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 Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP

Publicado em 09/05/2023 - 18:40 / Clipado em 09/05/2023 - 18:40

Alunos e funcionários ficam sem água no Pq.Botânico de São Caetano


De acordo com denúncias de funcionários, nova gestão interrompe abastecimento alegando corte de gastos; Prefeitura não se manifestou sobre o caso

 

Renan Soares
do Diário do Grande ABC

 

Alunos e visitantes do Parque Botânico e Escola de Ecologia Jânio da Silva Quadros, em São Caetano, sofrem com falta de água no equipamento. Segundo denúncias, nos dois últimos meses, a gestão do espaço interrompe o abastecimento a partir das 12h, o que afeta a distribuição de água no local, referência em educação ambiental na região.

Durante visitas realizadas, ontem e na última sexta-feira, pela equipe de reportagem, foi constatada a falta de água no parque nos dois dias. De acordo com funcionários que trabalham no local, mas preferiram não se identificar, a prática virou rotina após a posse da nova diretora do parque.

Conforme o disponibilizado no Diário Oficial de São Caetano, no dia 1° de fevereiro, Maria Vitória foi nomeada para o cargo de diretora da Divisão de Desenvolvimento Ambiental do município, sendo alocada para realizar a função dentro do Parque Botânico e Escola de Ecologia Jânio da Silva Quadros.

Segundo áudio enviado por funcionários, que afirmaram ser de reunião realizada na última semana com a diretora, a mulher confessa que a água é fechada entre 12h e 13h, e retorna apenas “por volta das 8h do dia seguinte”. Na gravação, Maria Vitória alega que “o consumo de água no parque está excessivamente alto” devido a vazamentos, e que será necessária a instalação de uma nova rede de água, porém não há previsão de início de obras. “Estão esperando a oportunidade para começar”, afirma.

No local, quando há dois períodos de visita no dia, cerca de 120 crianças passeiam no parque. De manhã, o tour é das 9h às 11h, e à tarde, a visitação ocorre das 14h às 16h. Na monitoria guiada por professores, as crianças percorrem o local, visitam as hortas e conhecem diversas espécies de plantas e animais, com informações sobre a flora e fauna da Mata Atlântica. Além do passeio, os estudantes se alimentam no parque, utilizam o banheiro e os bebedouros distribuídos pelo local.

“Essa questão das crianças foi a que mais me pegou, pois o local recebe pessoas de outra cidade. Tem que ter água, é um pequeno sistema ecológico. A privação do direito a água potável é um crime trabalhista, é um desrespeito a toda a comunidade, aos munícipes, aos educandos,a os trabalhadores e às crianças”, disse um dos funcionários.

Segundo o colaborador, houve orientação para os alunos levarem garrafas de água nos próximos passeios no período da tarde. “Estamos falando de uma cidade rica, que precisa de investimento. Vai cortar a água? Então primeiro coloquem caixas-d’água e garantam condições para que a escola de ecologia receba as crianças, visitantes e funcionários”, afirma outro servidor.

A Divisão de Desenvolvimento Ambiental, da qual Maria Vitória é diretora, é um órgão municipal que regula as ações de gestão ambiental e está situada no próprio Parque Botânico, sendo uma das três divisões do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental), responsável pela cobrança de água no município.

Além das crianças, a falta de água no período da tarde afeta também os colaboradores do Saesa. A área de repouso dos trabalhadores, localizada em um dos pontos do parque, sofre com o desabastecimento na pia e nos banheiros. Além disso, durante visita do Diário ao local, foi constatado fiações expostas.

Para Marcos Poliszezuk, advogado especialista em relações do trabalho, a situação infringe a NR (Norma Reguladora) 24, além dos incisos V e VII do artigo 200 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

"A resolução NR 24 fala que é dever da empresa fornecer aos seus empregados a água durante seu horário de trabalho. Ela não tem autorização, pela lei, de interromper o fornecimento. No mínimo, esse local vai ficar o que chamamos de insalubre. Ela está infringindo, sim, a legislação trabalhista”, afirma o especialista.

Procurada, a Prefeitura de São Caetano não respondeu os questionamentos sobre o fechamento da água no parque até o fechamento desta edição.

 

https://www.dgabc.com.br/Noticia/3972515/alunos-e-funcionarios-ficam-sem-agua-no-pq-botanico-de-sao-caetano

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