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Portal Estadão

Publicado em 22/07/2025 - 10:17 / Clipado em 23/07/2025 - 10:17

Colonoscopia: o que é e como é feito o exame que detecta câncer colorretal, como o de Preta Gil


Procedimento permite detectar precocemente alterações no intestino e remover pólipos que poderiam originar tumores


Por Layla Shasta

 

O câncer colorretal, tipo de tumor que acometeu a cantora Preta Gil, é o terceiro mais comum entre os brasileiros. Estima-se que anualmente mais de 45 mil pessoas no País sejam diagnosticadas com a doença, segundo o Ministério da Saúde.

Ele, contudo, é silencioso. Os primeiros sintomas podem demorar a aparecer. Por isso, realizar acompanhamento e exames periódicos é fundamental para a prevenção e o diagnóstico precoce.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), o diagnóstico envolve análise clínica, avaliação do histórico familiar, pesquisa de sangue oculto nas fezes e a realização da colonoscopia. A seguir, entenda como são esses exames.


O que é o câncer colorretal?

O câncer colorretal se desenvolve no intestino grosso, que inclui tanto o cólon quanto o reto.

A forma mais frequente desse tumor é o adenocarcinoma, responsável por cerca de 90% dos casos. Ele geralmente começa a partir de uma lesão benigna chamada pólipo adenomatoso, que cresce na mucosa do intestino.

“Um pólipo nada mais é do que uma massinha que nasce na superfície interna do cólon, e pode se desenvolver para um câncer colorretal”, resume João Fogacci, oncologista do aparelho digestivo da Oncologia D’Or.

Esse processo de transformação não acontece da noite para o dia. Estima-se que leve de cinco a dez anos para um pólipo de baixo risco virar um tumor maligno, o que abre uma janela importante para prevenção e diagnóstico precoce.

Vale destacar que nem sempre um pólipo vai se tornar um câncer. Ainda assim, descobri-lo é a melhor forma de evitar a doença. Para isso, é necessário realizar a colonoscopia, técnica mais precisa de detecção, considerada o padrão-ouro.

Antes, o exame era recomendado para a população a partir dos 50 anos. No entanto, com mais casos da doença entre pessoas mais jovens, hoje ele é indicado a partir dos 45, mesmo sem sintomas.


O que é colonoscopia?

A colonoscopia é um exame médico que permite visualizar o interior do intestino grosso e, em alguns casos, a parte final do intestino delgado.

O exame é feito com um aparelho fino e flexível, chamado colonoscópio, que tem uma câmera na ponta e permite que os médicos observem toda a extensão do cólon e do reto.


Como é feita a colonoscopia?

O exame envolve algumas etapas:

Preparo

Para que o médico consiga ver bem o interior do intestino, ele precisa estar completamente limpo, sem fezes. Por isso, dois a três dias antes do exame o paciente faz uma dieta leve e, na véspera e no dia do procedimento, toma laxantes. Além disso, no dia anterior ao procedimento, a dieta é restrita a líquidos claros, sem pedaços ou alimentos sólidos.

O exame

O paciente recebe uma sedação leve, por via intravenosa, para que fique relaxado e não sinta dor nem desconforto durante o exame.

Com o paciente sedado e confortável, a avaliação do cólon e do reto é realizada por meio do caminho natural do intestino grosso e parte da porção final do intestino delgado, permitindo a visualização de imagens da região em tempo real.

Caso o médico identifique a presença de pólipos, eles podem ser removidos ainda durante o exame, prevenindo o desenvolvimento de um possível tumor — outra vantagem da colonoscopia.

Segundo Fogacci, o exame simples dura cerca de 30 minutos, incluindo o tempo para a sedação. Em caso de retirada de pólipos, ele pode se estender mais 45 ou 60 minutos.

Caso o especialista encontre áreas com aspecto suspeito, pode recolher uma amostra para avaliação (biópsia). A partir daí, são analisadas as características do material retirado para diagnosticar se há riscos ou não.


Quando fazer colonoscopia?

