
Publicado em 08/10/2023 - 17:14 / Clipado em 08/10/2023 - 17:14
A um ano da eleição, estratégias para 2024 se afunilam na região
Quatro prefeitos podem concorrer à reeleição; em Sto.André, S.Bernardo e S.Caetano, sucessão movimenta bastidores
Por Raphael Rocha
A um ano da eleição municipal de 2024, as peças políticas já começam a se movimentar no Grande ABC. O pleito do ano que vem terá quatro prefeitos com possibilidade de reeleição, casos de José de Filippi Júnior (PT) em Diadema, de Marcelo Oliveira (PT) em Mauá, de Guto Volpi (PL) em Ribeirão Pires e Penha Fumagalli (PSD) em Rio Grande da Serra, e três chefes de Executivo que precisarão conduzir o processo de sucessão: Paulo Serra (PSDB) em Santo André, Orlando Morando (PSDB) em São Bernardo e José Auricchio Júnior (PSDB) em São Caetano.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) indica que, no momento, a região possui 2.151.530 eleitores - 583.388 em Santo André; 639.960 em São Bernardo; 146.410 em São Caetano; 339.313 em Diadema; 315.710 em Mauá; 90.990 em Ribeirão Pires e 35.759 em Rio Grande da Serra.
Além dos sete prefeitos, a região vai escolher 148 vereadores, seis a mais do que em 2020, já que a Câmara de Santo André aprovou projeto de lei para acrescentar o número de parlamentares a partir da próxima legislatura. Serão 27 vereadores em Santo André, 28 em São Bernardo, 19 em São Caetano, 21 em Diadema, 23 em Mauá, 17 em Ribeirão e 13 em Rio Grande.
O Diário preparou um cenário eleitoral de todas as cidades a um ano do pleito.
Santo André
Primeiro prefeito eleito e reeleito desde Celso Daniel (PT, morto em 2002), Paulo Serra (PSDB) terá de passar o bastão após uma gestão hegemônica na cidade. O tucano atingiu índice de 80% de aprovação, conforme levantamento do instituto Paraná Pesquisas, foi o principal cabo eleitoral da vitória histórica de sua mulher, Ana Carolina Serra (Cidadania) para a Assembleia Legislativa e se tornou praticamente unanimidade na política local.
Com esse tamanho, Paulo Serra é o principal protagonista do pleito em Santo André sem poder estar nas urnas. Não à toa a lista de potenciais candidatos à espera da bênção do tucano é imensa - estão na lista o vice-prefeito Luiz Zacarias (PL), os secretários da Pessoa com Deficiência, Jobert Minhoca (Podemos); de Planejamento Estratégico e Licenciamento, Acácio Miranda (Cidadania); de Saúde, Gilvan Junior; de Esportes, Marcelo Chehade (PSDB); de Educação, Almir Cicote (Avante); de Ações Governamentais, Pedrinho Botaro (PSDB), e o advogado Leandro Petrin, homem-forte da gestão tucana.
Nos bastidores, o que se comenta é que a disputa pela vaga número 1 da chapa está muito mais afunilada, em especial com Petrin, Gilvan e Acácio (esse correndo por fora). Paulo Serra, por sua vez, tem dito que deve definir o candidato até fevereiro, elevando os comentários de bastidor.
No campo da oposição, o vereador Eduardo Leite (PSB) busca se viabilizar como alternativa nem tão crítica a Paulo Serra. O PT e o Psol tentam firmar aliança - o nome da vereadora Bete Siraque (PT) surge com mais força para representar esse bloco. O deputado federal Fernando Marangoni (União Brasil) é outro player considerado no tabuleiro andreense.
São Bernardo
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), também terá de deixar a administração após dois mandatos consecutivos e, assim como Paulo Serra (PSDB) em Santo André, tem feito suspense com relação à escolha do candidato. Aliados do tucano dizem que em novembro ele apresentará o prefeiturável governista.
