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Portal Estadão

Publicado em 18/11/2025 - 09:54 / Clipado em 19/11/2025 - 09:54

4 sintomas surpreendentes de câncer, segundo um oncologista


Embora sejam raros e incomuns, eles devem motivar uma consulta médica

 

Por Mikkael A. Sekeres (The Washington Post)

 

Como oncologista, atendo pacientes que relatam tanto sintomas comuns quanto incomuns. Os sintomas mais frequentemente ligados a um diagnóstico de câncer, como era de se esperar, refletem a incidência dos tipos mais prevalentes da doença no mundo. Entre eles estão: sentir um nódulo na mama, sintomas urinários, mudança nos hábitos intestinais ou tosse crônica — que podem, respectivamente, indicar câncer de mama, próstata, cólon ou reto, ou pulmão.

Mas há também sintomas menos conhecidos que podem indicar um câncer subjacente. A seguir estão quatro sinais surpreendentes que devem motivar uma avaliação médica. É importante lembrar que esses sintomas são raros e incomuns — nem todo incômodo é câncer.

Se você estiver aflito com algum sintoma novo, procure um médico, que poderá dizer se há motivo de preocupação.

 

Dor em um linfonodo após beber álcool

Atendi uma paciente há alguns anos que me contou sentir dor no peito por um ou dois dias sempre que tomava uma taça de vinho. Uma tomografia de tórax revelou uma grande massa nos pulmões e, de fato, a biópsia confirmou que era linfoma de Hodgkin.

Muitas pessoas sentem dor ou irritação após beber álcool na parte inferior do peito ou no abdômen, devido à inflamação do esôfago ou do estômago — condições chamadas esofagite ou gastrite, que muitas vezes melhoram com antiácidos ou inibidores da bomba de prótons. Mas dor em uma área específica do corpo que ocorre de forma consistente após a ingestão de álcool — como em um linfonodo ou na região lombar — pode ser sinal desse tipo de câncer.

Em um estudo, esse fenômeno foi observado em pelo menos 5% das pessoas diagnosticadas com linfoma de Hodgkin. Acredita-se que a dor ocorra devido à dilatação dos vasos sanguíneos no linfonodo provocada pelo álcool ou pela liberação de substâncias inflamatórias.

 

Osso quebrado com trauma mínimo

Já quebrei alguns ossos ao longo da vida, seja caindo de bicicleta em alta velocidade ou participando de atividades esportivas para as quais eu não era exatamente o atleta que imaginava ser. Embora a densidade e a força dos ossos diminuam com a idade — levando a cerca de 2 milhões de fraturas relacionadas à osteoporose por ano nos Estados Unidos —, fraturas com pouca provocação são raras, especialmente em adultos jovens.

Esses tipos de fratura podem, em alguns casos, indicar a presença de um câncer subjacente. O câncer que começa ou se espalha para o osso pode enfraquecer sua estrutura, levando a fraturas “patológicas”. Aproximadamente 5% dos casos de câncer envolvem o osso. Entre pessoas com câncer ósseo, cerca de 8% sofrem fraturas patológicas. Esses tipos de fraturas têm 500 vezes mais probabilidade de ocorrer devido à disseminação de outro câncer para o osso do que por um câncer primário ósseo.

Os cânceres mais comuns que se espalham para o osso têm origem na mama, pulmão, tireoide, rim e próstata. Cânceres que atingem o osso podem ser identificados por meio de radiografias, tomografias, ressonâncias magnéticas ou cintilografias ósseas.

 

Níveis de cálcio muito altos

Várias condições podem causar níveis elevados de cálcio, como anormalidades da glândula paratireoide, hipertireoidismo ou até certos medicamentos. No entanto, em um estudo com mais de 50 mil pessoas em um consultório de atenção primária, aquelas com níveis altos de cálcio apresentaram mais que o dobro do risco de serem diagnosticadas com câncer no ano seguinte, em comparação com pessoas com níveis normais — embora o número total de diagnósticos de câncer tenha sido baixo. O risco aumentava proporcionalmente com a elevação do cálcio.

Pessoas com níveis altos de cálcio devido a câncer geralmente apresentam sintomas relacionados a esse desequilíbrio: dor por causa de cálculos renais ou nos ossos, náusea ou constipação, e alterações de comportamento, incluindo mudanças de humor ou disfunções cognitivas.

Os cânceres mais comuns que causam hipercalcemia incluem certos tipos de câncer de pulmão, mama, rim, bexiga, ovário, linfoma e mieloma múltiplo, seja pela secreção de um hormônio, seja pela destruição óssea que libera cálcio na corrente sanguínea.

 

Seios doloridos, inchados ou com secreção

Uma condição benigna chamada mastite pode causar dor, inchaço ou coceira nos seios, sendo mais comum em pessoas que estão amamentando. A mastite é um processo inflamatório doloroso que pode exigir atenção médica, mas não é câncer.

Se você não está amamentando e apresenta esses sintomas, isso pode ser sinal de câncer de mama inflamatório, que representa de 2% a 4% dos casos de câncer de mama nos Estados Unidos. O início pode ser rápido e é caracterizado por alterações na pele conhecidas como peau d’orange, em que a pele da mama fica com aspecto semelhante à casca de laranja. Se isso acontecer, procure um médico — e, se tratamentos como compressas frias, anti-inflamatórios não esteroides ou antibióticos (que normalmente funcionam para mastite) não resolverem, pode ser necessária uma biópsia da mama.

A maioria dos episódios de secreção mamilar também é benigna: entre as pessoas que passam por cirurgia para investigar a causa, apenas de 2% a 15% apresentam câncer de mama subjacente. As causas mais comuns de secreção incluem mastite, gravidez, desequilíbrios hormonais ou até lesões. No entanto, a secreção é mais propensa a estar associada ao câncer quando ocorre em apenas uma mama, de forma intermitente e persistente ao longo do tempo.

Lembre-se: todos nós nos preocupamos quando surge uma dor nova ou quando um exame de sangue sai fora do normal, temendo que possa indicar algo grave, como câncer. Na maioria das vezes, sintomas como esses têm causas inofensivas. Ainda assim, é importante procurar seu médico para descartar qualquer problema mais sério.

Dr Mikkael A. Sekeres é chefe da Divisão de Hematologia e professor de Medicina no Sylvester Comprehensive Cancer Center, da Universidade de Miami. É autor dos livros When Blood Breaks Down: Life Lessons from Leukemia e Drugs and the FDA: Safety, Efficacy, and the Public’s Trust.

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