapalhou na comunicação", completou.
Tarcísio informou ainda que o governo vai estudar a possibilidade de mandar um projeto de lei para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para fazer um manejo arbóreo no estado.
Segundo a Prefeitura, no último balanço, houve 213 quedas de árvores, sendo 78 na Zona Leste, 16 na Zona Norte, 83 na Zona Sul e 36 na Zona Oeste. Só a concessionária Urbia, que administra o Parque Ibirapuera, contabiliza 128 quedas de árvores.
Sandoval de Araujo Feitosa Neto, diretor da Aneel, informou que a agência vai estudar mecanismo regulatórios para permitir que outras concessões possam auxiliar no momento de crise. Sandoval classificou o temporal de sexta como um evento atípico e, por conta disso, as concessionárias não estavam preparadas para lidar com a crise na falta de energia.
"Esse grande evento serão objetos de apuração da Aneel e da Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), então nesse momento a principal preocupação é que o serviço seja reestabelecido e no seu devido momento apurar responsabilidades e o que pode ser melhorado", afirmou.
De acordo com dados da CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) que investiga a Enel, em 2010, antes da privatização, a Eletropaulo tinha 7 mil empregados. O total de colaboradores foi caindo ano a ano no período da AES Eletropaulo – quando a empresa era controlada pelo BNDES e a empresa americana AES.
Em 2022, o total de empregados caiu para 4.400 funcionários e, em 2023, a concessionária chegou a 3.900 funcionários, segundo a CPI.
Questionado durante a coletiva sobre o número de funcionários, o presidente da Enel informou que "o número de colaboradores, sejam eles terceirizados ou primarizados, são dimensionados para o conjunto de objetivos técnicos e comerciais necessários, então não nos preocupa ter reduzido o número de colaboradores próprios porque o somatório de tudo isso foi atendido".
Investigação MP-SP
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai abrir, ainda nessa semana, uma investigação para apurar se houve omissão da concessionária Enel no restabelecimento de energia para os consumidores da Região Metropolitana de São Paulo.
A Defensoria Pública de São Paulo também enviou um ofício à Enel, nesta segunda-feira (6), pedindo esclarecimentos sobre interrupção de energia elétrica na capital.
Pela falta de energia, 29 escolas estaduais tiveram aulas suspensas nessa segunda em todo o estado, de acordo com informações da Seduc.
Escolas também foram fechadas em municípios da Grande SP:
- Em Cotia, todas as escolas estão fechadas;
- Em São Caetano do Sul, 18 escolas estão fechadas;
- Em Taboão da Serra, 9 escolas fechadas;
- Em Itapevi, 5 escolas fechadas;
- Em Barueri, uma escola foi fechada;
- Em São Bernardo do Campo, 7 escolas foram fechadas.
Em Taboão da Serra, onde 9 escolas foram fechadas, moradores protestaram durante o dia pelo restabelecimento de energia.
Em Cotia, moradores da Rua João Antonio de Oliveira estão sem energia desde sexta. A saída está sendo utilizar a lanterna dos celulares para circular pela cidade.
"Tem três dias que faltou luz, não tem previsão de voltar. Tudo está estragando, não tem previsão de chegar e estragou tudo que estava na geladeira", disse uma moradora.
Na capital, por conta da falta de luz, 12 escolas municipais não abriram. (Veja a lista abaixo). 77 semáforos também seguem sem operar.
Ainda de acordo com a prefeitura,125 árvores caídas precisam ser desenergizadas para que que as equipes possam fazer o trabalho de remoção.
70 horas sem energia
Na Lapa, na Zona Oeste da capital, moradores ficaram sem energia por pelo menos cerca de 70 horas. O ator Fernando Benichio já perdeu todos os alimentos que estavam na geladeira e está tendo que esquentar água para conseguir tomar banho.
Em entrevista ao Bom Dia SP, o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), responsabilizou a Enel pela demora na resolução do problema.
"Ainda temos 413 mil consumidores sem energia na cidade de SP. Estamos aqui com todo o esforço, ampliamos as equipes, estamos com a Defesa Civil, pessoal das subprefeituras para poder trazer a cidade de volta o quanto antes. Mas em muitas situações, a gente depende que a Enel faça o seu trabalho de desligamento para poder remover as árvores e reestabelecer a energia. Situação bastante difícil".
Ele defendeu que a gestão municipal realiza podas constantes, mas que a cidade foi atingida por rajadas de vento suspostamente inesperadas.
De acordo com Nunes, este ano, 10 mil árvores foram removidas por risco de queda. "É um número bastante considerável", acredita.
