
Publicado em 27/08/2023 - 09:00 / Clipado em 27/08/2023 - 09:00
Indaiatuba cai três posições, mas fica entre as 10 cidades mais competitivas da RMC
Levantamento elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) avaliou 410 locais com população acima de 80 mil habitantes
A Região Metropolitana de Campinas (RMC) tem 10 cidades entre as 200 melhores do país em competitividade, levando em conta boa gestão pública e fiscal, condições de bem-estar e qualidade de vida, além de capacidade de gerar emprego, renda e infraestrutura para gerar desenvolvimento econômico. Campinas aparece na 7ª posição da classificação nacional, e na 4ª da Região Sudeste, revela a 4ª edição do Ranking de Competitividade dos Municípios, elaborado pelo Centro de Liderança Pública (CLP), que avaliou as 410 maiores cidades brasileiras, com população acima de 80 mil habitantes. O estudo mostra que Campinas ocupa o 1ª lugar entre as cidades do interior, estando atrás apenas de capitais e municípios da Região Metropolitana de São Paulo.
A primeira posição no estudo é de Florianópolis (SC). Na sequência, estão São Paulo, Barueri (SP), Porto Alegre (RS), São Caetano do Sul (SP) e Curitiba (PR). Na RMC, também aparecem na lista das cidades mais competitivas Americana, Hortolândia, Indaiatuba, Itatiba, Paulínia, Santa Bárbara d´Oeste, Sumaré, Valinhos e Vinhedo.
“Competitividade não é competição. Competitividade é olhar para a equidade, justiça, desenvolvimento econômico e social. É, no fim do dia, promover transformação social, é trazer bem-estar, qualidade de vida à população”, afirmou o diretor-presidente do CLP, Tadeu Barros. Ele está à frente de uma organização suprapartidária, existente há 15 anos, que busca engajar a sociedade e desenvolver líderes públicos para enfrentar os problemas mais urgentes do Brasil, realizando projetos, cursos e ações que levem ao desenvolvimento econômico e social.
“É isso o que ranking busca: trazer um desconforto positivo para os gestores em nível municipal para que os cidadãos tenham uma vida mais digna”, completou. O estudo está disponível para os municípios interessados em usá-lo para definir políticas públicas e empresas para definir seus investimentos.
O ranking é baseado em 13 pilares, que são compostos por 65 indicadores, que levam em conta os potenciais e os desafios do município em três dimensões: institucional, sociedade e economia. Entre os aspectos avaliados estão nível de escolaridade, qualificação dos trabalhadores, complexidade econômica, renda média, custo da máquina pública, transparência municipal, sustentabilidade fiscal, meio ambiente, segurança, saneamento, acesso à saúde e educação, além de outros.
POTENCIAL
Para o economista e consultor empresarial Maurício Pontes Pimenta, mais importante que a posição individual de cada cidade é que o resultado mostra a força do conjunto da Região Metropolitana de Campinas e a complexa interligação econômica e social entre elas. O ranking traz metade dos 20 municípios que integram a RMC.
“A pessoa pode morar em Valinhos, trabalhar em Itatiba em uma empresa que exporta pelo Aeroporto de Viracopos, que está em Campinas, onde estão os locais que ele frequenta, compra e seus filhos estudam”, explicou Pimenta.
Para ele, poucas regiões do país têm tanto potencial diversificado e vantagens onde se unem infraestrutura de produção, logística e qualidade de vida. “Uma empresa de ponta pode se instalar em Sumaré ou Paulínia, mas contratar funcionários formados em faculdades de Campinas, onde eles moram”, afirmou o consultor. Muitas das cidades que aparecem no ranking de competitividade estão localizadas a 15, 20 quilômetros de Campinas. A maior distância entre as cidades que aparecem na lista são os 80 km que separam Itatiba e Santa Bárbara d´Oeste, o que leva em torno de 1 hora de viagem.
