Publicado em 06/11/2025 - 10:19 / Clipado em 07/11/2025 - 10:19
IA e novas estratégias para o SUS são destaques na FISweek25 no Rio
Primeiro dia do evento sobre inovação em saúde destaca as novas tendências para automatizar prontuários médicos e aponta caminhos para modernizar a rede pública
Por Estadão Blue Studio
Avanços em inteligência artificial para automatizar prontuários médicos, novas linhas de financiamento do governo federal para modernizar a rede de saúde e estratégias inovadoras de compra de medicamentos de alto custo para o SUS estiveram entre os principais temas discutidos no primeiro dia do FISWeek25 — o Festival de Inovação, Criatividade e Tendências da Saúde — e do Rio Health Forum.
Os dois eventos, realizados simultaneamente no centro de convenções ExpoRio Cidade Nova, no Rio de Janeiro, seguem até sexta-feira, 7. Promovida pela Iniciativa FIS, maior comunidade de saúde da América Latina, a programação reúne representantes do governo, de empresas e de instituições de pesquisa para debater soluções tecnológicas e políticas públicas para o setor.
O Fisweek25 reúne empresas, startups e entidades do setor de saúde para expor suas inovações e trocar experiências por meio de debates com autoridades e executivos da área. Durante os três dias haverá mais de 300 painéis, com a participação de aproximadamente 700 palestrantes, em 14 palcos distribuídos pelo ExpoRio. O número de participantes é recorde: 11 mil pessoas, 4 mil a mais do que na edição do ano passado. As startups participantes também passaram de 150 em 2024 para 180 neste ano.
O Rio Health Forum (RHF), por sua vez, reúne autoridades da área da saúde para debater um tema único que varia a cada edição - desta vez é “Construindo um Sistema Integrado e Sustentável na Saúde”.
Novas estratégias para o SUS
Participaram da abertura do RHF, entre outras autoridades, o ministro da Saúde substituto, Adriano Massuda, que ocupa o cargo enquanto Alexandre Padilha está em viagem oficial pelo exterior; o diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle; o presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Mario Moreira; a secretária de Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad; o ex-ministro da Saúde e presidente do RHF, Nelson Teich; a secretária estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Claudia Mello; o secretário municipal de Saúde do Rio, Daniel Soranz, e o presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro e do Conselho Estratégico da Iniciativa FIS, Josier Vilar, idealizador do evento.
Em entrevista à imprensa após a solenidade, Massuda falou sobre a compra sigilosa de medicamentos de alto custo pelo SUS: “Hoje a gente lida com medicamentos que estão num patamar de preços que ameaça a sustentabilidade do sistema de saúde brasileiro. E são medicamentos importantes, que trazem ganhos terapêuticos, então nós temos que construir mecanismos que deem transparência para os auditores controlarem a compra, mas que possam não publicizar (divulgar o preço do remédio), porque isso tem um impacto na dinâmica de mercados globais, pois um determinado valor serve de parâmetro global. A gente está em discussão com o TCU (Tribunal de Contas da União) para que possamos ter ampliação da oferta de medicamentos de qualidade, com segurança jurídica e transparência”, disse, sem estipular um prazo para a adoção do novo sistema.
Massuda também destacou o projeto “Agora Tem Especialistas” e a expansão das Carretas do SUS, unidades de saúde móveis que circulam por lugares com falta de médicos. Uma das carretas está no complexo do Alemão, onde em 28 de outubro ocorreu uma operação policial que terminou com a morte de mais de 120 pessoas. Segundo o ministro, a carreta vai continuar lá.
Em vídeo previamente gravado e veiculado durante a solenidade, o titular do Ministério da Saúde, Alexandre Padilha, falou sobre o Fundo de Investimentos em Infraestrutura de Saúde (FIIS-Saúde), que vai disponibilizar R$ 20 bilhões em crédito subsidiado para financiar obras, aquisição de equipamentos e veículos na área da saúde.
O diretor-presidente da Anvisa, Leandro Safatle, afirmou durante seu discurso na abertura do RHF que em breve vai anunciar “medidas ousadas” para reduzir a fila de espera para registro inicial ou de alterações em medicamentos que aguardam análise técnica para comercialização. Mas não deu nenhum detalhe sobre o teor das orientações que serão adotadas.
Já a abertura do Fisweek25 foi prestigiada pelo presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Carlos Caiado; pelo presidente da TurisRio, Sergio Ricardo; pela CEO da fisweek, Manuela Melo; pelo CEO da Iniciativa Fis, Rodrigo Vilar; por Sidney Levy, presidente da Invest.Rio; e pelo analista técnico do Sebrae Aguinaldo Dantas, entre outras autoridades.
Os debates promovidos no primeiro dia do Fisweek25 tiveram a participação de personalidades da área da saúde, como o ex-ministro da pasta José Gomes Temporão, que debateu se “É Possível Acelerar o Acesso à Inovação na Saúde para Todos, com Viabilidade Financeira?”
Alexandre Kalache, ex-diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) e presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil (International Longevity Centre Brazil – ILC-BR) esteve no painel “O Fim do Bônus Demográfico e os Desafios do Mercado da Saúde”.
O painel “O que é Acesso à Saúde?” reuniu Gonzalo Vecina, professor da USP, ex-presidente da Anvisa e um dos idealizadores do SUS, e Giovani Cerri, presidente do Conselho InovaHC, além de Josier Vilar e Nelson Teich.
Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, protagonizou a palestra “Como a Sociedade Civil pode Ajudar a Aumentar o Acesso à Saúde”, que teve Josier Vilar como moderador.
Automatização de prontuário médico
Em outro painel foi debatido o uso da inteligência artificial nas diversas áreas da medicina. “Trabalhamos com inteligência artificial de diferentes formas: incentivamos nossos colaboradores a utilizarem essas ferramentas em atividades rotineiras, desenvolvemos internamente soluções aplicadas ao nosso core business e contamos com parceiros externos em áreas específicas, como o jurídico”, afirmou Gian Lucchesi, diretor de Tecnologia da Qualicorp, maior administradora de planos de saúde do Brasil.
Ainda sobre IA, a multinacional MV, quinta maior desenvolvedora de prontuários eletrônicos de pacientes do mundo e participante da Fisweek25 com um estande, já oferece aos clientes uma plataforma de inteligência artificial que permite aos médicos não escrever mais em prontuários. “Nós temos o objetivo de que, em no máximo dois anos, todo médico (com acesso a esse sistema) não digite mais nada no prontuário. Ele possa conversar com o paciente e ter toda essa conversa estruturada no prontuário, só gerando os comandos finais. Vai ser uma revolução”, prevê o diretor corporativo de Mercado e Cliente da MV, Jeferson Sadocci.
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