
Publicado em 02/07/2024 - 20:10 / Clipado em 02/07/2024 - 20:10
Hospital onde paciente morreu após ficar preso em elevador não tinha serviço de manutenção com certificado no Crea
Em menos de 24 horas foram registrados três casos na capital, dois deles com morte
Por O Globo — Rio de Janeiro
Em menos de 24 horas, ocorreram três acidentes em elevadores no Rio, dois deles resultando em mortes. Diante dos casos, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio (Crea-RJ) informou, por meio de nota, que vai apurar a existência de responsáveis técnicos nos três locais. Dois dos acidentes aconteceram em prédios públicos, inclusive um hospital, e um em edifício residencial.
De acordo com a nota, o "Crea-RJ já constatou que o responsável pela manutenção do elevador que despencou no Hospital Salgado Filho não tem registro no Crea de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), o que indica alguma irregularidade". No último domingo, um paciente de 28 anos, que estava internado em estado grave, era levado de elevador para a sala de trauma após ser estabilizado depois de uma parada cardíaca.
O órgão lembra que a lei 5.194, de 1966, determina que os serviços técnicos precisam ter a participação de um profissional habilitado. Como é definido no site do Crea-RJ, a "ART caracteriza legalmente os direitos e obrigações entre profissionais e usuários de seus serviços técnicos, além de determinar a responsabilidade profissional por eventuais defeitos ou erros técnicos. Assim como, somente é considerada válida a ART quando estiver cadastrada no CREA, quitada, possuir as assinaturas originais do profissional e contratante, além de estar livre de qualquer irregularidade referente as atribuições do profissional que a anotou". A ART deve ser registrada antes do início da obra ou serviço, de acordo com os dados do contrato escrito ou verbal.
Por 16 minutos, paciente e equipe médica ficaram presos a espera de socorro. Os ocupantes foram retirados pelos bombeiros após funcionários da manutenção, que estavam na unidade, conseguirem abrir a porta.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde afirma que "a empresa de manutenção do elevador foi notificada a prestar esclarecimento na sindicância aberta para apurar todos os detalhes do caso".
Na segunda-feira, pela manhã, outro acidente deixou uma servidora da Secretaria Estadual de Fazenda ferida, depois que elevador não parou e atingiu o teto do último andar do prédio, que fica no Centro da cidade. Ela foi socorrida e levada para o hospital com ferimentos leves.
Na tarde do mesmo dia, Alex Fernandes, de 40 anos, morreu após o elevador em que estava despencar do 12º andar até o fosso. Segundo o RJ2, da TV Globo, o acidente foi no prédio de número 35 da Rua Barão de Ipanema, em Copacabana, na Zona Sul. O homem, que era funcionário da empresa que fazia a manutenção do equipamento, morreu na hora.
Segundo o Crea-RJ, equipes de fiscalização serão enviadas aos locais de acidente a fim de apurar a responsabilidade pela prestação do serviço. "O Crea verificou que a empresa responsável pela manutenção do elevador da Secretaria de Fazenda está regularizada no Conselho, mas vai apurar o que aconteceu", diz um trecho da nota.
A Polícia Civil abriu dois inquéritos para investigar as duas mortes nestes acidentes com elevadores. Agentes da 23ª DP (Méier) estiveram no Hospital Salgo Filho para coletar informações sobre o ocorrido durante a transferência do paciente. Já a 13ª DP (Copacabana) abriu um inquérito para investigar o que provocou o acidente no edifício residencial e apurar as responsabilidades.
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