Publicado em 13/11/2025 - 09:25 / Clipado em 14/11/2025 - 09:25
Quatro sintomas desconhecidos que podem indicar um câncer
- Comuns e nem sempre malignos, sinais como dores, secreções e mal-estares aparecem em casos oncológicos
- Saiba como diferenciá-los e quando procurar um médico
Mikkael A. Sekeres
The Washington Post
Os sintomas mais comumente associados a um diagnóstico de câncer refletem as taxas de incidência dos cânceres mais prevalentes no mundo.
Sentir um nódulo na mama, dores no trato urinário, uma mudança nos hábitos intestinais ou uma tosse crônica são alguns exemplos. Sintomas que podem, respectivamente, sinalizar cânceres de mama, próstata, cólon ou reto, ou pulmão.
Mas existem sintomas menos conhecidos que também podem indicar um câncer. Raros e incomuns, eles nem sempre configuram a doença. Assim, se algum desses sintomas aparecer, o ideal é procurar um médico para ter certeza de que é algo a se preocupar.
Dores nos linfonodo após consumo de álcool
Muitas pessoas sentem dor ou irritação na parte inferior do peito ou no abdômen após ingestão de álcool. Isso ocorre devido a inflamações nessas regiões.
Cuidei de uma paciente há anos que me disse sentir dor no peito durante um ou dois dias após beber uma taça de vinho. Uma tomografia computadorizada do tórax revelou uma grande massa em seus pulmões, e uma biópsia diagnosticou um linfoma de Hodgkin.
É comum que pessoas experimentem dor ou irritação estomacais após consumo de álcool. Muitas vezes, esses incômodos podem ser resolvidos com antiácidos, por exemplo. Contudo, a dor em uma área discreta do corpo pode ser um sinal desse câncer.
Em um estudo, o fenômeno foi encontrado em pelo menos 5% das pessoas diagnosticadas com linfoma de Hodgkin. Acredita-se que a dor seja devido à dilatação dos vasos sanguíneos no linfonodo pela ingestão do álcool ou pela liberação de substâncias químicas inflamatórias.
Os linfonodos estão localizados por todo o corpo, concentrados principalmente logo abaixo da pele do pescoço, nas regiões das axilas e na virilha.
Osso quebrado com facilidade
Quebrei vários ossos ao longo da minha vida, por cair de uma bicicleta em alta velocidade, por exemplo.
Embora a densidade e a força óssea possam diminuir com a idade, levando a aproximadamente 2 milhões de fraturas relacionadas à osteoporose anualmente nos Estados Unidos, uma fratura com pouca provocação é rara, particularmente em adultos jovens. Esses tipos de fraturas podem, em alguns casos, indicar um câncer.
O câncer que começa ou se espalha para o osso pode enfraquecer sua resistência do osso, levando a fraturas patológicas. Cerca de 5% dos cânceres envolvem o osso. Entre pessoas com essa condição, aproximadamente 8% sofrem uma fratura patológica.
Esses tipos de fratura têm 500 vezes mais probabilidade de ocorrer devido ao câncer que se espalha para o osso, em comparação com um câncer que surge no próprio osso.
Cânceres envolvendo os ossos podem ser identificados usando raios-X, tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas ou cintilografias ósseas.
Níveis muito altos de cálcio
Várias condições podem levar a esse quadro, como anormalidades da glândula paratireoide, hipertireoidismo ou mesmo a ingestão de certos medicamentos. No entanto, em um estudo com mais de 50 mil pessoas em uma prática de atenção primária, aquelas com níveis elevados de cálcio também tinham mais do que o dobro do risco de serem diagnosticadas com câncer no ano seguinte, quando comparadas àquelas com níveis normais.
Segundo o estudo, o risco de diagnóstico aumenta na medida em que os níveis de cálcio também são mais elevados.
Pessoas com níveis altos de cálcio devido ao câncer geralmente têm sintomas como dor de cálculos renais e nos ossos do esqueleto, náusea ou constipação, e distúrbios comportamentais, incluindo mudanças de humor ou função cognitiva alterada.
Os cânceres mais comuns que causam níveis elevados de cálcio incluem o de pulmão, mama, rim, bexiga, ovário, linfoma e mieloma múltiplo. Isso ocorre em função de uma secreção de um hormônio, ou pela destruição de ossos e liberação de cálcio na corrente sanguínea.
Mamas doloridas e inchadas ou secreção mamilar
Uma condição benigna chamada mastite pode causar mamas doloridas, inchadas ou com coceira, e é mais comum em pessoas que estão amamentando. Trata-se de um processo inflamatório doloroso e que pode exigir atenção médica, mas não é câncer.
Contudo, se você não está amamentando e experimenta esses sintomas, pode ser um sinal de câncer de mama inflamatório, que representa 2 a 4% dos casos nos EUA.
O início pode ser rápido e é tipificado por alterações na pele chamadas peau d'orange, nas quais a pele da mama muda e se assemelha à superfície ligeiramente irregular da casca de uma laranja. Se isso acontecer, consulte um médico. Se tratamentos como compressas frias, medicamentos não esteroides ou antibióticos (que geralmente funcionam para mastite) não forem bem-sucedidos, uma biópsia da mama pode ser necessária.
A maioria dos episódios de secreção mamilar também é benigna: entre as pessoas que se submetem à cirurgia para essa condição, apenas 2 a 15% são diagnosticadas com um câncer de mama subjacente.
A secreção é mais provável de ser causada por câncer, no entanto, quando ocorre em apenas uma mama, é intermitente e persiste ao longo do tempo.
Lembre-se de que todos nós nos preocupamos com uma nova dor ou exame de sangue fora do normal. Geralmente, sintomas como esses indicam diagnósticos relativamente inofensivos, no entanto, um contato com o médico para descartar algo mais perigoso é útil nesses casos.
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