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Publicado em 29/07/2023 - 08:17 / Clipado em 29/07/2023 - 08:17

Região tem desempenho negativo na geração de empregos em junho


George Garcia
 

O ABC não avançou no nível de emprego no mês de junho. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, a região teve um saldo negativo de 129 postos de trabalho, resultado das 31.903 admissões contra 32.032 demissões. Em junho de 2022 a situação era oposta, eram gerados naquele mês 3.188 empregos.

Para o doutor em economia e professor do curso de Administração do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) Ricardo Balistiero, os números não são tão graves e não há um motivo específico para se afirmar uma tendência de queda ou que os números do ABC venham a se descolar da média nacional que são positivos quanto ao mercado de trabalho.

Cinco das sete cidades fecharam o mês com saldo positivo, porém o número total da região não cresceu por conta de dois municípios; Santo André e São Caetano puxaram o nível de emprego para baixo. Chamou atenção Santo André, que é a segunda em estoque de empregos na região, com 204.522 trabalhadores com carteira assinada, ficar com desempenho negativo no saldo de vagas ocupadas; -179. Com isso a variação do emprego no mês de junho ficou em – 0,09% na cidade.

São Caetano, a terceira na região em número de empregados (108.759), teve o pior desempenho das sete cidades, fechando o mês com -824 vagas, ou seja, mais demissões que contratações. Com isso o nível de emprego na cidade caiu 0,75% no mês.
Ricardo Balistiero, do IMT, considera que os empregos gerados no setor de serviços não compensam os empregos perdidos na indústria. (Foto: Divulgação)

Na outra ponta, a cidade com maior saldo de empregos no mês foi Diadema, com 419 postos de trabalho. No município foram contratados 3.415 trabalhadores em junho e demitidos 2.996. A variação perante o estoque de empregos na cidade subiu 0,47% no mês. A inauguração de dois atacarejos, no mês passado, ajudou nesta somatória.

Em segundo lugar vem Ribeirão Pires com saldo de 322 empregos no mês, que refletiram na maior variação sobre o total de empregados na cidade, chegando a 1,70%. Mauá foi a terceira cidade em saldo de empregos no mês de junho, quando a diferença entre admitidos e demitidos ficou em 93 postos de trabalho, que representaram um crescimento da massa de trabalhadores em 0,14% naquele mês.

Rio Grande da Serra gerou 36 vagas, com variação de 1,40% sobre o total de empregados e São Bernardo, que é a maior empregadora da região com estoque de 262.069 trabalhadores, ficou muito perto de um saldo zero; foram apenas quatro postos de trabalho na diferença entre as contratações e demissões.

Segundo Ricardo Balistiero o cenário brasileiro e de geração de empregos e não há nada que diga que a região está na contramão desse ritmo. “Acontece que o emprego está sendo puxado pelo Agronegócio que está crescendo enquanto que os setores de serviços e indústria estão parados. Na indústria automotiva e sua cadeia, só vemos layoff, férias coletivas e estoques muito grandes”, comenta o professor do IMT.

 

 

O economista considera que as perspectivas são boas para o segundo semestre e aposta que o ABC vai inverter a situação. “Com a redução da taxa Selic para o segundo semestre a indústria passa a reagir, pois até agora a política do Banco Central tem dado certo. Os números (negativos) não são tão elevados e tem como reverter. Se não fosse a política de incentivo para a venda de automóveis estaríamos em situação pior quanto às demissões. Tudo indica que não teremos mais pacotes de incentivos, mas a queda da Selic ativa o crédito, vai vender mais carro e o ABC vai ser afetado positivamente”, analisa.

Balistiero também comentou sobre o processo de desindustrialização do ABC e o grande número de supermercados e atacarejos abertos na região nos últimos anos. Para a troca de empregos industriais para os do setor de serviços não é bom para a região. “

Os atacarejos são bem vindos claro, mas a indústria é a que gera empregos de mais qualidade. Um atacarejo não substitui uma indústria, pois ele pega aquela parcela de empregos de menor qualificação e salário mais baixo. O crescimento desse ramo é um fenômeno bem interessante, mas não compensa a saída das empresas. A região tem boas universidades e já está na hora do poder público e as indústrias se unirem a elas para atrair novas indústrias. A saída de Ford, Toyota, e o fechamento de postos de trabalho na Bridgestone, são sinais de que se nada for feito a região pode se tornar uma cidade dormitório. Temos hotéis que estão às moscas, o transporte precisa ser modernizado, o governo do Estado já deveria ter entregue o BRT prometido, esse é o tipo de obra que atrai investimentos”, completa.

 

https://www.reporterdiario.com.br/noticia/3294434/

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Seção: Economia