
Publicado em 25/06/2025 - 10:15 / Clipado em 03/07/2025 - 10:15
Qual o futuro do diagnóstico e do tratamento contra o câncer?
Em espaço do Einstein na Asco 2025, especialistas do hospital e de outras organizações de saúde de relevância internacional, como a Mayo Clinic, discutem avanços na oncologia
Por Hospital Israelita Albert Einstein
Tratamentos cada vez mais personalizados contra o câncer. Avanços e novas aplicações para medicina de precisão, terapias avançadas, biópsia líquida. Para apresentar o que há de mais promissor em diagnóstico e tratamento, o maior congresso de oncologia do mundo — o encontro da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) — reúne milhares de especialistas todos os anos em Chicago, nos Estados Unidos.
Neste ano, mais uma vez, o Hospital Israelita Albert Einstein levou para o centro do evento um espaço de debates em que especialistas do hospital e de outras organizações de referência global discutiram as perspectivas de mudança para tratar alguns tipos de tumor, e os desafios para tornar esses avanços mais acessíveis em todo o mundo.
“Sabemos que não existe câncer sem alterações no genoma de determinadas células do corpo, então tecnologias de diagnóstico genômico têm sido usadas de forma muito eficaz para aprimorar o diagnóstico do câncer”, afirmou Mitesh Borad, oncologista da Mayo Clinic (EUA) e especialista em medicina de precisão, em painel sobre o futuro da oncologia, promovido pelo Einstein.
Borad e Pedro Uson, oncologista do Einstein, discutiram como esses avanços são uma realidade nos EUA e no Brasil, mas também os obstáculos para o acesso a tratamentos personalizados. “Estratégias como a terapia gênica ainda são muito caras. Como elas podem se tornar mais acessíveis?”, questionou Uson. Para Borad, há um “ciclo natural da tecnologia” que precisa ocorrer para que o acesso a essas inovações seja expandido. “Nos próximos dois anos, a sequência de um genoma completo custará algumas centenas de dólares. Cerca de 20 anos atrás, sequenciar um único genoma custava milhões de dólares.”
PESQUISA E ACESSO
A dificuldade de acesso aos avanços terapêuticos também esteve presente no painel que debateu como trazer e incorporar as novidades em oncologia no Brasil. “Em um congresso como esse, vemos uma série de inovações lançadas e muitos estudos promissores, mas também encontramos dificuldades para levar essas tecnologias para os pacientes brasileiros por uma questão de acesso”, afirmou Vanessa Teich, diretora de transformação do Einstein.
A pesquisa clínica, no entanto, é uma forma de tornar as descobertas disponíveis num espaço de tempo menor. “Todas essas novas moléculas e novos mecanismos de ação precisam passar por ensaios clínicos, que avaliam essas terapias em pacientes para provar que são realmente eficazes e seguras”, disse Diogo Bugano, oncologista do Einstein, em um painel sobre o papel da pesquisa na oncologia.
“O que vemos é que quase todos os pacientes com doença em estágios avançados e que ainda estão vivos após 20 anos participaram de ensaios clínicos em algum momento, porque é uma oportunidade de obter o medicamento bem antes de estar disponível”, destacou Sumanta Pal, oncologista do City of Hope (EUA).
Andrey Soares, oncologista do Einstein, por sua vez, pontuou que, em muitos países, como o Brasil, a oferta de ensaios clínicos é bem menor que nos Estados Unidos. “Quando temos a opção de um ensaio clínico, podemos oferecer essas terapias inovadoras, às quais talvez o paciente não tivesse acesso ao longo do tratamento convencional”, observou.
PACIENTE NO CENTRO
A despeito de todos os avanços e das transformações da medicina, na opinião dos especialistas, manter a empatia e humanização é fundamental em todas as etapas do tratamento. Isso inclui, por exemplo, refletir sobre a qualidade de vida desse paciente ainda durante o tratamento.
