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Publicado em 27/10/2025 - 09:40 / Clipado em 28/10/2025 - 09:40

Novos Caminhos no Tratamento de Tumores Desafiadores: Destaques do Congresso Europeu de Oncologia


Avanços na oncologia apontam novos caminhos para tratar tumores agressivos


Fernando Maluf

 

A ciência segue avançando em busca de novas respostas contra o câncer, especialmente em tumores mais agressivos, que ainda desafiam os tratamentos tradicionais. Durante o Congresso Europeu de Oncologia (ESMO 2025), realizado em Berlim, pesquisadores de todo o mundo apresentaram resultados que trazem esperança para pacientes com câncer de pâncreas e tumores cerebrais, doenças conhecidas por seu comportamento difícil e ainda poucas opções terapêuticas eficazes.


Câncer de pâncreas: uma nova esperança

Pesquisadores apresentaram em Berlim resultados animadores com novas drogas que bloqueiam uma mutação chamada KRAS, a mais comum nesse tipo de tumor e responsável por cerca de metade dos casos de câncer de pâncreas. Essa mutação está ligada ao crescimento mais rápido do câncer, à maior capacidade de invasão e à formação de metástases.

As novas medicações, conhecidas como drogas anti-KRAS, foram testadas em pacientes que já haviam passado por outros tratamentos e mostraram resultados promissores, com o controle da doença e redução do tamanho do tumor em boa parte dos casos.

Os resultados mostraram que aproximadamente metade das pacientes apresentou redução significativa do tumor, com boa tolerância ao tratamento. Embora o estudo ainda esteja em fase inicial, o achado representa um passo importante, já que aponta a possibilidade de uma terapia personalizada, direcionada ao perfil genético do tumor. É um avanço muito relevante em um campo onde as opções ainda são limitadas e cada novo passo pode significar mais tempo e qualidade de vida para os pacientes.
 

Tumores cerebrais: uma aplicação inédita da terapia celular

Outra área de destaque no congresso foi o estudo de cânceres cerebrais, os gliomas de alto grau ou glioblastomas. Esses tumores têm opções de tratamento, mas elas costumam trazer resultados modestos e o risco de recidiva é alto.

Uma das pesquisas mais comentadas trouxe uma nova estratégia com células CAR-T, tipo de imunoterapia celular já utilizada com sucesso em leucemias, linfomas e mielomas. Agora, essa técnica foi testada em tumores sólidos do cérebro.

O estudo, conduzido por um grupo de pesquisadores coreanos, incluiu 10 pacientes com glioblastoma recorrente, que receberam uma injeção de células CAR-T diretamente dentro do tumor. Os resultados foram animadores: 70% dos indivíduos tiveram controle da doença, e três apresentaram redução significativa do tumor, com resposta duradoura.


Esses dados sugerem que o uso de terapias celulares pode se tornar, no futuro, uma nova alternativa para pacientes com neoplasias cerebrais agressivas.


Um novo horizonte

Tanto no câncer de pâncreas quanto nos tumores cerebrais, esses estudos mostram que a oncologia está abrindo novos caminhos para controle e cura. São resultados iniciais, mas que indicam a possibilidade de mudar o curso de doenças que até hoje têm prognóstico muito desafiador.

Esses avanços apresentados na ESMO 2025 reforçam o poder da pesquisa científica e o quanto ela pode transformar o cuidado com os pacientes, trazendo esperança e novas perspectivas em áreas que mais precisam de inovação.

*Dr. Fernando Maluf é médico oncologista, cofundador do Instituto Vencer o Câncer e professor livre-docente da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

 

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