
Publicado em 14/05/2023 - 08:52 / Clipado em 14/05/2023 - 08:52
Sensível queda nos roubos e furtos de veículos no ABC não anima especialistas
George Garcia
O primeiro trimestre de 2023 trouxe pequena redução no número de roubos e furtos de automóveis no ABC, se comparado com o mesmo período do ano passado. A queda foi de 5,2% nos roubos e 2,2% em furtos, porém esses índices ainda não demonstram tendência de queda, Especialistas ouvidos pelo RD dizem que é preciso mais tempo para essa redução se consolidar e ser tendência, como antes da pandemia da covid-19. Levantamento feito por seguradora aponta o contrário, que houve aumento dos crimes na região se comparados os dois períodos.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado, no primeiro trimestre de 2022 foram roubados 1.494 carros no ABC, quase um terço deles, 500 ocorrências, registradas somente em São Bernardo. Nos primeiros três meses deste ano foram 1.416, queda de 5,2%. Em São Caetano a queda foi bastante significativa, foram 68 casos nos três meses iniciais do ano passado e neste ano foram 27, a queda foi de 60,3%. Na contramão estão Rio Grande da Serra, teve alta de 20% e Diadema de 17,4%.
Quanto aos furtos, que é quando o motorista só percebe que o carro foi subtraído quando chega ao local que havia estacionado, a queda foi menor. Em 2022 foram 2.547 automóveis, contra 2.491 no primeiro trimestre deste ano, queda de 2,2%. Nos dois períodos analisados Santo André é a cidade onde se tem a maior chance de se ter um veículo furtado, foram 1.186 casos de janeiro a março do ano passado, contra 1.061 o primeiro trimestre deste ano, apesar do número alto esse delito teve queda de 10,5% na cidade. Na direção oposta novamente Diadema desponta com o crescimento dos crimes, com alta de 23,8% dos furtos de veículos, seguida de Ribeirão Pires que registrou alta de 22,9%.
Para o delegado de polícia David Pimentel Barbosa de Siena, que também é professor de Direito Penal e coordenador do Observatório de Segurança Pública da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), a comparação com 2022 traz um problema porque os números do ano passado estavam muito altos, se observados os de 2020 e 2021 períodos mais críticos da pandemia em que a circulação de pessoas nas ruas foi muito menor e, consequentemente, menos crimes ocorreram. “O ano de 2022 foi terrível quanto às estatísticas criminais e eu já analisava que não era um momento de desespero porque estávamos voltando à normalidade porque em 2021 ainda estávamos com muita coisa fechada e a maioria trabalhando em home office. No ano passado o crime que acontece na rua ela subiu inegavelmente e agora a gente tem indicadores caindo, ou seja, a pandemia comprometeu 2022, mas não compromete mais 2023”.
Siena considera que ainda é muito cedo para considerar que há uma tendência de queda nos crimes de roubo e furto de veículos. “Eu prefiro esperar. Pode ter sido uma situação isolada essa queda, então temos que ter prudência e esperar, pelo menos, mais uns dois ou três trimestres para afirmar que estamos num viés de queda”.
Motivos
Para o especialista em segurança pública, o que pode explicar uma tendência de queda nos números de roubos e furtos de automóveis no Estado de São Paulo, na última década, que só teve oscilação positiva no ano passado, é o ataque às causas, ou seja, ao mercado clandestino de peças que vieram de veículos roubados ou furtados. “Desde 2014 temos a Lei dos Desmanches, que é uma lei estadual que eu considero muito boa, que regulamentou o comércio de peças e já nos primeiros anos de vigência, tivemos uma tendência de queda. De 2020 a 2022 eu nem considero por causa da pandemia. Agora é que vamos saber se teremos de volta a tendência de queda, se isso vai se confirmar em 2023”, analisa o professor da USCS.
Outro motivo levantado pelo coordenador do Observatório de Segurança Pública para a tendência de queda que vinha se verificando até a chegada da pandemia, é a implementação das barreiras eletrônicas na região, principalmente nas divisas das cidades, o sistema Detecta, composto por câmeras que fazem a leitura das placas dos veículos e cruzam com o banco de dados da polícia. “Boa parte das cidades da região contam com cercas eletrônicas, como a gente chama. Hoje, se as câmeras identificam se aquela placa tem queixa de roubo ou furto é feito um alerta para o sistema. É claro que o Detecta não faz nada sozinho, mas ajuda porque tendo um operador que monitora as imagens e assim passa as informações para as polícias. Isso permite elucidar mais crimes contra o patrimônio”, conclui Siena.
Divergência
Se os números oficiais da Secretaria de Segurança Pública paulista apontam queda, de acordo a Ituran, os números mostram o contrário. A seguradora e rastreadora de veículos fez um levantamento do ABC a pedido do RD. Considerando a somatória de roubos e furtos no comparativo com o mesmo período do ano passado houve aumento de 5,8% nas ocorrências.
Segundo Rodrigo Boutti, gerente de operações da Ituran, não existe, ao menos por enquanto, a observação de uma tendência de queda. “Não conseguimos enxergar tendência de queda em nossos números, até porque os números da grande São Paulo só aumentam e pela proximidade das cidades, naturalmente acompanharão o cenário”, analisa.
O levantamento da Ituran mostra que quatro cidades do ABC estão no Top 10 das que registram os maiores números de roubos e furtos de veículos no Estado, sendo que Santo André é a vice líder neste tipo de crime, perdendo apenas para a Capital. São Bernardo vem em quinto lugar, Mauá aparece em sétimo e Diadema aparece na oitava posição neste ano. O gerente de operações da Ituran deu dicas para evitar ser uma vítima de furto de veículo, já que o crime de roubo, que é quando há violência e o bandido ameaça a vítima, é mais difícil de se prever. “Para evitar furto a principal dica é manter o veículo em um ambiente protegido e com seguro, os estacionamentos. Evitar estacionar o veículo na rua e principalmente em locais onde os motoristas deixam os carros por longos períodos, como perto de estações de metrô ou trem, terminais de ônibus, hospitais, escolas e faculdades”, orienta Boutti.
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Seção: Polícia