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Publicado em 10/12/2025 - 18:06 / Clipado em 10/12/2025 - 18:06

Ponte de Madeira em Niterói é alvo de pedido de interdição urgente pelo Crea-RJ


 

Uma ponte de madeira em Niterói voltou ao centro das atenções após um pedido formal de interdição urgente feito pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ). A estrutura liga a Ilha do Caju à Ilha da Conceição e, segundo o órgão, apresenta falhas graves que colocam em risco quem circula pelo local.

De acordo com o presidente do Crea-RJ, Miguel Fernandez, a ponte não tem mais condições de continuar aberta ao tráfego. A fiscalização identificou pilares comprometidos, ferragens expostas, erosões, concreto deteriorado, ausência de contraventamentos e partes do piso metálico se soltando. Em alguns trechos, o guarda-corpo já não existe, tornando a travessia de pedestres ainda mais perigosa.

A plataforma está completamente comprometida. Temos pilares cedendo e piso soltando. É um risco gigantesco de desabamento. Não há responsável técnico, não há empresa encarregada. É abandono total e, ainda assim, não está interditada. Passam pessoas, carros e caminhões com produtos químicos. Esse é o grande risco, afirmou Miguel Fernandez.

O Crea-RJ informou que já notificou a Prefeitura de Niterói e o Ministério Público desde o ano passado, mas nenhuma ação definitiva teria sido tomada até agora. Segundo o conselho, a recomendação continua sendo de interdição imediata para evitar uma tragédia.

Além do risco direto à população, especialistas alertam para a possibilidade de um grave desastre ambiental. Sob a ponte transitam embarcações de pesca e de serviço, e a eventual queda da estrutura poderia lançar na Baía da Guanabara cargas perigosas, metais, óleo e outros materiais contaminantes.

O engenheiro ambiental e professor Francisco Argolo explica que a ponte está em processo avançado de deterioração, com madeira em decomposição biológica e estruturas metálicas fortemente corroídas pelo contato contínuo com a água salgada. Segundo ele, o impacto ambiental de um colapso seria severo e imediato.

Ele destaca que a Baía da Guanabara é uma área de alta relevância ecológica, funcionando como berçário natural de diversas espécies marinhas e ponto de alimentação para aves. Um acidente de grandes proporções poderia provocar mortandade de peixes, contaminação dos sedimentos e desequilíbrio de toda a cadeia biológica da região.

Para quem depende diariamente da ponte, o medo faz parte da rotina. A recepcionista Roberta Muniz, que utiliza a estrutura há mais de um ano, relata a insegurança constante na travessia.

Eu tenho muito medo. Muita gente passa ali todos os dias. A gente já tentou ajuda do município, mas nada foi feito. É uma tragédia anunciada, desabafou.

Segundo ela, a calçada está cheia de buracos, obrigando pedestres a caminhar pela pista junto aos veículos. Além disso, o fluxo deve aumentar nos próximos dias com a reabertura de estaleiros no entorno.

A ponte também é considerada estratégica para a indústria naval, já que a Ilha da Conceição abriga importantes estaleiros responsáveis pela construção e manutenção de embarcações. A interdição ou colapso da estrutura pode comprometer operações logísticas, transporte de máquinas e deslocamento de centenas de trabalhadores.

Em novembro de 2024, a Prefeitura de Niterói havia informado que concluiu o pré-projeto de recuperação da ponte. Segundo nota mais recente enviada à imprensa, os estudos do Projeto Executivo estariam finalizados e o processo de licitação em andamento, com previsão de início das obras no primeiro semestre de 2026. Enquanto isso, o alerta segue ativo e a pressão por medidas imediatas aumenta.

 

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