Por enquanto, o governo tem se fragmentado nas opiniões sobre o sucessor - justamente entre os deputados federais Marcelo Lima (PSB) e Alex Manente (Cidadania). Marcelo foi vice-prefeito de Morando e seu secretário de Serviços Urbanos antes de ser eleito em 2022. Alex superou rivalidade histórica com Morando para apoiá-lo na reeleição de 2020.
Tem crescido movimento que defende que Morando indique Alex como candidato governista no pleito - até porque as pesquisas de intenções de voto mostram Alex com liderança folgada para os demais postulantes. Outra parte da gestão sustenta que o nome tem de ser Marcelo, mas reconhece que o processo que o socialista enfrenta por infidelidade partidária - trocou o Solidariedade pelo PSB - pode modificar os planos.
Pela oposição, o nome consolidado é o do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT). Pela primeira vez o petismo apresentará ao eleitor de São Bernardo um quadro que não é oriundo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - Luiz Fernando é empresário e está no terceiro mandato na Assembleia Legislativa. A legenda governou São Bernardo por três oportunidades e a cúpula do petismo aposta na força do governo federal, de volta às mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para se cacifar no pleito.
São Caetano
Perto do fim de seu quarto mandato, José Auricchio Júnior (PSDB) mantém suspense com relação ao nome à sucessão em São Caetano. Diferentemente de 2012, quando desde o início dava mostras que iria apresentar Regina Maura (PSDB) ao eleitorado de São Caetano, desta vez o tucano mantém outros players ativos no jogo.
Regina volta ao cenário. Desta vez como secretária de Saúde, Regina recentemente assumiu o comando do PSDB municipal - herdou a vaga justamente de Auricchio. Porém, o pesadelo de 2012, quando ela perdeu para Paulo Pinheiro (então MDB, hoje União Brasil) é tema das rodas de conversa da montagem da candidatura.
O reitor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo (PSD), e o ex-prefeito interino e ex-presidente da Câmara Tite Campanella (Cidadania) também buscam a bênção de Auricchio para a eleição. Prearo sofre por ser uma figura ainda não testada nas urnas. Tite não é o quadro preferido do alto comando do Palácio da Cerâmica.
Pela oposição, quem se apresenta novamente é o ex-vereador Fabio Palacio (União Brasil). Após duas derrotas - em 2016 e 2020 -, Palacio volta às urnas como a principal figura contrária à gestão Auricchio. Recentes pesquisas de intenções de voto que colocam Palacio na liderança dão mostras que a corrida eleitoral pode ser diferente, até porque será a primeira vez que ele concorrerá contra alguém que não está na cadeira de prefeito (em 2016, apesar de Auricchio ter vencido, o então prefeito Pinheiro concorreu, sem sucesso, à reeleição).
Diadema
José de Filippi Júnior (PT) caminha para a tentativa de reeleição para fazer história no Grande ABC: ele pode ser o primeiro prefeito a chegar ao quinto mandato. A grande aposta é na relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e na tradição petista na cidade, a primeira no País a conferir a um filiado ao PT o cargo de prefeito (Gilson Menezes, em 1982).
Diferentemente das outras eleições, quando concorreu com chapa pura, agora a estratégia tende a mudar. Filippi recentemente nomeou o ex-prefeiturável Ricardo Yoshio para o governo e tem mantido diálogo com o ex-deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos). Esses podem ser vice, assim como são cotados para a vaga o vereador Rodrigo Capel (Cidadania) e os secretários de Habitação, Ronaldo Lacerda, e de Meio Ambiente, Vaguinho do Conselho. A atual vice é Patty Ferreira (PT), que ficaria no posto se o petismo decidir apostar em chapa pura - a tendência, porém, é a de que ela seja candidata a vereadora.
