Publicado em 20/10/2025 - 10:45 / Clipado em 20/10/2025 - 10:45
Aliada dos profissionais de saúde, inovação é oportunidade para humanizar atendimento
Novas tecnologias ajudam a agilizar diagnósticos, desburocratizar rotinas e garantem mais tempo para o médico se dedicar ao paciente
Os avanços tecnológicos têm transformado a área da saúde. Diagnósticos mais rápidos e assertivos, tratamentos personalizados e maior facilidade na descoberta de medicamentos que proporcionam qualidade de vida às pessoas são apenas algumas das vantagens da tecnologia na vida de um médico.
Mas, para muitos, é a chance de tornar os atendimentos mais humanizados.
Com o desenvolvimento de ferramentas que ajudam a desburocratizar o trabalho diário, a expectativa é que os profissionais de saúde tenham mais tempo para o olho no olho e para uma escuta ativa.
Já existem, por exemplo, algoritmos capazes de transcrever consultas, sintetizar e preencher prontuários, tirando da rotina do médico a necessidade de digitar ou reler uma enorme quantidade de dados.
"Reduzindo essa atividade burocrática e repetitiva do trabalho médico, o profissional pode ficar menos sobrecarregado e dedicar mais tempo ao paciente. Existem questões humanas que não são substituíveis pela Inteligência Artificial, como a criatividade, o humanismo e a relação médico-paciente", afirma o presidente do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Giovanni Guido Cerri.
Segundo especialistas em saúde, o cuidado humanizado melhora o bem-estar emocional do paciente, ajuda em sua recuperação física e é importante para um diagnóstico e um tratamento mais precisos, já que muitas respostas para as queixas da pessoa que busca atendimento não são, necessariamente, encontradas nos resultados de exames.
A tecnologia, alertam, deve ser vista como uma aliada, e não como uma barreira entre médico e paciente.
A escuta e a empatia devem ser centrais, sem a redução da pessoa doente a dados de exames.
"Um atendimento mais humanizado contribui diretamente para a adesão ao tratamento e para a recuperação clínica. Quando o paciente se sente ouvido e compreendido, tende a seguir melhor as orientações médicas e a confiar mais no processo de cuidado", diz Eliezer Silva, diretor-executivo de sistemas de saúde do Hospital Israelita Albert Einstein.
O Einstein está em fase de implementação de um programa que escuta o atendimento clínico e preenche os prontuários de maneira automatizada.
Dessa forma, o médico consegue conversar de maneira mais fluida e com foco total no paciente, sem ter que cortar o contato visual para digitar no computador.
"O risco de um atendimento menos atento surge quando a tecnologia é usada sem o devido equilíbrio. Por isso, a organização mantém protocolos e treinamentos que garantem que a inovação caminhe ao lado da humanização. A tecnologia é um instrumento para potencializar o cuidado, não para substituí-lo", afirma Silva.
A IA tem se mostrado um potente aliado da Medicina em diversas frentes.
Os algoritmos usados em exames como ressonância magnética, por exemplo, têm incrementado não só a precisão dos diagnósticos como impactado diretamente no conforto dos pacientes.
No Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por exemplo, o uso de IA reduziu o tempo gasto nas ressonâncias magnéticas em até 40%. "Conseguimos realizar mais exames sem a necessidade de construir novas salas, gastando menos energia elétrica, sendo mais produtivos e sustentáveis, ao mesmo tempo em que melhoramos a experiência do paciente, que fica menos tempo na máquina", explica Cesar Higa Nomura, diretor de Medicina Diagnóstica do Sírio-Libanês.
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