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 Site Valor Econômico - São Paulo/SP

Publicado em 22/05/2023 - 19:24 / Clipado em 22/05/2023 - 19:24

PSDB perdeu a conexão com a sociedade, afirma dirigente de SP


Prefeito de São Caetano do Sul e dirigente municipal do PSDB, José Auricchio Júnior avalia migrar para o PSD no segundo semestre

 

Por Cristiane Agostine, Valor — São Paulo

 

 

No comando de São Caetano do Sul, no ABC paulista, José Auricchio Júnior é um dos prefeitos paulistas do PSDB que avaliam deixar o partido. Auricchio é presidente do diretório tucano no município e negocia a migração para o PSD no segundo semestre, em meio a insatisfações com os rumos da atual legenda. Na avaliação do dirigente, o PSDB perdeu a conexão com a sociedade e enfrenta uma crise interna, com embates entre o diretório de São Paulo e o nacional.

Em seu quarto mandato como prefeito de São Caetano do Sul, cidade com 146,7 mil eleitores, Auricchio está filiado ao PSDB há cerca de dez anos. O tucano tem boa relação com Geraldo Alckmin, vice-presidente da República, ministro, ex-governador e ex-tucano. Em 2013, foi nomeado secretário estadual de Esportes na gestão Alckmin em São Paulo.

O tucano, no entanto, está descontente com o partido. “Sou militante antigo e me entristece muito essa realidade vivida pelo PSDB”, diz Auricchio. "O PSDB perdeu a conexão com a sociedade", avalia o dirigente paulista.

Nas eleições de 2022, o PSDB perdeu a hegemonia de 28 anos no comando do governo de São Paulo. O então governador Rodrigo Garcia (PSDB) foi derrotado pelo atual governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Desde então, o partido tem registrado no Estado a saída de dezenas de prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e pré-candidatos às eleições de 2024, rumo a legendas ligadas ao governo estadual, como o PSD, PL, Republicanos e PP. Até Alckmin tem atraído lideranças do PSDB para seu partido, o PSB.

Auricchio avalia que a derrota de Alckmin na disputa pela Presidência em 2018 foi um dos indicativos de que o partido estava se distanciando dos eleitores. Naquela eleição, Alckmin, então filiado ao PSDB, recebeu apenas 4,76% dos votos e ficou em quarto lugar, registrando o pior desempenho eleitoral dos tucanos em uma eleição presidencial. “Foi um resultado emblemático”, diz o prefeito. “O recado foi dado já naquela eleição, mas o partido não ouviu. Não entendeu a mudança no perfil da sociedade”, diz, lembrando da vitória de Jair Bolsonaro (PL) naquela eleição.

Para o dirigente tucano, outro problema enfrentado pelo partido e que ajuda a entender a crise da legenda em São Paulo foi a saída de Alckmin do PSDB, em dezembro de 2021, depois de desentendimentos com o ex-governador João Doria. “Alckmin foi avalista de Doria e esse rompimento gerou um grande abalo”, diz.

No fim de 2021, a prévia nacional do PSDB, que colocou em campos opostos Doria e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, atual presidente nacional do partido, aprofundou a crise tucana. “Gerou uma zona de conflitos e deixou cicatrizes irreparáveis”, afirma o prefeito, que votou em Doria na eleição interna.

Doria ganhou a prévia, mas desistiu de concorrer à Presidência por falta de apoio do partido. Meses depois, saiu do PSDB. Leite, ao assumir o comando nacional da legenda, adiou as convenções, que trocariam os dirigentes, de fevereiro para o segundo semestre. A ação foi vista como uma forma de o governador ganhar tempo para articular a eleição de seus aliados. Além disso, tucanos que apoiaram Doria queixam-se de terem sido isolados. “Foi um grande equívoco do governador”, diz Auricchio. “A democracia interna sempre foi um valor muito importante para o PSDB”.

O presidente nacional do PSDB, no entanto, diz ter adiado as convenções com aval da Executiva partidária.

Auricchio afirmou que vai continuar no PSDB até o fim de seu mandato como presidente do diretório de São Caetano do Sul, previsto para acabar em agosto, quando será feita a convenção. Depois, seguirá para o PSD do secretário estadual Gilberto Kassab, presidente nacional do partido. “Kassab é meu amigo antigo”, diz.

 

Saída a conta-gotas

No começo de 2022, o PSDB administrava 40% das cidades paulistas, com cerca de 250 prefeitos. O diretório paulista diz ter 210 prefeitos, mas o número não é preciso porque o PSDB-SP não tem dados atualizados.

O presidente do PSDB paulista, Marco Vinholi, minimiza a crise e diz que o “o PSDB tem uma história muito forte” e “quadros com grande capacidade”, como o governador Eduardo Leite e o ex-governador Rodrigo Garcia. “Tenho certeza de que o PSDB sairá fortalecido de 2024. Vejo o Eduardo com todas as condições de construir a unidade partidária e ser um protagonista importante no cenário político nacional”, diz. “No PSDB estamos unidos buscando a construção coletiva sempre.”

 

 José Auricchio Júnior (à dir.) e Gilberto Kassab — Foto: Divulgação/Secretaria de Comunicação - São Caetano do Sul

 

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