“Ao longo dos anos, você vai percebendo que qualidade de vida para alguém que vai ter que lidar com a doença por um tempo acaba sendo mais importante do que o tempo de vida”, disse Gustavo Schvartsman, oncologista do Einstein. “A pessoa não quer viver sofrendo, indo para o hospital, tendo efeitos colaterais.”
Petros Grivas, oncologista no Fred Hutchinson Cancer Center da Universidade de Washington (EUA), destacou que “é fundamental ter um cuidado centrado no paciente, questionando-o sobre seus desejos e objetivos”. “Essa discussão é importante para a seleção das terapias mais adequadas. Personalização não é apenas sobre oncologia de precisão e alvos terapêuticos, mas também adaptar-se aos desejos, crenças e expectativas do paciente.”
Colocar o paciente no centro é a chave para o progresso terapêutico, concorda Ana Paula Cardoso, oncologista do Einstein. “O paciente traz perguntas sobre a qualidade de vida, é uma mudança na conversa. É nossa responsabilidade dar informações e, dessa forma, você dá poder ao paciente. Quando ele tem esse poder, pode tomar decisões”, afirmou.
“Humanização é sobre comprometimento ético e técnico com o cuidado”, acrescentou Ludmila Koch, oncologista do Einstein. “A tecnologia não substitui a empatia — ela se torna uma aliada essencial nesse processo de entrega para os pacientes brasileiros.”
ASSISTA AOS DEBATES E AO CONTEÚDO PRODUZIDO PELO EINSTEIN NA ASCO 2025
Avanços da oncologia são realidade no Brasil
Com olhar personalizado e integração entre assistência, pesquisa, ensino e inovação, Einstein oferece a pacientes um cuidado que é referência global
O que faz de um hospital referência no cuidado oncológico? Corpo clínico altamente qualificado, infraestrutura avançada e um centro integrado para realizar procedimentos, com um olhar humanizado da prevenção à reabilitação. Mas também assistência diretamente ligada às áreas de pesquisa, ensino e inovação. E, sobretudo, uma abordagem multidisciplinar que coloca o paciente no centro do cuidado.
“O Einstein se destaca por oferecer um cuidado integral e personalizado ao paciente com câncer. Seu diferencial é a combinação entre excelência assistencial, pesquisa e incorporação de tecnologias inovadoras”, afirma Nam Jin Kim, diretor da oncologia e hematologia do Einstein. “O modelo assistencial é centrado no paciente, com equipes multiprofissionais altamente qualificadas, infraestrutura de última geração e protocolos baseados em evidências.”
Ao longo da última década, o Hospital Israelita Albert Einstein se consoli¬dou como uma referência em oncologia e hematologia no Brasil e no exterior, assumindo a 19ª posição no ranking World’s Best Specialized Hospitals — Oncology, da revista Newsweek, e o primeiro lugar na América Latina.
“A integração com a pesquisa, a análise de dados de mundo real em larga escala e parcerias internacionais consolidam o Einstein como um centro de referência no Brasil e na América Latina”, destaca Sidney Klajner, presidente do Einstein.
O foco no paciente se traduz em diagnósticos mais precisos e terapias desenvolvidas sob medida. “Há uma grande aposta do Einstein em medicina de precisão e molecular, buscando biomarcadores que ajudem a indicar o melhor tratamento e identificar possíveis resistências”, afirma Oren Smaletz, oncologista do Einstein.
Testes genéticos permitem classificar os tumores por perfil molecular e direcionar tratamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais. Técnicas como radioembolização e ablações térmicas fazem parte do arsenal terapêutico, tratando tumores de forma localizada e com menor impacto no organismo.
TERANÓSTICA E CAR-T
O Einstein foi precursor ao trazer ao Brasil a PET-ressonância. Esses recursos impulsionaram o desenvolvimento de terapias teranósticas, que combinam diagnóstico e tratamento em uma única abordagem, com radiofármacos que se ligam às células cancerígenas.
