
Publicado em 18/03/2025 - 12:11 / Clipado em 19/03/2025 - 12:11
Prefeitura de Petrópolis ainda realiza obras prometidas pós-tragédia de 2022
Ao menos quatro mil famílias ficaram desabrigadas ou desalojadas na época
Por Gabriela Morgado
Apesar da Prefeitura de Petrópolis afirmar que fez 124 obras desde a tragédia de 2022 que deixou mais de 230 mortos, moradores da cidade denunciam trabalhos parados e insegurança em áreas de risco.
Mais de três anos após o temporal, foram investidos pelo Município pouco mais de R$ 123 milhões em 142 obras, sendo 124 já finalizadas, ou seja, 87%. Entre elas, drenagem de rios e reconstrução de lugares atingidos pela chuva.
Noventa e seis obras de contenção de encostas foram concluídas na cidade. Dessas, 89 foram feitas pela própria Prefeitura da Região Serrana, e sete, financiadas pela Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas, do Governo do Estado.
Mas muitos moradores que tiveram que deixar suas casas ainda não têm perspectiva de futuro.
Segundo o Município, cinco obras para contenção estão em andamento. Elas acontecem na Castelânea (contenção e drenagem na rua Primeiro de Maio e contenção e drenagem na Servidão Modesto Garrido); no Morro da Oficina, no Alto da Serra (construção de barreira inelástica e drenagem, ambas na área 2, e drenagem e contenção de encosta, na área 3); e na 24 de Maio (com a contenção, drenagem e reconstrução da quadra da Escola Municipal Clemente Fernandes).
Nove de 11 projetos selecionados dentro do PAC e convênios com o Ministério do Desenvolvimento Regional também são de contenção de encostas e estão em fase de captação de recursos. O total previsto é de R$ 60 milhões para todas as ações.
Já o Governo do Estado afirma que financiou R$ 8 bilhões em obras diversas, de drenagem, canalização e pavimentação, em incremento de material operacional e de pessoal para resposta ao desastre, além da modernização do sistema de alertas e monitoramento e recursos assistenciais para vítimas. As medidas, segundo o Governo, fazem parte do Plano de Contingência para Chuvas.
Foram R$ 282,9 milhões nas obras de recuperação. Uma das mais importantes é a reforma do Túnel Extravasor, que faz o escoamento do Rio Palatino para o Rio Piabanha, evitando transbordamento e novas tragédias. De acordo com o Governo, o trabalho já está na reta final, com mais de 90% dos serviços concluídos, e deve ser finalizado em breve.
Ainda de acordo com o Governo, o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) atua, desde fevereiro de 2022, com 57 frentes do programa Limpa Rio no município de Petrópolis. Ao todo, foram cerca de 341 mil metros cúbicos de resíduos retirados. Para o ano de 2025, estão previstos investimentos de mais de R$ 400 milhões para o programa em todo o estado.
No ano passado, foi lançado o projeto Região Serrana Resiliente, que prevê a criação de um posto avançado em Petrópolis para centralizar o trabalho de enfrentamento aos eventos climáticos extremos na região, além da expansão da rede hidrometeorológica e aquisição de dois novos radares para envios de alertas de chuvas e tempestades para as regiões Serrana e Sul Fluminense.))
Mas o consultor ambiental Luiz Renato Vergara lembra que a solução está relacionada à limitação da ocupação da cidade e à retirada dos moradores de áreas de risco.
Em 2012, o DRM identificou que 80% do território de Petrópolis não deveria ser ocupado, porque ou você tem um risco de deslizamento de encosta ou você tem um risco de enxurrada. Nós temos um problema grave de ocupação, só que a raiz do problema é a urbanização que foi feita na época do império. Eles tiveram a brilhante ideia de fazer curva de 90 graus em rio, de fazer um rio bater contra o rio, que é o caso que você tem do Quitandinha e do Palatino. Por isso que foi feito o Túnel Extravasor. Não tem o menor sentido o município continuar tendo adensamento na região do Centro, né, que é justamente a área mais crítica. Já teve recurso aprovado lá atrás, para fazer a recuperação do Extravasor. Ninguém quis dar sequência, perderam recurso, e precisou ter uma tragédia para fazer alguma coisa. Isso já poderia ter sido evitado lá atrás. Então é necessário você pegar as áreas mais críticas, retirar as famílias de lá, indenizar para comprar em outras casas, em lugares não sendo em área de risco, e desocupar essas áreas. Em paralelo, ver as áreas mais críticas, fazer intervenções, de contenção de encostas. Mas não adianta fazer contenção sem retirar as famílias.
Em nota, a Prefeitura de Petrópolis afirmou que são realizadas vistorias constantes nas comunidades pela Defesa Civil, além de testes nas sirenes. Ainda de acordo com o Município, mais de duas mil famílias recebem o Aluguel Social referente às chuvas de 2022. O valor mensal de R$ 1.000,00 é custeado pelo Governo do Estado (R$ 800,00) e pela Prefeitura (R$ 200,00).
O Governo disse ainda que o programa Recomeçar beneficiou 3.903 famílias em um investimento de R$ 11,7 milhões. A ação dá R$ 3 mil em parcela única para os moradores atingidos pelos temporais.
A tragédia de 2022 deixou cerca de 4 mil famílias desabrigadas ou desalojadas.
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