A colonoscopia é indicada para todos a partir dos 45 anos, mas pessoas com risco aumentado de câncer colorretal podem precisar iniciar o rastreamento antes. Faz parte desse grupo quem tem histórico familiar da doença ou diagnóstico de condições como lipose adenomatosa familiar (FAP) e síndrome de Lynch.

Além disso, a triagem costuma ser solicitada pelos médicos quando o paciente apresenta sinais e sintomas persistentes que podem indicar algum problema no intestino, como:

  •     diarreia que não melhora;
  •     presença de sangue nas fezes ou sangramento pelo ânus;
  •     dores abdominais frequentes;
  •     perda de peso sem causa aparente;
  •     alterações no formato das fezes;
  •     mudanças importantes no funcionamento do intestino, como prisão de ventre ou aumento da frequência das evacuações.

Sinais de alerta para os mais jovens

As estatísticas do câncer colorretal têm englobado pessoas cada vez mais jovens. “Nas últimas três décadas, o surgimento da doença antes dos 50 anos subiu cerca de 45%”, estima o oncologista Virgílio Souza, vice-líder do Centro de Referência de Tumores Colorretais do hospital A.C. Camargo Cancer Center.

Por isso, o médico recomenda que os jovens fiquem atentos a sinais de alerta. O principal deles é não considerar automaticamente que todo sangramento intestinal é causado por hemorroidas, fissuras ou machucados simples. “Isso atrasa o diagnóstico”, diz.

Outro ponto que merece atenção é a anemia ferropriva. Quando não há uma explicação clara para a falta de ferro no sangue, ela pode ser um sinal de sangramento crônico e silencioso no trato gastrointestinal.


Quando refazer a colonoscopia?

Para pessoas sem fatores de risco e sem histórico familiar de câncer colorretal, o intervalo recomendado é de até 10 anos entre um exame e outro. Isso porque, em geral, um pólipo leva de 5 a 10 anos para evoluir para um câncer, o que permite esse espaçamento seguro no rastreamento.

Caso o exame apresente algum tipo de alteração, o médico que acompanha o paciente pode recomendar intervalos menores para reavaliação.
Podem ocorrer complicações durante o exame?

“A taxa de complicações é muito baixa”, diz Fogacci. Geralmente, o maior receio das pessoas costuma ser o medo de perfuração intestinal, “mas isso é extremamente raro”, segundo o médico.

Sangramentos também são incomuns, mas podem acontecer, especialmente quando se remove um pólipo.

Além disso, a sedação pode causar sonolência temporária, semelhante ao que acontece na endoscopia, e o hábito intestinal pode ser levemente alterado, voltando ao funcionamento normal aos poucos.
 

O rastreamento sempre envolve a colonoscopia?

Existem outros testes, mas a colonoscopia segue como o padrão-ouro.

Entre os exames não invasivos está a pesquisa de sangue oculto nas fezes, que é mais simples, porém menos eficaz.

Ele detecta principalmente tumores já existentes, e não lesões pré-cancerosas como os pólipos. “Então, ele não reduz tanto a incidência do câncer. Ainda assim, pode diminuir a mortalidade ao permitir um diagnóstico mais precoce”, diz Fogacci.

“O grande ponto é que o melhor exame de rastreamento é aquele que a pessoa realmente faz”, reflete o médico.


Tratamento

Segundo Souza, o tratamento do câncer colorretal depende de vários fatores, como a extensão do tumor, sua localização e as condições de saúde do paciente.

A cirurgia é a principal opção, principalmente quando o câncer está restrito a um local (localizado). Em alguns casos, a quimioterapia também é indicada.

Já para tumores no reto ou no ânus, a cirurgia não costuma ser a primeira opção no tratamento, mas pode ser realizada no seu decorrer.

Além disso, nos casos mais avançados, quando o câncer se espalhou para outras regiões (metástases), há diferentes abordagens para controlar a doença e aumentar o tempo de vida, baseadas na biologia molecular, imunoterapia e atuação de equipes multidisciplinares.

De acordo com a SBCO, em resumo, os tratamentos para câncer colorretal consistem na adoção dos seguintes pilares:

  •     cirurgia (convencional ou minimamente invasiva);
  •     radioterapia;
  •     quimioterapia;
  •     e/ou imunoterapia.

 

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