“Diagnósticos personalizados e a integração com radiologia intervencionista, cirurgias robóticas e todos os tratamentos personalizados proporcionam melhores desfechos e nos posicionam na vanguarda do conhecimento e da assistência”, diz Fernando Moura, oncologista e gerente médico do Programa de Medicina de Precisão do Einstein.
Na hematologia, o hospital se destaca pelo robusto programa de transplantes de medula óssea e pela terapia com células CAR-T, voltada a pacientes com linfoma, leucemia ou mieloma. Desenvolvido com o Ministério da Saúde, por meio do Proadi-SUS, o projeto busca ampliar o acesso ao tratamento, que reprograma células do sistema imunológico para combater o câncer. O Einstein também recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para processar células natural killer (NK) para novos tratamentos de leucemia mieloide aguda (LMA).
“O Einstein é um dos poucos centros no Brasil que produzem e administram CAR-T cells autólogos, já utilizados em pacientes com linfomas e leucemias”, informa Nelson Hamerschlak, coordenador do Programa de Hematologia e Transplantes de Medula Óssea do Einstein. Mais de 25 pacientes já receberam CAR-T cells, dos quais 12 por meio do Proadi-SUS.
NOVO COMPLEXO
Esse cuidado qualificado e de excelência será expandido com o futuro Centro de Cuidados e Terapias Avançadas em Oncologia e Hematologia, a ser inaugurado em 2027, dentro do Parque Global, em São Paulo. O complexo, com 38 mil metros quadra-dos, reunirá diversas frentes do cuidado oncológico — da prevenção e rastreamento ao acompanhamento de longo prazo após o fim do tratamento — e abrigará também um centro de pesquisa e ensino com padrão internacional.
“O Einstein é uma liderança em várias áreas da medicina e, na oncologia, se posiciona como uma liderança nacional e mundial. Esse centro vai ser um ‘aquário’ no sentido do desenvolvimento de novas estratégias”, avalia Fernando Maluf, oncologista do Einstein.
Entre os objetivos do novo centro, estão aprofundar estudos em genética e genômica, expandir o uso de inteligência ampliada (IA) baseada em dados clínicos e seguir avançando em pesquisa translacional, tecnologia e inovação. A estrutura contará com equipamentos de ponta em diagnóstico por imagem, radioterapia e medicina intervencionista, além de dez salas cirúrgicas, 191 leitos, incluindo os de terapia intensiva e transplante de medula óssea e 43 salas de quimioterapia.
“O que diferencia o Einstein de outros centros de tratamento oncológico é o nível de qualidade em todas as áreas, a começar pela patologia, passando pela radiologia, pela intervenção, além do corpo clínico, que realiza os tratamentos com a melhor tecnologia disponível”, afirma Rafael Kaliks, oncologista do Einstein.
ACESSO PELO SUS
O Einstein também está comprometido em ampliar o acesso ao tratamento pelo sistema público. Sob gestão do Einstein, o Hospital Municipal Gilson de Cássia Marques de Carvalho, na Vila Santa Catarina, em São Paulo, que abriga o Centro de Diagnóstico e Tratamento Avançado em Oncologia Bruno Covas, é referência na rede pública e está se estruturando para participar de pesquisas clínicas, viabilizando a inclusão de pacientes do SUS em estudos clínicos.
Em 2024, o hospital realizou 57.272 consultas médicas e 3.442 procedimentos cirúrgicos oncológicos. Em junho, tornou-se o primeiro hospital público no Brasil a receber a certificação do Programa QOPI, da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco), que reconhece práticas ambulatoriais de excelência.
“Ao atuar como parceiro técnico e científico, ajudamos a fortalecer o SUS na oferta de tratamentos modernos. Isso promove maior acesso a diagnósticos e terapias avançadas”, avalia Vanessa Montes, coordenadora médica da oncologia no hospital.
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