Publicado em 16/08/2023 - 08:43 / Clipado em 16/08/2023 - 08:43
Ato de ex-moradores do Di Thiene tem apoio de apenas dois vereadores
George Garcia
Em manifestação silenciosa os ex-moradores do edifício Di Thiene realizaram um protesto na Câmara de São Caetano durante a sessão legislativa desta terça-feira (15/08) em busca de sensibilizar os vereadores pelo drama de 102 famílias que perderam seus lares em 2019 e ainda aguardam uma solução do poder público. A prefeitura diz que ofereceu amparo às famílias nos primeiros meses após o prédio ser interditado e a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) não confirmou a inscrição das famílias em programa de habitação do Estado e que aguarda da prefeitura uma definição sobre o terreno para a construção de moradias populares.
O edifício Di Thiene era ocupado por famílias que viviam lá há décadas, em junho de 2019 uma laje do prédio cedeu e o local foi interditado e as famílias tiveram que deixar o local. A prefeitura conseguiu na justiça a autorização para a demolição do local, que aconteceu em outubro daquele ano. Pessoas que se intitulavam herdeiros do imóvel montaram um estacionamento no local, mas recentemente nova sentença judicial concedeu a imissão de posse à prefeitura. Na época da interdição do imóvel prefeitura e Estado divulgaram um convênio para a construção de moradias populares no qual essas famílias teriam prioridade, mas passados quatro anos essa obra nem começou.
“A prefeitura disse que tinha um convênio com a CDHU o que não é verdade. Busquei pela LAI (Lei de Acesso à Informação) e não há nenhum convênio nem o terreno foi definido”, disse o vereador Edison Parra (Podemos) em apoio aos manifestantes que ocuparam uma parte da plateia durante a sessão. “Agora, o prefeito tomou posse do terreno, agora só falta a vontade de fazer. Na época eu elogiei o prefeito (José Auricchio Júnior – PSDB), mas vejo que aquilo tudo foi enrolação. Antes sugeriram outros terrenos, agora a prefeitura tem a posse do próprio terreno onde era o Di Thiene então vou fazer um requerimento para fazer ali mesmo”.
A vereadora Bruna Biondi (PSol) também foi em apoio aos antigos moradores do prédio. “Antes a prefeitura disse que não podia fazer nada porque o terreno não era dela, mas agora está com a faca e o queijo na mão, é só fazer. Se não há um convênio com a CDHU que se faça com as próprias mãos, a prefeitura tem dinheiro para isso. Nós vamos pressionar, porque não tem mais desculpa, se precisar procuramos a justiça para isso”.
O líder do governo na Câmara, vereador Gilberto Costa (Avante), aproveitou a discussão para, não apenas defender o prefeito, como também atacar os opositores. “Se dependesse da oposição o terreno estaria ocupado por pessoas de fora da cidade, de São Paulo e de Mauá, como invadiram o Cras. Nós trouxemos uma parte da vitória – sobre a imissão de posse para a prefeitura – mas temos que torcer para que o outro lado não faça recurso. Depende da Justiça e ninguém é superior à lei”, pontuou.
O grupo que ocupou uma lateral da plateia, não fez muito barulho, apenas houve manifestação quando o líder do governo falou na tribuna.
Em nota, a prefeitura de São Caetano falou apenas dos auxílios pagos aos ex-moradores do Di Thiene, os quais já cessaram há mais de um ano e meio e nada falou sobre o terreno ou o cadastro de moradores; disse ainda que ofereceu terreno à CDHU que por sua vez nega. “Desde o incidente, o Executivo deu total amparo às 102 famílias vitimadas, criando abrigo temporário e o auxílio emergencial em 18 parcelas (a primeira de R$ 800 e as demais de R$ 400), entre outras ações (R$ 912 mil reais). Em outubro de 2021, a prefeitura concedeu auxílio emergencial de 3 meses para cada uma das famílias cadastradas de R$ 400 (R$ 144 mil). A prefeitura já ofereceu terreno ao Governo do Estado (CDHU) para a construção de unidades habitacionais”.
Já a CDHU, também em curta nota, disse que aguarda a cessão do terreno pela prefeitura. “A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação aguarda ações da Prefeitura de São Caetano, como desapropriação de imóveis e licenciamento ambiental, para avaliar a construção de unidades habitacionais na área citada pela reportagem”.
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Seção: Política