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Publicado em 17/08/2023 - 07:55 / Clipado em 17/08/2023 - 07:55

ABC na liderança do ranking de roubos e furtos encarece preço do seguro de carro


George Garcia

 

Se dentre os custos para manter um veículo o seguro é um dos principais e indispensáveis, no ABC ele é muito mais necessário do que em outras regiões. Isso porque três cidades do ABC – Santo André, Mauá e Diadema – lideram o ranking da região metropolitana de São Paulo quanto ao índice roubo e furto de veículos por 100 mil habitantes. A chance de se ter um carro roubado em Santo André, a líder do ranking, é quase o dobro do que ter um carro levado por bandidos na Capital. Isso faz com que o seguro fique mais caro para quem mora na região.

Em Santo André, considerando os números oficiais da segurança pública foram roubados e furtados 3.001 automóveis nos primeiros seis meses deste ano, o que leva a cidade à primeira colocação no ranking das 39 cidades da região metropolitana, com índice de 401 crimes para cada grupo de 100 mil habitantes. A Capital paulista, que é a dona da maior frota de veículos do país, ficou apenas na sexta colocação; apesar dos mais de 27 mil crimes, com a população maior, o índice é de 242 delitos por 100 mil habitantes.  Comparando Santo André, com São Caetano, onde o índice ficou em 188/100 mil, a chance de ter um carro roubado nas vias andreenses é mais do que duas vezes maior.

O segundo lugar no ranking de roubos e furtos de veículos é de Mauá. Na cidade foram roubados e furtados no primeiro semestre 1.200 carros, o que levou a cidade ao índice de 287 casos por 100 mil habitantes.  O município é seguido de perto por Diadema, onde os bandidos levaram 1.082 automóveis, deixando a cidade com índice de 275/100 mil. São Bernardo aparece em sétimo neste ranking com 1.935 carros subtraídos e índice de 188.

Ribeirão Pires ficou na 17ª posição das 39 cidades, com 177 casos e índice de 153 crimes por 100 mil habitantes e Rio Grande da Serra ficou entre as quatro da região metropolitana com menor chance de se ter um veículo roubado ou furtado. A cidade teve 17 casos  e índice de 38 crimes para cada grupo de 100 mil pessoas e ocupa a 36ª colocação no ranking.

A média do Estado inteiro ficou em 148 crimes por 100 mil. Com isso todas as cidades do ABC, exceto Rio Grande da Serra, ficaram acima da média estadual para o primeiro semestre de 2023. Apesar dos dados alarmantes, no ano passado a situação no ABC, também no primeiro semestre, estava bem pior.  (Veja quadro)

 

 

Seguro

Segundo a estatística da SSP (Secretaria de Segurança Pública), foram 7.724 automóveis roubados ou furtados nos primeiros seis meses deste ano, nas sete cidades do ABC, uma média de 42,43 por dia. Esse número, no entanto, é 5,98% menor do que o registrado no primeiro semestre de 2022, quando a região teve subtraídos 8.216 carros entre roubos e furtos, média 45,14 por dia.

Para Sharlene Braz Viana, corretora de seguros, a questão da segurança e do tipo de uso do veículo é que fazem o preço da apólice ficar mais pesado ou não. Outro fator é o tipo de veículo, mais ou menos visado pelos bandidos e o custo de peças de reposição. “Tem sempre um carro que é mais visado que outro; o seguro fica mais caro, pelo índice de roubo ou preço das peças. O seguro também é precificado pelo CEP da região, que influencia muito”, explica.

A corretora conta que há muita influência no cálculo do preço do seguro do perfil de uso e o perfil do motorista e como a função de motorista de aplicativo cresceu muito durante a pandemia por conta do desemprego, no total os preços não chegaram a cair. “Um levantamento das companhias de seguro mostra que tem número muito forte de sinistros em que as pessoas não informam que são Uber, isso acaba impactando, alguém paga mais caro por isso, todo mundo paga um pouco”, aponta.

Com grande experiência no ramo e trabalhando com a maioria das seguradoras do mercado Sharlene também considera que o preço dos carros, que aumentou muito nos últimos três anos, é o principal componente do preço final do seguro. “O CEP impacta, o uso tipo de uso do veículo, mas os carros aumentaram muito de preço, na pandemia a tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), usada como padrão de preços no mercado de carros, aumentou muito. O que impactou geral para todo mundo”, completa a corretora da Via Certa Seguros (@sharlene.corretoradeseguros ou 11-9.8669-1493).

