
Publicado em 17/10/2023 - 18:20 / Clipado em 17/10/2023 - 18:20
Inquérito que levou Polícia a intimar bilionário foi aberto por denúncia de mecânica no ABC paulista
Investigação que instou Henrique Vasconcelos Dubugras, personagem de festa opulenta em Fernando de Noronha, foi provocada por uma queixa sobre e-commerce fake; defesa alega que empresário saiu de empresa de pagamentos online anos antes das fraudes
Por Pepita Ortega e Fausto Macedo
O inquérito da Polícia Civil de São Paulo que levou à intimação do bilionário Henrique Dubugras - empresário que fechou parte de Fernando de Noronha para um casamento de luxo com Bill Gates na lista de convidados - teve início com um boletim de ocorrência registrado por uma automecânica em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
A investigação trata de suposto estelionato e falsidade ideológica. O empresário nega qualquer envolvimento com o caso.
A empresa se queixou do uso de seu CNPJ para emitir cobranças. Segundo a automecânica relatou à Polícia, estavam utilizando seus dados para vender produtos pela internet, sendo que os objetos não eram entregues - ou seja, para aplicação de golpes, com a montagem de um ‘e-commerce fake’.
O representante legal da empresa compareceu, em março deste ano, à 7ª Delegacia de Polícia da Lapa pra prestar declarações sobre o caso, reiterando as informações que foram passadas aos policiais de São Caetano do Sul e apresentando uma série de documentos para abastecer as apurações.
O próximo passo dos investigadores foi então levantar os dados de três empresas responsáveis pelas transações financeiras do e-commerce, entre elas a Pagar.me - empresa de pagamentos online criada por Dubugras.
A Polícia então intimou os proprietários das companhias a comparecerem à 7ª DP, mas eles não se apresentaram.
No caso de Dubugras, os advogados Alan Humberto Jorge e Tiago Zanella encaminharam aos investigadores uma petição relatando que o empresário não era diretor da Pagar.me à época das fraudes. O bilionário integrou os quadros da empresa entre 2013 e 2016 - ano em que a startup foi vendida para a Stone.
A Polícia então foi atrás do atual diretor e sócio da empresa, Mateus Cherer Schwening, que também não compareceu à delegacia. Por meio de seus advogados, a Pagar.me alegou no inquérito que apenas viabilizam pagamentos em transações comerciais, não participando da operação de compra e venda, mas apenas repassando os valores.
Alegação similar foi apresentada pela defesa de uma outra empresa instada no bojo da apuração, a VTEX. A companhia sustentou que apenas fornece recursos tecnológicos para que terceiros criem e administrem seus próprios sites.
Pivô da intimação de Dubugras perante a Polícia de São Paulo, a Pagar.me também está no centro da ação que levou um oficial de Justiça a notificar o bilionário às vésperas de seu casamento em Fernando de Noronha.
O processo em questão foi movido por Henrique Duarte Coelho, que sustenta ter sido sócio de Dubugras na criação da Pagar.me e não ter recebido o pagamento devido pela venda da companhia.
Depois Dubrugras fundou a Brex, empresa que oferece cartão de crédito e programa de pontos para startups e que o colocou, junto de seu sócio Pedro Franceschini, na lista de bilionários da Forbes em 2022. O jovem de 27 anos saiu da relação em 2023.
COM A PALAVRA, A DEFESA DE DUBUGRAS
Informamos que o Sr. Henrique Dubugras já prestou os devidos esclarecimentos à Autoridade Policial do 7º Distrito Policial de São Paulo por meio de seus advogados, não havendo necessidade de comparecimento pessoal.
Os esclarecimentos prestados e comprovados à Autoridade, dentre outros, por documentos registrados na Junta Comercial do Estado de São Paulo, demonstram que o suposto fato apontado por terceiro reclamante não tem nenhuma relação com o Sr. Henrique.
O fato sob investigação é muito posterior ao momento da sua saída do quadro de diretores de empresa mencionada na investigação e da sua mudança para o exterior. Inclusive, o terceiro reclamante nunca citou o nome do Sr. Henrique nem o associou a alguma prática ilícita.
Veículo: Online -> Portal -> Portal Estadão
Seção: Blog do Fausto Macedo