
Publicado em 02/02/2023 - 17:10 / Clipado em 02/02/2023 - 17:10
Especialistas apontam novas soluções para o combate às enchentes
Carlos Carvalho
A chuva é uma tradição das estações quentes no Brasil. Mas com elas também aparecem alagamentos, enchentes e inundações. O solo impermeabilizado, a falta de vazão de córregos e rios são motivos recorrentes destes problemas. O RDtv promoveu nesta quinta-feira (02/02) um debate sobre as soluções possíveis para tentar reduzir os danos ou acabar com os mesmos.
O matemático Eurico de Marcos Jardim, morador da rua Laura, em Santo André, sofre desde 1986 com as consequências dos temporais. Foram tantas vezes que inundações ocorreram na vida que Eurico virou um assíduo leitor da previsão do tempo e quase um “especialista” sobre a possibilidade de cair ou não uma chuva forte.
“Quando nós fomos surpreendidos (pela primeira vez) imaginamos. ‘Temos que conversar com o Poder Público e temos que criar barreiras para que essa água não volte a entrar’. Mas a primeira vez que entrou perdemos todo o carpete da casa. Na segunda vez perdemos móveis e hoje já perdemos a paciência, já perdemos o controle dos nervos, porque basta chover e já entramos em pânico”, detalha.
O adensamento populacional e a construção de edifícios residências e comerciais na região em que mora fizeram com que Eurico conhecesse um lado mais “desumano” da história, principalmente quando não vê a ajuda de pessoas que avistam outras sofrendo com tal situação.
O professor e gestor do curso de Arquitetura e Urbanismo da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Enio Moro Junior, explicou que existem muitas soluções para conseguir acabar com o problema, mas nem sempre entram na pauta das áreas afetadas.
“Existem instrumentos, existem técnicas, tecnologias para o enfrentamento dessa questão, mas ainda está em segundo plano no debate, infelizmente. Para o enfrentamento dessa questão temos algumas coisas estruturais, que até são importantes de alguma maneira, mas o que é importante e não há nenhuma política pública são as soluções locais, que são fantásticas”, disse o especialistas.
Entre essas soluções estão a construção de jardins de chuva, pequenos espaços que poderiam ser criados nas esquinas e que podem fazer o processo de drenagem até o lençol freático, assim criando áreas permeáveis para que o solo possa absorver a água.
Outra solução é buscar aumentar as áreas permeáveis, se utilizando de técnicas como colocar gramas em parte das calçadas e dedicar 20% dos espaços de prédios e residências para que se tenham áreas permeáveis. E mesmo os chamados bueiros inteligentes, que podem ajudar a vazão desta água para outros locais.
Isso não significa que as chamadas “soluções tradicionais”, como os piscinões, não tenham sua importância. “O piscinão é uma alternativa, não adianta dizer que não. Mas o piscinão traz esses outros problemas que você tem uma grande área utilizada, impermeabilizada de certa forma, que você acaba usando em poucos momentos do ano. Você acaba prejudicando o visual, não é bonito urbanisticamente falando. Uma área morta que poderia ter um uso melhor, mas é sim uma solução existente para essas situações de alagamentos”, explica Priscila Bolcchi, engenheira ambiental e de segurança no trabalho.
Enio, inclusive, relembrou que existe um piscinão subterrâneo embaixo da Praça Charles Muller, de frente para o estádio municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, na Capital. O especialista aponta a necessidade de criar nesses espaços áreas de lazer que poderiam ser utilizados nos momentos de seca.
Veículo: Online -> Site -> Site Repórter Diário - Santo André/SP
Seção: RDtv, Cidades