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Publicado em 08/08/2025 - 10:08 / Clipado em 08/08/2025 - 10:18

Brasil busca protagonismo global na oncologia


Com pesquisa, inovação e articulação entre os setores, País pode avançar para um novo patamar no cuidado com o câncer


Por Estadão Blue Studio
 

Nos últimos anos, o Brasil tem se tornado um hub importante em pesquisa oncológica, com instituições como o Einstein Hospital Israelita, reconhecido como o melhor hospital em Oncologia da América Latina e o 19º melhor do mundo pelo ranking World’s Best Specialized Hospitals, da revista Newsweek, que tem se destacado por liderar avanços em medicina de precisão e pesquisa clínica.

O desafio, no entanto, ainda exige uma combinação de investimento em pesquisa, políticas públicas eficientes, colaboração entre os setores e ampliação do acesso com equidade. Para debater este cenário, o Einstein promoveu o painel “Como consolidar o Brasil entre as referências globais no tratamento de câncer” durante o evento Retratos do Câncer.

Para Rodrigo Gobbo, diretor médico do Centro de Medicina Intervencionista do Einstein, os avanços esbarram em desigualdade no acesso aos tratamentos, obsolescência do parque tecnológico, baixa integração de dados e falta de qualificação profissional. “O Brasil precisa deixar de ser acanhado, abandonar o complexo de vira-lata e mostrar que tem potencial de avançar para uma medicina de ponta”, afirmou.

Neste contexto, a pesquisa clínica passa a ser uma estratégia promissora para ampliar o acesso às novas tecnologias. “Ainda há um percentual muito pequeno de estudos clínicos em oncologia com participação relevante de pacientes brasileiros. Isso poderia acelerar a chegada das inovações ao País”, disse Vanessa Teich, diretora de Transformação da Oncologia e Hematologia do Einstein. Ela também destacou a necessidade de ampliar o apoio dos centros de excelência ao setor público e de investir na formação de médicos e equipes multiprofissionais.

Para Fernando Moura, gerente médico do Programa de Medicina de Precisão, também do Einstein, a participação do Brasil no desenvolvimento de estudos clínicos pode colocar o País em outro patamar. “Só assim conseguiremos atingir índices de curabilidade comparáveis aos de países desenvolvidos.”

Acesso com equidade

O País já sobressai em iniciativas como o Programa de Medicina de Precisão, mas a incorporação das inovações ainda ocorre de forma desigual entre os setores. “O tempo de chegada de uma tecnologia no setor privado e no SUS é completamente diferente. Precisamos de soluções para ampliar o acesso com equidade”, pontuou Vanessa.

Ela também destacou a fragmentação dos sistemas e a dificuldade de articulação entre os setores. “Hoje, temos dados e soluções que não se conversam. Para avançarmos, é fundamental estabelecer uma base nacional que integre informações, com indicadores claros de acesso, eficácia e sustentabilidade.”

Transformação digital

A digitalização dos processos é uma das chaves para personalizar o cuidado e melhorar os resultados clínicos e ferramentas como a inteligência artificial têm papel central nesse avanço. “Com a tecnologia conseguimos ampliar a análise de dados clínicos e genômicos, contribuindo para diagnósticos mais precisos e tratamentos personalizados”, explicou Moura. Ele citou a oncopediatria como exemplo: “A medicina de precisão pode reduzir o tempo para definição terapêutica e melhorar significativamente o prognóstico”.

Qualificação

A disseminação de novas tecnologias depende também da qualificação dos profissionais da saúde. Gobbo destacou o potencial das terapias locorregionais, como a radiologia intervencionista, que permitem tratar tumores de forma menos invasiva, com melhores taxas de recuperação. “Muitas dessas tecnologias ainda são pouco conhecidas ou pouco acessíveis fora dos grandes centros. É preciso democratizar o conhecimento e investir na formação de profissionais.”

Outro ponto de atenção é o envelhecimento da população, que exige uma medicina cada vez mais personalizada, que considere o paciente de forma integral. “Teremos cada vez mais pacientes idosos e complexos e precisamos considerar o indivíduo de forma integral.”

Para os especialistas, consolidar o Brasil como referência global em oncologia depende da integração entre setores, do fortalecimento da qualificação profissional e da adoção de políticas que garantam que a inovação chegue a todos, de forma equitativa e sustentável.

 

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