Após perder a reeleição na Assembleia Legislativa, Márcio diz que será candidato a prefeito, mas a raia oposicionista está praticamente toda ocupada pelo ex-prefeiturável e hoje diretor presidente da SPObras, Taka Yamauchi (MDB). Derrotado por uma pequena diferença em 2020 para Filippi, Taka tem conseguido aglutinar praticamente todas as forças oposicionistas do município - quase toda a bancada de oposição já está em seu projeto eleitoral.
Mauá
Após reconduzir o PT ao comando da Prefeitura de Mauá em uma eleição acirrada, Marcelo Oliveira (PT) parte para a reeleição com o objetivo de levar o partido para sua quinta vitória na cidade. Depois de um começo claudicante e derrota inesperada na Câmara, por exemplo, o petista se acertou na cadeira, acomodou forças políticas do município e ganhou musculatura na tentativa de reeleição.
Assim como em Diadema, dificilmente a chapa pura se repetirá para Marcelo - sua vice hoje é Celma Dias, mulher do ex-prefeito Oswaldo Dias. Seu governo acomodou aliados, como Chiquinho do Zaíra, a família Rubinelli e até o PSB, e conseguiu até emplacar um deputado estadual: Rômulo Fernandes. Marcelo aposta nas pavimentações e nas obras custeadas pelo governo federal como trunfo para impulsionar o projeto eleitoral.
A oposição, hoje, está fragmentada. O principal nome contrário a Marcelo é o ex-prefeito Atila Jacomussi (SD). Com mandato turbulento entre 2017 e 2020, com prisões e cassações, Atila ressuscitou politicamente com a conquista de uma cadeira na Assembleia Legislativa. Desde o triunfo, Atila não tirou o pé do acelerador, tem ficado na rua e avisando que vai desafiar Marcelo.
A terceira via, que por pouco não foi ao segundo turno em 2020, agora conta com mais nomes. Juiz João (PSD), que ficou fora da etapa derradeira três anos atrás por uma diferença de menos de 700 votos, tenta novamente liderar uma raia distante de PT e Atila e, recentemente, se apresentou ao lado de dois ex-prefeituráveis da cidade: José Roberto Lourencini (PSDB) e Clóvis Volpi (ex-PL).
A união com Volpi se cristalizou após o PL destroná-lo da função de prefeiturável do partido e entregar a missão ao vereador Sargento Simões (PL). Com a linha bolsonarista como inspiração, Simões aposta em discurso bélico e tom irônico, sobretudo contra o PT, para surpreender.
Ribeirão Pires
Os últimos anos foram de intensa turbulência política em Ribeirão Pires. Em 2020, Clóvis Volpi se elegeu prefeito, impedindo a reeleição de Adler Kiko Teixeira (MDB). Dois anos depois, porém, teve o mandato cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com base na Lei da Ficha Limpa.
Seu filho, Guto Volpi (PL), então vereador e presidente da Câmara, assumiu interinamente a cidade. No fim de 2022, se candidatou a prefeito na eleição suplementar e venceu, numa concorrência acirrada, o ex-vice-prefeito Gabriel Roncon (Cidadania).
O duelo entre Guto e Roncon deve se reeditar. Guto conta com a máquina a seu favor, enquanto Roncon quer unir a oposição - fechou apoio do ex-vice-prefeito Amigão D’Orto (PSB).
Rio Grande das Serra
Outro município que passou por furacão político foi Rio Grande da Serra. Após três tentativas, Claudinho da Geladeira (PSDB) se elegeu prefeito em 2020, mas foi cassado na sequência pela Câmara, que o acusou de fraudes durante a pandemia. Penha Fumagalli (PSD) assumiu a cadeira e, em um amplo arranjo político, tem sustentado o governo.
A gestão é uma mistura de aliados do ex-prefeiturável Cafu e do PT. Agora, ela se aproximou do ex-prefeito Gabriel Maranhão, na tentativa de engrossar a candidatura à reeleição.
A principal ameaça é o ex-vereador Akira Auriani (PSB). Segundo colocado na eleição de 2020, Akira se apresenta como nome forte da oposição.
Veículo: Online -> Site -> Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP
Seção: Política