 

Cotação

Um exemplo do que a corretora diz é o do motorista de aplicativo Manoel Messias de Souza, que mora em Diadema. Ele conta que fez cotação com várias seguradoras e pesou o preço e a cobertura da apólice. Por causa do uso do carro, o preço chegou a variar R$ 230 de uma seguradora para outra. “Nem me passou pela cabeça ficar sem seguro, como a gente trabalha na rua o seguro sai mais caro, mas é necessário, o risco é grande”, conta o motorista que há poucos meses ficou dias sem trabalhar por causa de um acidente que danificou seu veículo. O seguro do outro motorista causador do acidente pagou as despesas. “Não foi o meu seguro, foi o do outro que pagou tudo, mas por aí a gente já vê a importância de ter o veículo assegurado, é impossível ficar sem hoje em dia, ainda mais eu que trabalho de 10 a 12 horas por dia”, conta.

 

 

O bancário Paulo Tavares, mora em São Caetano e tem dois carros, um fica com a esposa e outro ele usa para ir ao trabalho e, às vezes, visitar clientes. Os dois veículos estão assegurados. No seu caso o banco tem parceria com oito seguradoras. “O que ficar mais barato eu pego, não posso ficar sem, porque um carro a minha esposa usa e está sempre com as crianças junto e o outro, como uso para o serviço, o contrato obriga que eu tenha seguro”, conta. Tavares diz que gasta cerca de R$ 1,8 mil pelo seguro dos dois, valor que só não fica mais caro porque usa os bônus da seguradora.

Tavares, que além de São Caetano, roda muito pelas cidades de São Bernardo e Diadema, diz que fica atento ao preço do seguro também na hora de trocar de carro. “Fico atento ao tipo de carro mais visado ou que tenha peças caras de reposição, às vezes o preço do carro é bom, mas o seguro é muito caro, por isso sempre pesquiso o preço do seguro junto com o tipo de carro”, completa.

O diretor comercial do canal Corretores e Assessorias, da Ituran, Euclides Naliato, também comenta sobre a influência da insegurança na cotação de seguros e diz que a insegurança na região influencia os preços dos seguros. “Frequência de roubo e furto é um componente muito significativo no momento em que os técnicos das seguradoras analisam e elaboram os preços dos seguros. Essa frequência é analisada por períodos de seis meses a um ano e abrange um estudo muito detalhado por modelo, marca e idade do veículo. As seguradoras avaliam o quando dessa frota exposta tem inteligência de localização de veículo para mitigar os riscos. Através das nossas tecnologias de monitoramento e rastreamento atuamos com várias seguradoras parceiras do mercado para auxiliar as companhias a avaliarem quais modelos tem uma recuperação maior quando se tem a tecnologia embarcada”, afirma.

Para o especialista da Ituran, o ABC sofre grande influência da Capital. Diz que nos últimos anos a região tem registrado frequência de roubo e furto muito próximos da Capital, às vezes até maiores. Para que se possa ter custos menores ou maiores, dependendo do veículo, é necessário avaliar por um período mínimo de seis meses, mas o ideal seria analisar os últimos 12 meses para ver se há uma tendência de queda sequencial. “Lembramos que o ABC tem um número considerável de desmanches e isso fomenta a indústria do crime e isso contribuir para uma frequência elevada de roubo e furto. Outro fator é que você pode ter um veículo com uma frequência de roubo e furto menor, mas tem um perfil de risco que agrava o custo do seguro”.

 

Custo

Uma cotação feita pela corretora Sharlene Braz Viana, tendo como base o veículo novo mais barato do mercado nacional, o Renault Kwid, mostra diferença de preços. Com cobertura só para roubo e furto o valor ficaria em R$ 2.352,60, se somar cobertura por perda total sobe para R$ 2.966,95. No caso do veículo que é usado para transporte de passageiros por aplicativo os valores sobem para R$ 2.721,75 e R$ 3.348,02, respectivamente. O exemplo considera um segurado com residência em Santo André, a cidade líder no ranking.

 

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Seção: Economia