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 Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP

Publicado em 01/10/2023 - 08:16 / Clipado em 01/10/2023 - 08:16

Grande ABC tem 457.938 pessoas com 60 anos ou mais


Thainá Lana

Idosos correspondem a 16,85% da população das sete cidades; em dois anos, esse público deverá superar o número de crianças na região

 

O Grande ABC tem 457.938 pessoas com 60 anos ou mais. Esse público corresponde a 16,8% da população total da região, segundo dados da Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). Hoje é celebrado o Dia Nacional do Idoso, data que tem como objetivo valorizar os direitos desse grupo.

Em apenas dois anos, esse número deve aumentar em 7,2%, e alcançar a marca de 491.264 pessoas na terceira idade. Caso a projeção populacional da Fundação Seade se concretize, já em 2025, a região deverá passar por uma mudança demográfica, e terá mais idosos do que crianças – serão 486.820 menores de 14 anos.

Essa alteração do perfil populacional ocorrerá por conta de três municípios: Santo André, São Bernardo e São Caetano. Em 2025, as três cidades registrarão mais moradores com 60 anos ou mais – Santo André e São Caetano já vivem essa realidade. (Veja dados na arte ao lado).

Em 2030, será a vez de Mauá e Ribeirão Pires passarem pelo envelhecimento populacional. Diadema e Rio Grande da Serra devem registrar mais idosos apenas uma década depois, em 2040 – um ano depois da média nacional. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o País deve viver esse cenário já em 2039.

A tendência de crescimento deve continuar nos próximos anos e, em 2050, o Grande ABC terá mais que o dobro de moradores acima de 60 anos em comparação com as crianças. No total, serão 820.745 idosos ante 373.024 menores de 14 anos.

As causas para esse fenômeno demográfico são diversas, uma das principais é a melhora na qualidade de vida da população, que impacta diretamente no aumento da expectativa de vida dos indivíduos ao nascer. Regiões com melhor infraestrutura, como saneamento básico e saúde, por exemplo, contribuem para que a população viva mais, conforme explica o demógrafo e professor de Planejamento Ambiental da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC), Leonardo Freire de Mello.

Além disso, a mudança do papel da mulher na sociedade nos últimos anos é outro fator determinante para a mudança demográfica que a região vive hoje. Segundo Mello, a entrada de crianças por nascimento na população tem sido cada vez menor, e isso tem uma série de causas, como a mudança do padrão da mulher na sociedade, onde ela deixa de ser dona de casa e uma “máquina de reprodução familiar” para se tornar uma profissional que irá desenvolver sua carreira.

“Ao ocupar cada vez mais espaço no mercado, a mulher começa a postergar a data que ela vai ter filho e com isso, acaba tendo menos filhos, até mesmo por conta de todas as dificuldades econômicas, políticas, sociais, culturais que se apresentam no País. As mulheres tendem a gerar menos crianças agora do que elas faziam, por exemplo, na década de 2000, ou 1990. Esse é um processo que vem de longo prazo, não aconteceu de repente, é uma tendência que se consolidou ao longo do tempo”, diz.

O demógrafo analisa ainda que a mobilidade espacial da população, migração de indivíduos, também é outro ponto a ser considerado. Como exemplo, ele cita o São Caetano, que já possui um envelhecimento populacional, e que atrai diversos idosos de outros locais por conta da infraestrutura oferecida no município.

 

IMPACTOS

O envelhecimento de uma sociedade gera diversos impactos sociais, econômicos, e culturais para as cidades. O docente da UFABC faz um balanço das possíveis consequências nessas áreas, como no caso da previdência social, que sem pessoas economicamente ativas o sistema poderá sofrer futuramente uma ruptura devido à alta demanda de pessoas recebendo o benefício da aposentadoria, em comparação com o número de indivíduos contribuindo.

“Porém, não acredito que tenha apenas lados negativos com essa mudança demográfica. Em relação à economia, uma das soluções seria continuar absorvendo as pessoas mais velhas no mercado de trabalho, ao invés de apenas dispensá-las como ocorre hoje, e com o envelhecimento gradativo desses trabalhadores surge mais espaço para os jovens que estão começando suas carreiras”.

Para tentar inverter o cenário de sobrecarga na previdência, Mello aponta possíveis soluções a serem adotadas pelo poder público, como importação de mão de obra de estrangeiros, com seus direitos trabalhistas assegurados, e maior incentivo a contratação de funcionários no regime CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), ao invés de estimular o empreendedorismo. “Muitas empresas estão exigindo que as pessoas abram uma empresa para serem colaboradores, e isso também impacta na contribuição da previdência”, explica.

 

"AS CIDADES PRECISAM SE ADPATAR AOS IDOSOS"

As sete cidades da região ofertam diversos serviços para população idosa, como centros especializados, espaços de convivência, atividades de cultura e lazer, atendimento na saúde, entre outros. Porém, para os próximos anos, quando o Grande ABC terá mais idosos do que crianças, novos investimentos devem ser destinados para suprir a alta demanda dessa população.

O demógrafo e professor de Planejamento Ambiental da UFABC (Universidade Federal do Grande ABC), Leonardo Freire de Mello, afirmou que a acessibilidade nos municípios deve ser um dos principais investimentos. “As cidades precisam se adaptar aos idosos. Os municípios têm que ser mais seguros para que essa parcela da população possa se locomover com mais facilidade. Calçadas acessíveis e transporte público adaptado são alguns exemplos do que ainda precisam melhorar na região”, disse.

Questionadas sobre as iniciativas que estão sendo adotadas na região, as Prefeituras apresentaram algumas ações que estão em fase de planejamento. A Prefeitura de Diadema informou que desde o ano passado, a Secretaria de Saúde tem participado do processo de elaboração do Plano Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa para o período 2022-2025. “Cujos princípios e diretrizes nortearão os pilares necessários para melhorar a qualidade de vida da pessoa idosa no município. O novo Conselho Municipal da Pessoa Idosa tomará posse na próxima quinta-feira (5)”, destacou o Paço.

Já em Santo André, a administração estuda a criação do Centro Dia do Idoso, um serviço especializado para realização de atividades diversas, oficinas, encontros, grupos de idosos em situação de vulnerabilidade e que tenham já algum tipo de redução em sua autonomia, visando o fortalecimento de vínculos familiares e evitando a retirada precoce do idoso de seu núcleo familiar.

Rio Grande da Serra ressaltou que possui um projeto de implantação de um CRI (Centro de Convivência da Pessoa Idosa). Os demais municípios não informaram as ações que serão adotadas a médio e longo prazo nas cidades.

 

 

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Seção: São Caetano