
Publicado em 27/05/2023 - 12:31 / Clipado em 27/05/2023 - 12:31
Cidades “seguram” vacina BCG para garantir que não haja perda de doses
George Garcia
Os casos de tuberculose continuam ocorrendo com frequência no ABC e a prevenção pelas vacinas está mais difícil por conta dos lotes que chegam em número reduzido e que fazem com que os municípios reservem dias certos para essa imunização. A ideia é que não ocorra perda de conteúdo dos frascos já abertos. Somente os municípios de São Bernardo, Santo André e Diadema informaram os números de casos da doença; foram 645 casos confirmados no ano passado e neste ano já são mais 193 casos só nestas três cidades.
A vacina BCG, usada para prevenção das formas mais graves da tuberculose e também na redução de sintomas em casos de hanseníase, vem em frascos com 20 doses. Se abrir um tem que usar tudo logo para não perder. A prefeitura de Diadema reserva um dia nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) para essa vacinação. Esta semana o empresário Carlos Generoso, levou o filho recém-nascido na unidade Centro por duas vezes e não conseguiu vacinar a criança. Revoltado ele gravou um vídeo em frente ao posto médico.
“Fui na UBS na segunda-feira (22/05) para vacinar o meu filho, peguei senha, me fizeram aguardar por mais de uma hora e quando chegou minha vez na sala de vacinação disseram que a BCG só é dada às quintas-feiras à partir das 10h. Então porque é que fizeram a gente esperar? Porque não informaram isso na recepção?Na quinta-feira faltei ao trabalho e voltei na UBS às 10h para meu filho ser vacinado, chegando lá disseram que o horário já tinha passado e que também não tinha mais vacina. Fiquei muito revoltado”, narrou Generoso ao RD.
A repercussão do vídeo feito pelo empresário foi grande nas redes sociais. Tanto que ele foi contatado pelo secretário municipal de Saúde, Zé Antonio da Silva e pela diretora da UBS Centro. “Eles foram muito bacanas comigo, mas o fato é que o pessoal da unidade é mal educado e não sabe dar informação certa. Veja, eu perdi o dia de trabalho e meu filho não foi vacinado”, critica. Generoso levou o filho à unidade de saúde na Vila Missionária, em São Paulo, onde o seu outro filho tem ficha de atendimento e conseguiu vacinar a criança.
Em nota, a administração diz que não há falta do imunizante e que no caso do empresário, quando ele chegou não havia mais vacinas disponíveis naquele dia. “No caso relatado, o responsável compareceu em horário posterior e, devido à alta procura no dia, todas as doses já haviam sido aplicadas. A gerente da unidade entrou em contato com o responsável pela criança e esclareceu o ocorrido. Ela está à disposição do usuário para quaisquer outras dúvidas que possam surgir. A vacina está disponível para todos os nascidos vivos, preferencialmente antes de completar 30 dias. Em 2022, Diadema atingiu a cobertura vacinal de 93,34%. Neste ano, até o mês de abril, a cobertura está em 75,67%”, diz em nota. Na cidade foram 192 casos de tuberculose em 2022 e neste ano já são 48.
Em Santo André é a mesma situação. A prefeitura diz que as doses da vacina demoram a chegar porque são importadas pela Opas (Organização Panamericana de Saúde) e o processo de liberação alfandegária é moroso. “Por conta do recebimento menor que o solicitado, o município adotou a estratégia de otimizar o frasco, que contém 20 doses, e realizar a vacinação em todas as unidades uma vez por semana. A vacina é realizada sem agendamento e atende, em grande parte, o público do serviço privado. Todos os recém-nascidos no Hospital da Mulher, recebem a vacina antes da alta hospitalar. Além disso, as unidades realizam busca ativa e avaliação do cartão vacinal na visita domiciliar e primeira consulta de puericultura”, disse a prefeitura andreense em nota. A cidade registrou, em 2022, 256 casos de tuberculose na rede municipal de saúde e 73 casos em 2023, até o momento.
Em Ribeirão Pires as vacinas são ministradas às terças-feiras. “A prefeitura de Ribeirão Pires informa que a vacina BCG não está em falta no município. A única unidade que aplica essa dose é a UBS Centro, apenas as terças-feiras. Devido o frasco da vacina ser multidose”, explica a administração. A cidade teve seis casos de tuberculose neste ano e a prefeitura não informou o número de 2022.
Em São Caetano é necessário agendamento para tomar a BCG. “As crianças que nascem nas maternidades públicas recebem a vacina antes da alta hospitalar. Para quem nasce em maternidades particulares são abertas agendas semanais porque os frascos contêm 20 doses e, por orientação do Ministério da Saúde, os municípios devem centralizar a vacinação para que não haja desperdício”, explica a prefeitura que diz não ter lista de espera. “São vacinados de 40 a 50 bebês que nascem por mês em nossa maternidade. Além disso, realizamos agendamentos semanais para quem nasce nas maternidades privadas, cerca de seis por semana”, completou a prefeitura que não informou quantos casos de tuberculose teve entre o ano passado e este.
A prefeitura de São Bernardo diz que não há falta do imunizante e que não há necessidade de agendamento. “A cobertura vacinal contra a doença (tuberculose) é de 76%. O público-alvo é composto por bebês recém-nascidos até crianças de 15 anos. No ano passado, 197 casos de tuberculose foram registrados no município. Neste ano, são 48 casos confirmados”, diz nota da prefeitura sambernardense.
Mauá e Rio Grande da Serra não informaram.
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Seção: Saúde