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Portal Estadão

Publicado em 19/04/2025 - 10:06 / Clipado em 22/04/2025 - 10:06

Qual será o futuro do Brasil com cada vez menos estudantes de Engenharia?


Carreiras da área são essenciais para o desenvolvimento de novas tecnologias e da infraestrutura; países como China e Coreia do Sul investem nesse campo

Por Renata Cafardo
 

Em 2015, o Brasil tinha 358 mil estudantes de Engenharia Civil. Já os dados mais recentes mostram que são agora 172 mil, diminuição de 51%. A queda aparece em quase todas as outras engenharias, como Produção, Mecânica, Eletrônica, Alimentos, Elétrica, Química. Aumentos expressivos mesmo, só em Engenharia de Computação e de Software, segundo tabulação do Mapa do Ensino Superior do Instituto Semesp.

São evidentes as consequências para o desenvolvimento de uma nação que tem menos engenheiros e engenheiras. Países como Coreia do Sul, China e Estados Unidos investem nesses profissionais porque sabem que eles são fundamentais tanto para a criação de infraestruturas e geração de empregos, como para novas tecnologias.
 

Os engenheiros não constroem simplesmente a ponte, o que já seria muito bom. Eles vão em busca de soluções inovadoras para problemas complexos em várias áreas do conhecimento, melhorando negócios, produtos e serviços.

A explicação para os números em queda pode estar no desinteresse dessa geração pelo ensino superior de maneira geral; há bem menos calouros em faculdades e universidades do que na década passada. É um misto da busca do jovem por respostas rápidas - e aí vem a predileção por cursos a jato de tecnologia, que os colocam no mercado de trabalho - e a situação econômica do País, que dificulta a continuidade dos estudos.

A única coisa que cresce no ensino superior no Brasil é a educação a distância. Hoje 66% dos alunos que ingressam numa faculdade entram em um curso EAD; o índice era de 18% em 2013. Mas o perfil do aluno não é o que costumeiramente escolheria um curso de Engenharia.

Mais de 83% dos estudantes de EAD têm mais de 24 anos, a maior parte na faixa dos 40 a 49 anos. Por terem deixado a escola há tempos, dificilmente optam por cursos de Engenharia, em que a exigência é maior, especialmente das áreas de Exatas - no Brasil, só 5% dos adolescentes saem do ensino médio sabendo o considerado adequado em Matemática.

O curso campeão em EAD é Pedagogia, que tem mensalidades baixas e parece mais “fácil” para estudantes que vieram de escolas públicas, precisam trabalhar durante o curso e moram longe dos grandes centros.

A Engenharia também têm cursos a distância, em especial em instituições privadas, mas a evasão chega a 40%. E ainda, na última avaliação feita pelo Ministério da Educação (MEC) divulgada este mês, só 1% das graduações em EAD tiveram nota máxima, o que inclui a área de Engenharia.

O governo federal empurra com a barriga desde dezembro a decisão sobre a regulação da educação a distância do País. Há pressão de parte de grupos privados, que sustentam que as proibições vão prejudicar o acesso da população mais pobre ao ensino superior. O decreto com as novas regras está parado na Casa Civil também por receio do impacto na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Se o número de formandos das engenharias só cai nos últimos anos e a solução não é o EAD, o Brasil tem de criar políticas de incentivo para garantir a formação desses profissionais porque não há país desenvolvido que não precise de engenheiros e engenheiras.

 

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