
Publicado em 23/10/2023 - 08:02 / Clipado em 23/10/2023 - 08:02
Comunidade LGBTQIA+ reivindica mais coordenadorias na região
Beatriz Gomes
Criadas com o intuito de agrupar as demandas da comunidade LGBTQIA+ em cada cidade, as coordenadorias LGBT ainda não são realidade em todas as cidades do ABC. O RD conversou com alguns membros da comunidade que expressaram frustração com as poucas políticas públicas na região.
Para o presidente da ONG ABCD’s de Santo André, Marcelo Gil, na mudança de gestão muitas ações foram esquecidas. “Até 2015, Santo André contava com uma assessoria LGBT que, infelizmente, era comandada por uma pessoa heteronormativa e que não entendia as necessidades da comunidade. Desde então, não vemos políticas públicas na cidade voltadas para pessoas LGBTQIA+”, diz.
Gil destaca ainda como seria importante a criação de coordenadorias LGBT em cada cidade da região. “Uma coordenadoria iria servir como uma espécie de guarda-chuva para receber as demandas da comunidade LGBT e criar novas maneiras de atender essas demandas, já que hoje não temos iniciativas como essa em todas as cidades do ABC”, ressalta.
Conselho LGBTQIA
Lays Gabrielle de Oliveira Corpani, integrante do Fórum LGBTQ de Mauá, conta que a cidade possui algumas ações voltadas para esse público, mas nem todas cumprem seus respectivos papéis da maneira correta. “A cidade possui um Conselho LGBTQIA que foi reimplantado cuja presidência devia ser revezada entre o governo e os movimentos sociais, mas depois de dois anos, tempo de mandato, a presidência continua nas mãos do poder público e não nas mãos dos membros da comunidade LGBT, como deveria”, critica.
Lays acrescenta que a implementação de uma coordenadoria em Mauá seria um grande avanço desde que o órgão fosse ativo e comandado por pessoas LGBTs. “Se não for algo ativo, não vejo necessidade de existir mais um órgão que não dê frutos para a nossa comunidade. Queremos ações voltadas para nós e não apenas ideias que não vão para frente”, afirma.
O presidente da Casa Neon Cunha em São Bernardo, Paulo Araújo, destaca que a narrativa voltada para a comunidade cresceu, mas as políticas públicas não. “Ainda existe muito o que melhorar e acredito que a implementação de uma coordenadoria especializada nas pessoas LGBTs seria a melhor maneira de fazer isto”, diz.
Atualmente, Diadema é a única cidade da região que possui uma coordenadoria especializada para a população LGBT, a Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades que tem por objetivo assessorar o Paço na articulação, formulação, implementação e monitoramento de programas, planos e ações afirmativas de reparação e combate às desigualdades sociais/ raciais resultantes do processo histórico de exclusão e discriminação negativa, bem como, promover a ascensão da população LGBTI+.
Demais prefeituras
Mas existe planejamento para a criação do órgão nas outras cidades? O RD questionou as demais prefeituras do ABC e apurou que ainda não é um plano concreto, as cidades investem apenas em algumas ações para a comunidade. Em Santo André, a Unidade de Assuntos Institucionais e Comunitários diz que promove ações conjuntas com a comunidade LGBTQI+ e ONGs, e debate a possibilidade de uma instalação futura de um conselho. No entanto, embora exista o reconhecimento necessário da criação de um conselho, o debate ainda não estabeleceu calendário.
São Bernardo dispõe de Seção de Assuntos para a Diversidade de Gênero, para articular esforços voltados à melhoria das atenções específicas às questões de diversidade de gênero, bem como o desenvolvimento de ações voltadas à proteção social e superação de situações de violação de direitos e de violência decorrentes especificamente de formas e mecanismos de discriminação de orientação sexual.
Em julho deste ano, São Caetano inaugurou o SerTrans (serviço de referência à população LGBTQIAPN+), que conta com uma coordenadora que integra o Grupo Técnico do ABC e Comissão de Diversidade e Sexualidade do Consórcio. O serviço é porta aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 19h e conta com dois vinculadores que recebem o público para acolher as necessidades e articular com a rede, estratégias de apoio e assistência.
Ribeirão Pires afirma que conta com uma coordenadoria LGBTQIAP+ e suas ações são realizadas em parceria com a sociedade civil através do Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual (Comads). A Administração diz que diversas ações foram realizadas, como mutirão de retificação de nome e gênero, rodas de bate-papo; eventos voltados à diversidade; tratativas para inclusão de pessoas LGBTQI+ nos eventos da cidade; formação para funcionários públicos com a temática LGBTQIAP+ e a criação de um grupo de trabalho intersecretarias LGBTQIAP+.
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Seção: Cidades