
Publicado em 31/10/2023 - 07:56 / Clipado em 31/10/2023 - 07:56
Região gera 15 mil vagas de emprego no ano e ensaia recuperação
George Garcia
Apesar da crise na indústria automobilística e anúncio de cortes de postos de trabalho na General Motors de São Caetano, o cenário do mercado de trabalho no ABC aponta para recuperação do setor. A região gerou ao longo de 2023 até setembro 15.191 postos de trabalho, um crescimento de 2,03% sobre o estoque de vagas, que é melhor do que se considerados os últimos 12 meses (de outubro de 2022 a setembro de 2023) que ficou em 1,87%. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, divulgado nesta segunda-feira (30/10).
No acumulado do ano até setembro o melhor resultado do ABC foi o de Mauá, que teve uma variação de 4,39% no nível de emprego, acumulando um saldo de 2.885 postos de trabalho. Rio Grande da Serra aparece proporcionalmente com um crescimento também acima da média da região, com 3,73% e saldo de 94 vagas. Em terceiro lugar aparece Bibeirão pires com crescimento de 3,5% e saldo de 657 vagas. Diadema também teve crescimento perto de 3% no nível de emprego nos dez meses de 2023. O saldo acumulado foi de 2.588 vagas, crescimento de 2,96% sobre o estoque de vagas.
Apesar de não ter crescido muito proporcionalmente, em números absolutos, São Bernardo foi a que mais gerou empregos na região neste ano com 4.813 vagas (variação de 1,84%). Santo André aparece logo em seguida com 3.240 vagas e alta de 1,6%. As duas cidades respondem por mais da metade das vagas criadas só neste ano na região.
Analisando somente o mês de setembro, a cidade que teve maior crescimento percentual no nível de emprego novamente é Mauá. Somente naquele mês a alta foi de 0,56% e saldo de 381 vagas. São Bernardo vem em seguida com crescimento de 0,54% no mês e saldo de 1.423 vagas. Santo André cresceu no mês 0,37% e registra saldo de 767 vagas.
Para o economista e professor da Universidade Metodista de São Paulo, Campus São Bernardo, Sandro Renato Maskio, os resultados não são mais positivos por causa da demora na recuperação econômica e na geração de emprego. “O ritmo de crescimento econômico é lento e isso dificulta a geração de emprego. Se analisado o Caged por idade os números são mais positivos para os mais jovens e de menor qualificação. É mais difícil a colocação de pessoas com mais de 30 anos e com formação. Vemos que a estrutura produtiva do país ficou menos complexa e isso favorece o emprego para os mais jovens e que recebem salários menores”, analisa.
Para o professor resultados melhores quanto ao emprego vão depender da estratégia do governo, se ele vai estimular a industrialização e, se o emprego começa a apontar para alguma melhora, a renda média ainda não cresceu e o consumo ainda não cresce porque os juros ainda são muito altos. “O crédito no Brasil ainda é muito caro. Por isso o governo tem de definir se vai estimular a industrialização e quais setores”, diz Maskio ao citar a situação da GM, em greve contra as demissões de cerca de 300 operários. “A empresa se ver que não vai ter chance de lucro ela vai embora. Ela pode ir para outro país, mas isso também tem um custo”, diz o economista da Metodista.
O gestor do curso de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), Volney Gouveia, nota que os números do Caged já mostram uma melhora. “Se olharmos para os números dos últimos doze meses e os deste ano vemos um descolamento entre eles e isso é uma sinalização importante para o estancamento da perda de empregos, indica uma recuperação. Não dá para recuperar rapidamente o nível da atividade econômica, nem o nível de emprego e agora já entramos na fase das contratações temporárias, o que provavelmente, quando olharmos o ano de 2023 cheio veremos um descolamento ainda maior e uma recuperação”, aponta.
Gouveia dia que ainda não dá para comemorar. “Não é hora de soltar rojão, mas pode estar em curso aí a recuperação do emprego. O governo anterior (federal) adotava uma política de pisar no freio, olhando para a inflação; este também tem o olhar, porém aposta no aumento da produção e do consumo, mas ainda temos muitas indústrias fechadas, muito trabalhador desempregado”, completa.
Sobre as demissões anunciadas na GM, o economista diz que essa situação é comum na indústria, principalmente na automobilística. “Essa não é a primeira vez que isso acontece e nem será a última, essa é uma situação recorrente a cada mudança de cenário. As reduções de turnos são comuns. O Brasil produzia, em 2014, 3,5 milhões de veículos por ano, hoje faz 2,5 milhões, então há uma capacidade ociosa de produção. As vendas no mercado interno não crescem porque o crédito é proibitivo, para comprar um carro o juro ao ano é de 25% a 30%. A GM tem o desafio agora de melhorar a sua competitividade frente às montadoras chinesas que trazem os carros elétricos”, completa.
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Seção: Trabalho