Clipclap

Aguarde ...

 Site Metrópoles - Brasília/DF

Publicado em 30/11/2025 - 10:10 / Clipado em 01/12/2025 - 10:10

Tratamento potencial dribla resistência em câncer infantil agressivo


Pesquisa australiana identifica estratégia que ajuda tumores infantis resistentes a responder melhor ao tratamento

 

Ravenna Alves

 

Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Garvan de Pesquisa Médica, na Austrália, aponta uma possível forma de tornar o tratamento do neuroblastoma mais eficaz em casos de recaída.

Esse tipo de câncer infantil é raro, agressivo e apresenta um dos piores prognósticos entre tumores pediátricos. Quando há recidiva, nove em cada 10 crianças não sobrevivem, cenário que torna urgente a busca por novas estratégias terapêuticas.

Os cientistas identificaram uma combinação de medicamentos capaz de atingir células tumorais que desenvolveram resistência à quimioterapia padrão.

Os resultados foram obtidos em modelos animais e publicados na revista Science Advances na última sexta-feira (28/11), indicando que um fármaco já aprovado para outros tipos de câncer pode ativar vias alternativas de morte celular, mesmo quando os mecanismos mais comuns deixam de funcionar.

 

Como o tumor se torna resistente

O neuroblastoma nasce de células nervosas presentes nas glândulas suprarrenais ou ao longo da coluna, e costuma ser diagnosticado em crianças muito pequenas.

Enquanto os casos de baixo risco têm ótimas chances de cura, metade dos pacientes recebe o diagnóstico já em estágio avançado. Uma parcela não responde aos tratamentos iniciais e muitos dos que respondem enfrentam a volta do tumor.

Para entender o motivo dessa resistência, os pesquisadores compararam amostras de tumor coletadas no diagnóstico e no momento da recidiva.

Eles observaram que muitos quimioterápicos dependem de um mesmo mecanismo celular para induzir a morte das células doentes. Esse mecanismo, conhecido como via JNK, falha em tumores reincidentes, o que reduz drasticamente a eficácia do tratamento.

Com o achado, a equipe buscou medicamentos que agissem por caminhos diferentes, capazes de matar as células cancerígenas mesmo quando a via habitual está bloqueada.

 

A combinação que mostrou potencial

Os cientistas analisaram uma lista de medicamentos já aprovados com dados de segurança pediátrica. Entre eles, a romidepsina se destacou por agir contra células de neuroblastoma independentemente da via JNK. Em colaboração com o Instituto de Câncer Infantil, eles testaram a associação entre esse fármaco e a quimioterapia convencional em modelos animais.

A combinação reduziu o crescimento dos tumores e aumentou o tempo de sobrevida dos animais em comparação ao tratamento isolado. Também permitiu o uso de doses menores de quimioterapia sem perda de eficácia, o que abre a possibilidade de reduzir efeitos colaterais, um fator essencial em pacientes pequenos.

Apesar dos resultados promissores, os pesquisadores afirmam que ainda é preciso aprofundar os estudos. O próximo passo envolve ajustar esquemas de administração e testar a segurança da combinação antes de considerar estudos clínicos.

 

https://www.metropoles.com/saude/tratamento-dribla-resistencia-cancer-infantil

Veículo: Online -> Site -> Site Metrópoles - Brasília/DF