Das sete pessoas que morreram em decorrência das fortes chuvas, ao menos quatro foram atingidas pela queda de árvores.
Especialistas ouvidos pelo g1 apontam uma série de problemas de responsabilidade da gestão municipal: falta de manutenção, planejamento, além de árvores plantadas de forma irregular e podas malfeitas.
Ricardo Nunes afirmou que as chuvas de sexta atingiram até "árvores saudáveis" e disse que pedirá à Enel, em reunião agendada na tarde desta segunda, no Palácio dos Bandeirantes, um plano de contingência para evitar desastres por conta de mudanças climáticas. "A prefeitura está se preparando, eu preciso que a Enel também se prepare", defendeu.
Enterramento de fios
Em 2018, a gestão municipal anunciou um programa que previa enterrar mais de 75 km de fios em toda a capital até o final de 2024. A implementação, entretanto, pouco avançou nos últimos anos.
Nunes disse que a prefeitura não pode cobrar tal medida da Enel e demais empresas de telecomunicações.
"As concessionarias entraram com uma ação judicial e já foi definido no STF que a prefeitura não pode exigir das concessionárias nenhum tipo de ação em relação ao tema. Elas respondem ao governo federal e à Agência Nacional de Energia Elétrica."
Ele afirmou que já realizou duas reuniões o presidente da Aneel, com a Enel, e com a presidenta da Agência Nacional de Telecomunicação, para encontrar formas de acelerar os processos de enterramentos - mas nada saiu do plano das ideias.
"A gente já fez alguns enterramentos, hoje temos algumas vias em processo de enterramento, como Alameda Santos e várias na região central, mas é necessário um plano nessa questão."
Lista das escolas sem luz na capital:
- EMEF Euclides de Oliveira Figueiredo
- CEI CEI Aloysio de Meneses Greenhalgh
- EMEI Montese
- CEU CEMEI Vila Alpina
- EMEI Vila Ema
- CEI Genoveva D'Ascoli
- Emei Vila Ema
- EMEF JOÃO NAOKI SUMITA
- CEI Jardim Adutora
- EMEI Pestalozzi
- EMEF Plinio de Queiroz
- CEI Vila Flavia
Região Metropolitana
Em São Caetano do Sul, 18 escolas não abriram nesta segunda por conta da falta de luz. Já em Taboão da Serra, o problema atinge dez escolas.
De acordo com a Enel, a energia foi reestabelecida para mais de 76% dos clientes que tiveram o fornecimento impactado após o vendaval da última sexta-feira.
Até o momento, cerca de 1,6 milhão de clientes tiveram o serviço normalizado, de um total de cerca 2,1 milhões afetados na última sexta-feira.
O vendaval que atingiu a área de concessão foi o mais forte dos últimos anos e provocou danos severos na rede de distribuição.
Técnicos da companhia seguem trabalhando 24 horas por dia para agilizar os atendimentos e restabelecer o serviço para a grande maioria dos clientes até a próxima terça-feira (7).
Ainda segundo a empresa, devido à complexidade do trabalho para reconstrução da rede atingida por queda de árvores de grande porte e galhos, a recuperação ocorre de forma gradual.
Falta de água
A Sabesp informa que, com o restabelecimento da energia elétrica em pontos da capital e região metropolitana de São Paulo, os reservatórios da Companhia nessas áreas iniciaram o processo de recuperação no domingo (5).
A previsão, para os locais onde há energia, é que o abastecimento seja normalizado ao longo do dia de hoje, podendo se estender até amanhã (7) em pontos mais críticos.
Os principais locais que tiveram energia restabelecidas e os reservatórios estão em recuperação são: Santo André, Mauá, Diadema, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Itaquaquecetuba, Guaianases, Americanópolis, Vila Clara, Vila Mascote, Vila Santa Catarina, Vila Joaniza, Campo Grande, Capão Redondo, Jd Promissão, Pedreira, Cidade Ademar, Chácara Flora, Santa Etelvina, Cidade Tiradentes, Morumbi, São Mateus, Itaquera, Vila Mariana Savoy e Pedra Branca, em São Paulo. O retorno da água aos imóveis acontecerá de forma gradual.
Neste momento, existem pontos sem energia, afetando o abastecimento das seguintes principais localidades: Cotia, Osasco, Barueri e Taboão da Serra.
A Sabesp continua trabalhando de forma emergencial para abastecimento dos locais críticos com caminhões-tanque.
A Sabesp agradece o apoio da população e recomenda que os clientes priorizem o uso da água para higiene e alimentação até que o abastecimento esteja normalizado.
Veículo: Online -> Portal -> Portal G1
Seção: Enel