A França foi um dos países que contribuíram para o surgimento da terapia CAR-T por meio de cientistas como o imunologista Michel Sadelain, com quem o grupo de pesquisadores da PSL parceiros dos brasileiros colabora. Em 1992, o cientista começou a usar ferramentas de engenharia genética, chamadas de vetores retrovirais, para introduzir genes em células T. O objetivo era modificá-las para que atacassem tumores específicos.
O país também é um dos que mais tratam pacientes por meio dessa imunoterapia na Europa. “Há mais de 5 mil pacientes tratados com CAR-T na França, contra pouco menos de 100 no Brasil”, comparou Clé.
O país europeu, contudo, ainda não conta com uma versão nacional de um produto desenvolvido por instituições de pesquisa locais, como no caso do Brasil, e utiliza as opções comercializadas por indústrias farmacêuticas globais. Uma realidade que grupos de pesquisadores, como o coordenado pela hematologista Marion Alcantara, no Instituto Curie, pretendem mudar por meio de parcerias como a que estabeleceram com a USP.
“Queremos testar em pacientes as células CAR-T reprogramadas epigeneticamente que temos desenvolvido, mas ainda há uma série de etapas que precisaremos superar para isso”, ponderou Alcantara.
A meta dos pesquisadores franceses no estudo que realizarão em parceria com os brasileiros é recrutar 30 pacientes diagnosticados com linfoma óculo-cerebral. Um dos objetivos do estudo é avaliar a eficácia clínica da dose de células CAR-T que serão injetadas.
Matéria – Elton Alisson, de Toulouse | Agência FAPESP