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 Site Futuro da Saúde

Publicado em 25/06/2025 - 10:38 / Clipado em 26/06/2025 - 10:38

Grandes players da saúde articulam rede de dados integrada em projeto do InovaHC


Iniciativa reúne hospitais, laboratórios, farmácias e operadoras para testar, nos próximos 90 dias, a troca segura de informações clínicas entre diferentes instituições privadas.

 

Por Angélica Weise

Imagine ter seu histórico médico completo disponível, instantaneamente, em qualquer hospital, laboratório ou clínica. Essa é a proposta do projeto piloto liderado pelo InovaHC — núcleo de inovação do Hospital das Clínicas da USP — que testa a interoperabilidade e o compartilhamento seguro de dados entre instituições de saúde privada. Desenvolvida ao longo dos últimos três anos, a iniciativa pode promover mais integração e eficiência no cuidado.

Grandes players do setor estão na reta final das negociações para o primeiro teste, previsto para começar nos próximos 90 dias. Entre os participantes estão hospitais como Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, além de diversas Santas Casas. Laboratórios como Fleury, Dasa e Sabin se unem às redes de farmácias Raia e Drogasil. A Bradesco Saúde, uma das maiores operadoras do país, completa o time inicial. A adesão é voluntária e segue aberta a novas instituições, conforme o interesse e a capacidade de integração técnica.

O projeto tem o acompanhamento próximo do Ministério da Saúde. Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital, afirma que “iniciativas da rede privada que sigam os padrões nacionais de interoperabilidade são bem-vindas”. Ela ressalta, porém, que os dados sob gestão do Ministério não serão compartilhados com o setor privado, preservando a autonomia de cada esfera.

O diferencial do projeto está em evitar a concentração das informações em um único “data lake”. A proposta é conectar os diferentes pontos da jornada do paciente, respeitando a origem dos dados e liberando o acesso apenas quando necessário, com autorização expressa dos pacientes. “O médico, no momento do atendimento, pode solicitar acesso aos dados relevantes do paciente que estão em outras instituições por um período limitado. Uma vez que a necessidade cessa, o dado é ‘apagado’ do sistema do médico e volta para sua origem, garantindo segurança e privacidade”, explica Marco Bego, diretor do InovaHC.

Para o paciente, isso significa menos exames desnecessários, transferência de cuidados mais simples e acesso rápido a informações críticas. Para os serviços médicos, a interoperabilidade contribui para decisões mais assertivas, redução de redundâncias e erros, além de uma medicina cada vez mais personalizada.

O foco na interoperabilidade 

A falta de padronização dos dados e as exigências rigorosas de privacidade e segurança seguem como obstáculos da interoperabilidade. Por anos, cada instituição manteve seus próprios sistemas, com linguagens e padrões diferentes, o que dificulta a integração. A proposta liderada pelo InovaHC busca mudar esse cenário. 

Para garantir a troca rápida e segura de informações em saúde, o InovaHC se inspirou em um modelo já testado com sucesso: o Open Finance. No setor financeiro, sistemas de interoperabilidade robustos — com o CPF como identificador único — permitem a integração entre diferentes instituições com segurança e eficiência. Essa lógica será adaptada à saúde, com trocas de dados estruturadas por eventos clínicos, como consultas ou internações.

“A interoperabilidade é uma prioridade para o InovaHC em 2025, com a mesma relevância que a saúde digital teve nos últimos anos”, afirma Giovanni Cerri, presidente dos Conselhos do InRad e do InovaHC, ambos do Hospital das Clínicas da USP. Para ele, a digitalização — por meio da telemedicina, do monitoramento remoto e da inteligência artificial — tem potencial para ampliar o acesso, reduzir desigualdades e aumentar a eficiência do sistema de saúde. Mas tudo isso depende de uma condição essencial: a troca segura e eficiente de dados entre diferentes sistemas e instituições. 

A eficiência é um dos grandes pilares do projeto de interoperabilidade, beneficiando tanto pacientes quanto o sistema de saúde como um todo. Segundo Marco Bego, a equipe trabalha ativamente para engajar todos os elos da cadeia de saúde: hospitais, laboratórios, operadoras de planos, farmácias, Santas Casas e o SUS. O objetivo é que o projeto seja útil para o setor como um todo, especialmente para quem gera os dados.

“A interoperabilidade fortalece a governança e permite ações estratégicas, como o programa Agora Tem Especialistas, que utiliza dados integrados para qualificar a alocação de profissionais e ampliar o acesso à atenção especializada”, destaca Ana Estela Haddad, secretária do Ministério da Saúde. Ela ressalta que a pasta tem fortalecido a padronização e a integração de dados por meio da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). A expectativa dos coordenadores do InovaHC é que, futuramente, ocorra a troca de dados entre os sistemas público e privado.

https://futurodasaude.com.br/interoperabilidade-inova-hc/

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