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 Portal G1

Publicado em 23/10/2023 - 19:26 / Clipado em 23/10/2023 - 19:26

Em São José dos Campos há 64 anos, fábrica da GM acumula crises e demissões na última década


Empresa demitiu trabalhadores das fábricas de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes - todas em São Paulo. Após demissões, funcionários iniciaram paralisação nesta segunda-feira (23).

 

A montadora General Motors anunciou no último final de semana a demissão de trabalhadores de três unidades da empresa no estado de São Paulo. A notícia pegou de surpresa vários funcionários de São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, que foram avisados sobre os cortes por telegrama e e-mail.

Com um histórico de regimes de suspensão de trabalho de funcionários, conhecido como layoff, além da crise enfrentada na última década, e que foi agravada pela pandemia, a empresa passou por muitas negociações e mudanças nos últimos anos.

Nesta matéria especial, o g1 relembra a trajetória da GM em São José dos Campos, principal cidade do Vale do Paraíba, desde a instalação da montadora até os dias atuais. Confira:

 

Chegada estratégica

A unidade da General Motors em São José dos Campos foi inaugurada em 1959 pelo presidente Juscelino Kubitschek. A escolha da cidade para a fábrica não foi por acaso, já que o terreno ficava às margens da via Dutra, principal eixo entre os estados do Rio de Janeiro e São Paulo, além de ser próximo à Estrada de Ferro.

A planta no inicio produzia motores, peças para caminhões, picapes e caminhonetes. Nos anos 1960, passou a produzir caminhões, mas foi na década seguinte que a fábrica se tornou uma das principais da GM no Brasil.

Uma nova linha de montagem foi instalada para a produção de carros de passeio. Muitos desses carros produzidos na região fizeram sucesso em todo país.

Em 1973 foi lançado o Chevette, que se tornou um dos mais vendidos no mercado brasileiro e que alcançaria a expressiva marca de 1,6 milhão de veículos produzidos. Nessa época, a unidade empregava cerca de 15 mil funcionários.

Já nos anos 1980, assim como outras empresas da região, a montadora enfrentou longas greves. Uma das paralisações por reajuste salarial e redução de jornada durou 28 dias, mesmo assim a fábrica seguia em alta.
1985 - Unidade da GM em São José dos Campos durante a greve. Funcionários foram impedidos de sair da fábrica. — Foto: Divulgação/ Sindicato dos Metalúrgicos de São José

1985 - Unidade da GM em São José dos Campos durante a greve. Funcionários foram impedidos de sair da fábrica. — Foto: Divulgação/ Sindicato dos Metalúrgicos de São José

Em São José dos Campos eram produzidos carros como Kadett, Marajó e Ipanema. A partir de 1994, iniciou a produção do Corsa, outro sucesso de vendas. Por fim, a empresa começou a trazer modelos maiores para a planta da cidade, como a S10, Meriva e Zafira.

Por volta de 2010, a crise no mercado automobilístico atingiu em cheio a fábrica da GM em São José dos Campos, linhas de produção como Corsa, Zafira e Meriva foram desativadas.

Para efeito de comparação, em 1980 a planta do Vale do Paraíba era responsável por 65% dos veículos comercializados pela GM no país. Em 2013, a participação caiu para cerca de 25%, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores.

Foi uma década de muitas demissões e de muitas negociações entre empresa e sindicato. As promessas de novos investimentos na planta ficaram apenas no papel e, para piorar, a pandemia derrubou ainda mais as vendas de carros novos no país.

Atualmente, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, a GM de São José emprega cerca de 4 mil funcionários e produz apenas dois modelos: a caminhonete S-10 e o SUV Trailblazer.

Em 2023, a empresa que teve um papel importante para o desenvolvimento econômico da cidade e da região, vive um momento de crise, alegando queda nas vendas, realizando demissões e com funcionários em greve.

 

Demissões

A General Motors (GM) anunciou no último sábado (21) demissões de trabalhadores em três fábricas da montadora no Brasil: São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, todas elas em São Paulo.

Os funcionários desligados da empresa foram surpreendidos com a demissão e-mail e por telegrama. O número de trabalhadores afetados pela medida não foi informado pela montadora.

Em nota ao g1, a montadora afirmou que os cortes são motivados por "queda nas vendas e nas exportações". Diz ainda entender "o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas que a adequação é necessária" (veja na íntegra mais abaixo).

A medida pegou trabalhadores e os sindicatos de surpresa. Segundo os Sindicatos dos Metalúrgicos de São José dos Campos e de São Caetano, não houve negociação sobre os cortes. Em Mogi, a montadora chegou a oferecer um Plano de Demissão Voluntária há dois meses, mas a proposta não foi aprovada pela categoria.

Em nota, o sindicato de São José dos Campos exigiu o cancelamento das demissões e a reintegração dos trabalhadores. E afirmou que tem acordo por estabilidade que foi "descumprido nessa ação arbitrária da empresa".
 

O que diz a General Motors

Procurada pelo g1, a GM informou que as demissões são causadas pela queda nas vendas e nas exportações. Confira a nota da GM na íntegra:

"A queda nas vendas e nas exportações levaram a General Motors a adequar seu quadro de empregados nas fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos e Mogi das Cruzes. Esta medida foi tomada após várias tentativas atendendo as necessidades de cada fábrica como, lay off, férias coletivas, days off e proposta de um programa de desligamento voluntário. Entendemos o impacto que esta decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro".

 

 

https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2023/10/23/em-sao-jose-dos-campos-ha-64-anos-fabrica-da-gm-acumula-crises-e-demissoes-na-ultima-decada.ghtml

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