
Publicado em 15/08/2023 - 08:45 / Clipado em 15/08/2023 - 08:45
Antigos moradores do edifício Di Thiene fazem ato na Câmara de SCS nesta terça
George Garcia
Os antigos moradores do edifício Di Thiene preparam manifestação prevista para acontecer na Câmara, nesta terça-feira (15/08) às 16 horas, durante a sessão legislativa. Eles querem cobrar do Legislativo e do Executivo medidas para resolver o problema habitacional das famílias que viviam no prédio que foi demolido em 2019, após a queda de uma laje. Segundo os moradores 120 famílias viviam no prédio que tinha também armazéns comerciais.
Na época do acidente que resultou, inicialmente na interdição do imóvel, uma força-tarefa entre prefeitura e Estado para tentar solucionar a demanda dos moradores, mas passados mais de três anos, as famílias se dizem desamparadas. No dia 8 de junho de 2019 uma laje desabou o que ocasionou a interdição do imóvel e em agosto daquele ano a justiça concedeu uma liminar para a prefeitura demolir o prédio, o que aconteceu em outubro.
A cabeleireira Dayse Santos, viveu 21 anos no Di Thiene, além da moradia ela tinha um salão de cabeleireiros e disse que pagava aluguel a uma imobiliária. Depois que foi forçada a desocupar o prédio, ela agora vive em uma pequena casa, junto com a filha, no bairro Fundação e o local é sujeito a enchentes. “Eu tinha o meu salão montado, pagava aluguel, pagava IPTU e tinha minha firma aberta com todas as contribuições em dia. Hoje moro numa casinha pequena com minha filha onde transformei a minha sala num pequeno salão, com uma cadeira usada e fiz um pequeno brechó para conseguir me sustentar”, conta.
“Aqui eu não durmo na época de chuva, a gente fica com medo, é um sofrimento. Lá no Di Thiene a gente não tinha isso. Ninguém nos ajuda hoje, nem a prefeitura nem o Estado. Na época o secretário (adjunto de Habitação), Fernando Marangoni disse que a gente ia ter preferência no prédio que a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano) ia fazer, mas para nossa surpresa ficamos sabendo agora que nem nossos nomes estão cadastrados lá, acho que aquilo tudo foi uma fachada”, desabafa a ex-moradora.
Leandro Gonçalves Montijo morou 10 anos no Di Thiene e hoje vive com a família fora de São Caetano, pagando aluguel. “Eu tive que sair porque o aluguel em São Caetano é muito caro. A gente recebeu auxílio-aluguel de R$ 400 por 18 meses, mas o que dá para alugar em São Caetano com esse valor? Nada. A prefeitura liberou uma área no bairro Prosperidade para a CDHU, mas essa área tem problemas, e não se falou mais nada, mas na época disseram que iam abrigar todo mundo. Eu mesmo larguei de ficar cobrando, não adianta brigar. As pessoas hoje estão espalhadas, cada um foi tentar a vida de outro jeito”, relata.
O ex-vereador e advogado Horácio Neto, que acompanhou as famílias desde o abrigo para onde foram levados inicialmente e depois a retirada delas do espaço público, disse que mais nada foi feito em favor das famílias que perderam seus lares da noite para o dia. “Não há nada sendo feito em termos de moradia, ao contrário, as famílias estão desassistidas. Porém os comerciantes que ocupavam aquele espaço movem uma ação contra a prefeitura. E nada foi feito no terreno, que virou um estacionamento, ou seja, o uso especulativo do imóvel”, aponta.
A prefeitura de São Caetano foi procurada para comentar o assunto, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.
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Seção: Política