Publicado em 08/10/2023 - 14:46 / Clipado em 08/10/2023 - 14:46

Professora de São Caetano vence concurso por trabalho com EJA

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Com projeto Sarau Matizes, docente da rede municipal ficou entre os cinco vencedores do País; competição teve mais de 500 educadores inscritos

Por Thainá Lana
 

 

Com o Sarau Matizes, que buscou desmistificar a ideia de que a educação de jovens e adultos é apenas uma etapa em que os alunos são meros receptores de conhecimento, a professora de arte da rede municipal de São Caetano, Milene Ugliara, 41 anos, foi uma das vencedoras da 24° edição do Prêmio Arte na Escola Cidadã, do Instituto Arte na Escola.

Dos 500 projetos inscritos na competição, apenas cinco trabalhos foram selecionados no País, sendo um de cada região do Brasil. Os vencedores foram anunciados no fim de setembro, e representam cada uma categoria de cada etapa da educação básica, sendo educação infantil, ensino fundamental 1 e 2, ensino médio e EJA (Educação de Jovens e Adultos).

A iniciativa premiada aconteceu em 2019, no Sesc São Caetano, com cerca de 150 estudantes da rede pública do município, sendo das turmas da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Vicente Bastos e das unidades estaduais, Professor Vicente Bastos e Edgar Alves da Cunha. O projeto foi realizado em parceria com a professora de Português, Vanessa Rita e o integrante do Coletivo Mapa Xilográfico, Diogo Rios.

Até as apresentações artísticas dos alunos no sarau, os estudantes trabalharam durante um semestre com a temática apresentada no documentário Aquém da fundação: outras matizes em São Caetano, que abordou a história do município para além da migração italiana. A produção artística foi produzida em 2018 por alunos da Emef Vicente Bastos, e apresenta narrativas da presença afro e indígenas, assim como migrações locais.

Na sequência, foram realizados debates nas três escolas da rede pública sobre o documentário, e por fim os estudantes preparam suas obras baseadas nas temáticas sobre a produção e apresentarem no Sarau Matizes. Música, poesia e dança foram algumas das expressões presentes no evento.

A professora Milene Ugliara, que leciona há 22 anos, explica que a ideia principal do projeto era aumentar a confiança, sentimento de pertencimento e valorizar os conhecimentos dos alunos.

“O importante na EJA é a valorização da sabedoria de cada estudante, porque eles não podem ser vistos como tábula rasa, como alguém que esteve fora do conhecimento formal e que por isso não tem conhecimento algum. Muito pelo contrário, eles chegam com muita aprendizagem da vida deles, do território, entre outras experiências”, explica a docente, que começou na educação de jovens e adultos com um projeto de alfabetização não formal em um canteiro de obras.

Ao unir arte e educação, Milene ressalta que as oportunidades de aprendizagem são infinitas. “Quando entra a arte nesse processo, nas suas mais variadas linguagens, isso pode contribuir até para evasão escolar, porque você tira aquela visão mais tradicional de aula, que às vezes chega a ser mecanizada. Elimina a relação de cópia e abre espaço para criação”, finaliza.

Milene receberá R$ 10 mil em premiação pelo projeto, que será dividido com os outros dois idealizadores da iniciativa. O presidente do Instituto Arte na Escola, Claudio Anjos, reforça que o concurso acontece há 24 anos porque a instituição acredita na importância do reconhecimento dos professores de arte do País.

“Eles trabalham arduamente para desmistificar a ideia de arte como recreação, buscam desenvolver opinião crítica dos estudantes e mobilizar a comunidade escolar dentro da mesma perspectiva, e justamente por isso tudo acreditamos muito no poder dos projetos inscritos”, afirma.

 

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