A robustez regional se traduz em números. Com uma população de 3,3 milhões de habitantes, o equivalente a 7,3% da população paulista, a RMC representa 9,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado, que é a soma de todos os bens e serviços produzidos. O valor chega a R$ 210 bilhões, o 5º maior PIB entre as regiões metropolitanas do País, equivalente a soma de seis Estados brasileiros ou de 30 países pequenos. Ela tem ainda o 3º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as regiões metropolitanas do país, o 3º maior parque industrial e a 4ª maior praça financeira, aponta levantamento feito pelo Instituto Cidades Inteligentes, que desenvolve projetos em parceria com o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas (CDRMC).
O estudo mostra que a média de abastecimento de água na região é 94,2%, a coleta de esgoto chega a 93,3% da população e 78,4% é tratado. No campo da infraestrutura, a RMC contra com sete parques tecnológicos, três das principais rodovias do estado e do País – Anhanguera, Bandeirantes e Dom Pedro I – e com o Aeroporto Internacional de Viracopos, o maior de cargas do Brasil, além de se destacar na qualidade do ensino, desde o fundamental até o superior.
CIDADES
Entre as cidades mais competitivas, Campinas manteve a 7º posição no ranking nacional do estudo divulgado em 2021. Das 100 mais competitivas, 98 estão nas regiões Sul e Sudeste. Apenas Recife (PE), no Nordeste, e Campo Grande (MS), Centro-Oeste, estão fora delas. Entre as cidades do Sudeste, Campinas tem a sua frente apenas São Paulo, Barueri e São Caetano do Sul. Porém, aparece à frente de capitais como Vitória (ES), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), além de outros municípios de grande porte, como Santos, São Bernardo do Campo e Ribeirão Preto.
Campinas também aparece em 4º entre as cidades com melhor desempenho no campo do ESG, sigla em inglês para a sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa. Em relação ao estudo anterior, a cidade subiu 30 posições no quesito segurança, 28 no de acesso à educação e 13 em saneamento.
“Eu vejo com bons olhos o resultado da pesquisa porque mantivemos uma posição importante entre as maiores cidades do país”, disse a secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação, Adriana Flosi. Ele ressaltou ainda que a cidade tem se empenhado em criar um ambiente mais amigável para atrair investimentos privados, concedendo incentivos fiscais, desburocratizando a administração pública e acelerando o andamento de processos.
“Há um esforço para melhorar os indicadores, não para aparecer em rankings, mas para trazer benefícios para a população. É o resultado que está aparecendo dos esforços que a administração tem feito em várias áreas”, acrescentou Adriana Flosi. No quesito sociedade, que avalia as condições de bem-estar e qualidade de vida, Campinas subiu 14 posições e aparece na 25ª colocação no ranking. A cidade manteve o 8º lugar no aspecto da economia e caiu 7ª posições, ficando em 20º, no campo das instituições, que engloba funcionamento da máquina pública e sustentabilidade fiscal. “Já fizemos muito, mas há desafios e aspectos em que precisamos melhorar”, disse a secretária.
Entre as outras nove cidades da RMC, cinco subiram no Ranking de Competitividade dos Municípios e quatro caíram. Americana é a cidade da RMC que mais avançou, subindo 22 posições e chegando ao 35º lugar entre as cidades brasileiras. Já Indaiatuba ocupa a 19ª colocação, mas caiu 3 posições em relação a 2021. Também sofreram queda no estudo Itatiba, Valinhos e Hortolândia.
Para o gerente de relações Governamentais e Competitividade do CLP, Lucas Cepeda, o estudo permite diagnosticar avanços nacionais em várias áreas. Ele destacou a queda de 22,5% no número de mortes violentas de 2020 a 2023 e a redução de 100 para 40 horas, em média, no tempo necessário para abrir uma empresa no país.
Por outro lado, mostra queda na vacinação, que está igual ou abaixo de 65% da população-alvo, e aumento para 29,4% da população abaixo da linha de pobreza, o que significa que 62,5 milhões de pessoas vivem com menos de R$ 805 por mês para cobrir todas as duas despesas. “A cobertura vacinal mantém a lógica de queda dos últimos anos, que é praticamente generalizada, e também observa-se um aumento da população vulnerável nos municípios, demonstrando, de certa forma, o aumento da pobreza no Brasil”, afirmou Cepeda.
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