
Publicado em 31/03/2023 - 19:33 / Clipado em 31/03/2023 - 19:33
Cidades do ABC iniciam busca ativa por casos de tuberculose
Por Redação
A semana é marcada por uma série de ações dos municípios do ABC contra a tuberculose. Causada por uma bactéria que atinge principalmente os pulmões, a doença contamina 70 mil pessoas no Brasil e gera, em média, 4,5 mil mortes todos os anos. Foi pensando nisso que, em 2017, o Ministério da Saúde criou o plano nacional Brasil Livre da Tuberculose, cujo objetivo é, até 2035, reduzir 90% o número de casos e 95% o total de óbitos ocasionados pela doença – com base nos dados de 2015. No ABC, as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema organizaram propostas que duram até o final deste mês.
De acordo com a Secretaria de Saúde de Santo André, entre as iniciativas da Prefeitura para conter a Tuberculose, estão um novo fluxo de liberação de remédios contra a bactéria, o que gerou um maior controle e redução no desperdício de medicamentos. O município registrou 70 casos da doença apenas neste ano, no entanto, houve uma redução no número de 2021 para 2022: foram 260 no ano retrasado e 256 no ano anterior.
Em relação ao plano nacional Brasil Livre da Tuberculose, que hoje está na sua segunda fase, planejada para durar de 2021-2025, a Secretaria de Saúde ressalta medidas como coordenar campanhas de busca ativa, atualizar o fluxo de internações em hospitais de longa permanência e monitorar as comunidades terapêuticas do município. Entretanto, em 2021, Santo André registrou 80 casos a mais do que no ano de 2020.
Já São Bernardo teve um aumento de 47 casos entre 2021 e 2022, os 251 registros no ano passado são um número expressivo, pois é o índice mais elevado desde 2006. Assim como as outras prefeituras, a Secretaria de Saúde da cidade intensificou a busca ativa e as orientações sobre a doença. Até o dia 31 de março, as 33 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) locais promovem palestras e a coleta do muco da tosse.
Após o aumento de casos em 2021, em São Caetano, a cidade tem seguido o plano nacional Brasil Livre da Tuberculose fornecendo imunobiológicos e tratamento para a infecção latente, quando a bactéria está no corpo mas não evoluiu para a doença. Assim como nos outros municípios, a busca ativa também é realizada com pacientes que apresentam sintomas respiratórios.
No caso de Diadema, a prefeitura iniciou uma busca por casos de tuberculose entre os 15 e 28 deste mês. As equipes das 20 UBSs da cidade seguem de casa em casa para incentivar o exame para pessoas que estão com tosse há mais de três semanas, um dos principais indicativos da doença. Isso porque houve um aumento de 49 casos entre 2021 e 2022, de 143 para 192.
DIAGNÓSTICO – A gestora de negócios Josiana Costa, 26, apresentou os primeiros sintomas em fevereiro de 2020, mas só foi receber o diagnóstico de tuberculose no ano seguinte. “Sentia muitas dores no peito e nas costas, uma tosse persistente, não conseguia comer absolutamente nada, chegava até a vomitar”. Após vários exames, Josiana foi diagnosticada com a doença. “Fiz um tratamento de seis meses, sem esquecer nem um dia sequer, todos os dias era ao mesmo horário”. A gestora de negócios comenta que a maior dificuldade ainda é o medo da doença retornar. “As pessoas tinham medo de ficar próximas a mim, mesmo eu já tendo três meses de tratamento, isso também foi muito difícil”, diz Josiana.
No caso da aposentada Célia Martinez, 75, que é moradora de Santo André, tudo começou com uma falta de ar. “Fui internada e precisei ir para a UTI, fiquei uma semana sendo tratada com antibióticos e outros medicamentos”, ainda após os remédios, houveram mais 15 dias recebendo cuidados em casa. A maior dificuldade de Célia ainda hoje são os medicamentos de uso contínuo e o BiPAP, um compressor de ar utilizado para tratamento de doenças pulmonares.
A pneumologista Maria Natália Marques comenta que a tuberculose pode agir em diversos órgãos, mas geralmente afeta o sistema respiratório. “No pulmão, por exemplo, ela causa lesões que chamamos de cavernas, o que pode gerar dano estrutural, muitas sequelas e sintomas sem possibilidade de melhora, além do risco de outras infecções por outros micro-organismos.”
A especialista reforça que o contágio ocorre pelo ar e o tratamento é feito exclusivamente por remédios disponibilizados pelo SUS. “Ele é baseado no uso de antibiótico e o tempo pode variar, sendo no mínimo de seis meses. Deve ser feito com o acompanhamento direto das equipes das unidades de saúde, para evitar a desistência ou uso incorreto das medicações”.
Segundo o pneumologista Felipe Marques, os principais problemas são a fácil transmissão e resistência aos medicamentos, o que torna o tratamento longo e prolongado. “A doença age no organismo causando uma infecção nos pulmões que pode se espalhar para outras partes do corpo, como ossos, rins e cérebro”, de acordo com o especialista, a enfermidade é altamente contagiosa e é transmitida de pessoa para pessoa por meio do ar.
Marques conta que existem vários tipos de tuberculose, as pulmonares, que ocorrem no pulmão, as extrapulmonares, que acometem outros órgãos e, por último, a tuberculose miliar, uma forma grave da doença que se espalha para todo o corpo causando múltiplas lesões nos órgãos. O especialista também acrescenta que o tratamento vai de seis meses a um ano. “A escolha dos medicamentos e a duração do tratamento dependem do tipo de tuberculose, da gravidade dos sintomas e da resistência aos remédios”, comenta.
De acordo com o pneumologista, um médico especializado é essencial para que o paciente tenha o tratamento bem sucedido. “O acompanhamento geralmente envolve visitas regulares ao pneumologista para avaliar o progresso do tratamento, monitorar a resposta do paciente aos medicamentos, além de realizar exames físicos e testes de laboratório”.
Marques diz que o diagnóstico para a tuberculose envolve uma combinação de exames para detectar a presença da bactéria no organismo, como o exame que detecta a doença no muco produzido pela tosse, um raio-x do tórax e o teste tuberculínico. “Esse teste é realizado através da injeção de uma pequena quantidade de proteína da bactéria da tuberculose sob a pele do antebraço. Se a pessoa já foi infectada, a área injetada pode ficar vermelha e inchada dentro de 48 a 72 horas”.
PREVENÇÃO – Para Marques, as formas mais importantes de prevenção são a vacinação e a preservação de ambientes bem ventilados. “A vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) é proteção contra a tuberculose e é considerada uma das vacinas mais amplamente utilizadas em todo o mundo. Ela é eficaz na prevenção da tuberculose em crianças e pode reduzir a incidência da doença em até 80%”, ainda assim, o pneumologista comenta que a eficácia pode variar de acordo com a idade e da região geográfica em que é administrada.
*Esta reportagem foi produzida por estagiários da Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo.
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Seção: Cidades