
Publicado em 16/05/2025 - 11:31 / Clipado em 16/05/2025 - 11:31
Mancha escura na Praia da Barra tem ligação com esgoto e dragagem de lagoas
Especialistas apontam risco à saúde e cobram mais fiscalização nas obras de revitalização
Por Maria Eduarda Vieira
Especialistas afirmam que o surgimento de uma extensa mancha escura na Praia da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, está relacionado com depósito de esgoto associado a dragagem das lagoas na região.
A mancha foi registrada no trecho do Quebra-Mar, inicialmente na manhã desta quarta-feira (14), quando o nível da maré chegou a 20 centímetros. A coloração escura também se manteve nesta quinta (15).
Segundo o Instituto Estadual do Ambiente, a mancha foi provocada pela vazante, água que sai da lagoa e vai para o mar. Nesse processo, houve o transporte de matéria orgânica das águas lagunares, e pelo contraste de temperatura com a água do mar. O órgão afirmou ainda que o local não é recomendado para banho.
A concessionária Iguá informou que a mudança de coloração não tem relação com a operação da rede coletora. Apesar disso, o mestre em Engenharia Ambiental Emanuel Alencar explica que há presença de esgoto na mancha.
Quando a Iguá diz que não tem relação com a operação da a rede de esgoto, ela está dizendo que não estourou uma rede de esgoto, mas isso não significa que não tenha a ver com presença de esgoto, são coisas diferentes. Então, são problemas conectados: o que ocorre na Lagoa de Jacarepaguá, de Camorim, da Tijuca e de Marapendi acaba afetando de maneira muito significativa o mar da Barra da Tijuca. Então, é preciso acelerar, investir, e principalmente que a sociedade tenha um olhar crítico, um olhar ativo nos contratos de concessão, para que a gente não esteja reclamando os mesmos problemas daqui a 10, 15 anos.
Há cerca de um ano, o Complexo Lagunar da Barra da Tijuca e Jacarepaguá passa por obras de revitalização, após anos de problemas. A intervenção está sendo feita pela concessionária Iguá e representa a maior operação de dragagem já realizada na região.
O processo de dragagem é feito para remoção de sedimentos do fundo das lagoas, o que pode levar a suspensão desse material. Segundo o consultor ambiental, Luiz Renato Vergara, a mancha pode ser resultado da soma de três fatores: variação da maré, depósito de matéria orgânica e as intervenções. Apesar disso, ele defende que a dragagem nesse momento é um mal necessário.
A variação de maré sempre teve. Depósito de matéria orgânica em função do esgoto sempre teve. Qual o fato novo que está tendo no sistema lagunar? A dragagem, que é necessária. Então, infelizmente, isso é um mal necessário para o benefício que você vai ter com a regularização da circulação do sistema lagunar com a dragagem, associado, sim, com a coleta e tratamento de esgoto. O que precisa ser verificado é se as condicionantes ambientais, para justamente mitigar esses impactos da dragagem, estão sendo respeitados.
Nesta quarta, equipes do INEA fizeram a coleta de amostras. O Instituto afirmou que vai continuar monitorando a qualidade da água junto à Iguá.
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