
Publicado em 20/06/2025 - 09:38 / Clipado em 20/06/2025 - 09:38
Cabecear bolas de futebol pode causar alterações no cérebro mesmo sem lesões, aponta novo estudo; entenda
Redação
O trabalho é o primeiro ensaio clínico randomizado que mede o impacto do cabeceio usando ressonância magnética em jogadores de futebol
Cabecear uma bola no futebol pode alterar o cérebro, mesmo quando não há concussão ou impacto imediato na cognição, revelou um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Sydney.
Os autores do estudo, publicado na revista Sports Medicine—Open, afirmam que são necessárias mais pesquisas sobre os efeitos a longo prazo do cabeceio à medida que o maior risco de demência entre ex-jogadores profissionais de futebol se torna mais evidente.
O estudo é o primeiro ensaio clínico randomizado que mede o impacto do cabeceio usando ressonância magnética (RM) em jogadores de futebol.
A equipe realizou avaliações cerebrais em 15 jogadores de futebol adultos do sexo masculino logo após eles cabecearem uma bola de futebol 20 vezes em poucos minutos. Utilizando equipamentos de ressonância magnética de última geração da Neuroscience Research Australia (NeuRA), os pesquisadores conseguiram identificar alterações regionais na estrutura, função e química do cérebro.
Exames de sangue e de função cognitiva também foram realizados. O estudo utilizou um ambiente rigorosamente controlado, com bolas lançadas a uma velocidade constante por uma máquina. Cada participante também completou uma condição de controle envolvendo chutar — em vez de cabecear — uma bola, permitindo aos pesquisadores isolar os efeitos do cabeceio.
Os exames de ressonância magnética identificaram alterações químicas em uma região do cérebro envolvida no controle motor e diminuição da condutividade elétrica em diversas áreas.
As amostras de sangue também apresentaram níveis elevados de duas proteínas: GFAP e NFL. Essas proteínas são atualmente consideradas alguns dos melhores biomarcadores sanguíneos disponíveis para lesão cerebral e risco futuro de demência.
Entretanto, as alterações associadas ao cabeceio foram muito menores do que as normalmente observadas nessas condições.
"Este estudo não demonstra que cabecear causa demência, mas a nossa conclusão, a partir da maior presença dessas proteínas, e do estudo como um todo, é que cabecear pode causar perturbações sutis nas células cerebrais, mesmo sem sintomas óbvios”, afirmou Nathan Delang, que liderou a pesquisa como doutorando na Universidade Griffith e agora é pesquisador de pós-doutorado na Universidade de Queensland.
Alguns países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, estão implementando gradualmente restrições ao cabeceio, incluindo a proibição da prática entre jogadores jovens. A Austrália não implementou tal proibição, mas discussões estão em andamento sobre a segurança do cabeceio em esportes juvenis.
Veículo: Online -> Portal -> Portal O Globo - Rio de Janeiro/RJ