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 Site Diário do Grande ABC - Santo André/SP

Publicado em 28/12/2022 - 16:20 / Clipado em 28/12/2022 - 16:20

Entidades apoiam professores de São Caetano contra mudanças em oficinas culturais



Organizações destacam que alterações na grade curricular podem prejudicar ensino de estudantes da rede municipal


Beatriz Mirelle



A Opae (Organização Paulista de Arte Educação), Faeb (Federação de Arte-Educadores do Brasil) e o Instituto de Artes da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio De Mesquita Filho) prestaram apoio aos professores de arte da rede municipal de São Caetano e solicitaram retorno da Secretaria de Educação da cidade em relação ao pedido de diálogo dos profissionais às alterações feitas nas oficinas curriculares das escolas municipais de tempo integral. As mudanças envolvem a distribuição de horas de ensino nas linguagens de artes cênicas, artes visuais, dança, música, além de reestruturações nos HPTCs (horários de trabalho pedagógico coletivo) de formação. Até o momento, a Seeduc não se posicionou a respeito do tema.

“Endossamos essa manifestação pública defendida pelos professores de artes do município de São Caetano por entendermos as medidas anunciadas podem descaracterizar as experiências das crianças nas linguagens artísticas em um município até então considerando como um exemplo no que se refere ao acesso de estudantes às diferentes modalidades artísticas”, ressaltou a Faeb em carta enviada para Minéa Paschoaleto Fratelli, secretária de educação da cidade. Também há necessidade de defender tempos e espaços de aprendizagem da arte no currículo das escolas nacionais com a presença de especialistas. 

Já a Opae reiterou a necessidade de conversa entre a Seeduc e os profissionais da educação sobre as novas possibilidades de grade curricular. “Manifestamos apoio para que haja diálogo reconsiderando e revisando as decisões tomadas pela própria Secretaria de Educação. Não podemos esquecer da importância do ensino da arte para a educação básica e que são esses profissionais que mais entendem o seu ofício [...] portanto é necessário que sejam ouvidos”, declarou em documento direcionado para Minéa Fratelli.

A carta da Unesp foi assinada pelos professores doutores Carminda André, Katthya de Godoy, Marianna Monteiro, Rejane Coutinho e Rita Bredariolli. Nela, os docentes se colocam à disposição para tratar do caso. “Expressamos nosso estranhamento ao modo como esta secretaria está realizando as modificações das oficinas curriculares das escolas em tempo integral e aos horários de HPTCs formativos vinculados ao Cecape (Centro de Capacitação dos Profissionais da Educação Dra. Zilda Arns).”

Em entrevista ao Diário, professora que preferiu não ser identificada comentou sobre a apreensão dela e dos colegas de trabalho sobre essas alterações. Agora, as aulas poderão ser dadas por professores P1 (aqueles de sala de aula) ou P2 (especialistas) com temas desvinculados ao currículo vigente. A diretoria de cada escola pode escolher quais serão as matérias ofertadas e a carga horária. “As aulas de teatro, que antes eram duas vezes por semana, podem ser reduzidas para uma vez. Música e esportes também. Tem escola que pode dar essas disciplinas para o primeiro e segundo ano, outras para o terceiro até o quinto ano”, diz professora. 

Os docentes questionam os critérios de seleção sobre os conteúdos que serão lecionados. “Quando foi criada uma matriz híbrida, todos os componentes eram considerados do mesmo valor. Quando se faz agora uma distinção entre os obrigatórios e as oficinas que podem ser escolhidas, cria-se uma hierarquia de importância entre elas”, reforçam na carta.

Com essas distinções, um aluno pode ser beneficiado com aulas de teatro em uma escola integral da rede municipal, já outro estudante não. De acordo com a professora, se uma criança pedir transferência e a grade curricular do outro local for diferente, ela pode enfrentar dificuldades para acompanhar as aulas, algo que não aconteceria com a padronização da grade. 

“Se a diretoria não gostar de algum professor, vai ter a liberdade de cortar a disciplina. Soubemos de professores de teatro que a direção tirou as aulas e eles precisaram ser realocados. Se tem mais de um docente da mesma matéria e há redução de carga horária, um deles ficará sem turma. Tem pessoas que não se importam porque já estão com as aulas do ano que vem garantidas, mas e daqui três anos? Vemos um sucateamento educacional.” Questionadas novamente pelo Diário, a Seduc e a Prefeitura de São Caetano não responderam.


https://www.dgabc.com.br/Noticia/3911952/entidades-apoiam-professores-de-sao-caetano-contra-mudancas-em-oficinas-culturais

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Seção: Setecidades