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 Site Diário de Petrópolis

Publicado em 08/03/2022 - 11:25 / Clipado em 08/03/2022 - 11:25

Inea promete licitar em junho obras para evitar inundações no Centro Histórico


Entre as intervenções previstas estão recuperação do túnel extravasor e macrodenagem da Cel. Veiga


Rômulo Barroso - especial para o Diário de Petrópolis


O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) promete para junho a realização de uma licitação para obras que têm como objetivo equacionar os problemas das enchentes no Centro Histórico. O órgão afirmou que o projeto possui três intervenções principais: o túnel extravasor do Rio Palatino, o redimensionamento do canal do Centro e do Quitandinha e a macrodrenagem da Coronel da Veiga. Segundo o Inea, essas obras fazem parte de um estudo que contempla toda a cidade.

Esse estudo tem como objetivo "Definir as condições mínimas a serem atendidas por meio de insumos e tecnologias de forma que o produto final (projetos básicos e executivos) possibilite a indicação da solução adequada e viável para o manejo das águas pluviais com vistas à redução dos impactos na zona urbana do município de Petrópolis". O Inea diz que o resultado esperado é "Intervir nas estruturas existentes direcionando de forma mais disciplinada os fluxos de escoamento das enchentes, minimizando seus efeitos".

Essas são intervenções extremamente importantes para cidade, tanto diante do longo histórico de transbordamentos do Rio Quitandinha e inundações na Cel. Veiga, quanto pelo recente trauma que Petrópolis teve com enormes alagamentos no Centro.

"Quando presidente interino da Câmara, assinei um acordo de cooperação técnica com o Comitê Piabanha, que previa o monitoramento, enquadramento e despoluição do rio. Dentro dessa discussão estavam também questões como habitação e macrodrenagem, que é o que faz nossa cidade alagar com mais frequência hoje do que antigamente", destaca o vereador Fred Procópio (PL).


Túnel extravasor

Na edição do último domingo (06/03), o Diário mostrou que os problemas do túnel extravasor não são novos. No início de 2020, também após uma chuva, as falhas estruturais ficaram bastante evidentes, com uma cratera que se abriu na Rua Francisco Scali (Quissamã), já próximo da saída da galeria. No mesmo local, o processo de erosão na lateral do túnel ameaçou casas de desmoronarem. Isso obrigou o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) a providenciar obras emergenciais.

Apesar disso, o ex-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ), Alexandre Duarte, acredita que sedimentos como pedras e terra continuaram a cair no interior do equipamento e podem ter causado entupimentos, que comprometeram o escoamento de água do Rio Palatino (a partir da Rua Souza Franco, no Centro) até o Rio Piabanha (na Rua Pedro Elmer, Quissamã), o que desencadeou os severos alagamentos registrados no Centro no dia 15 de fevereiro. O próprio Inea disse, em nota, que "devido a grande carga hidráulica, a estrutura não suportou" a quantidade de chuva que caiu na cidade naquele dia.

"O túnel extravasor, que é uma obra dos anos 1960, apresenta um estado de deterioração não só na região do Quissamã, que foi inspecionado pelo Inea e por outros agentes, como no trecho inicial. São quase três quilômetros, é muito difícil inspecionar tudo, não acredito que tenha sido vistoriado todos os trechos. Nós tentamos isso diversas vezes com a Defesa Civil e os Bombeiros e não tivemos sucesso para fazer esse percurso. Tudo isso tem que ser feito. Soluções de engenharia existem, são soluções bastante conhecidas, mas que precisam de investimento, de técnica, de projeto, de suporte e, sobretudo, de vontade", afirma o professor de Engenharia Civil da UCP, Robson Gaiofatto.


Projetos

Em 2012, Robson Gaiofatto foi diretor de projetos da então recém-criada Secretaria Municipal de Defesa Civil. Entre os projetos que discutiu enquanto ocupava no cargo estavam: criação de reservatórios de retenção na região do Quitandinha e Cel Veiga, captação e retenção provisória nas regiões das encostas do Quitandinha, mapeamento criterioso de áreas de risco para transferência de moradias para áreas de menor risco, controle da saturação acumulada de água nas encostas para alarme e remoção prévia, recuperação integral do túnel extravasor (incluindo desocupações sobre o túnel).

Dez anos depois, poucas dessas ideias tiveram avanço: a cidade hoje conta com um Plano Municipal de Redução de Riscos, que identificou as áreas de risco alto e muito alto; além do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) ter instalado, há menos de seis meses, cinco Plataformas de Coleta de Dados Geotécnicas (PCDs Geo) para o monitoramento, em tempo real, da quantidade de chuvas e de umidade de solo nas áreas de risco de deslizamentos em encostas urbanas.

"Toda vez que chove, voltamos a conversar sobre esse assunto. Mas aí fazem 15 dias de sol, tudo desaparece, os temas ficam esquecidos e tudo volta ao normal. Até a próxima chuva", lamenta.

Fred Procópio, que é presidente da Comissão Especial de Finanças, Infraestrutura e Retomada Econômica, criada para fiscalizar os trabalhos da prefeitura e o uso dos repasses municipais, estaduais e federais, além dos recursos doados por pessoas físicas, contou que vem acompanhando o desenvolvimento desse estudo desde o ano passado. Ele lembrou que esse estudo é fruto de um convênio de 2013 entre estado e governo federal, sendo retomado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Thiago Pamplona. Apesar de não sido finalizado e, portanto, não ter uma estimativa oficial, ele acredita que esse investimento supera a casa dos R$ 100 milhões.

"O governador Claudio Castro já anunciou que o governo federal vai ajudar na execução das obras. Estimamos que, com todas as intervenções necessárias, o investimento passe dos R$ 100 milhões. Segundo a última informação que tive da secretaria, já foi aberto processo licitatório para a execução das obras, e esperamos que no segundo semestre sejam iniciados os trabalhos. A obra vai acontecer, o governador já anunciou, e eu estou em contato direto com o secretário acompanhando o andamento dos processos", disse Fred Procópio. "A Comissão (Especial de Finanças, Infraestrutura e Retomada Econômica) em si, vai fiscalizar a aplicação desses recursos", garante o vereador.



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