
Publicado em 10/05/2023 - 15:12 / Clipado em 10/05/2023 - 15:12
Enel: moradores de Niterói relatam problemas em CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enel ouviu, ontem (4), na Câmara Municipal, diferentes setores da sociedade civil organizada de Niterói. Presidente do colegiado, o vereador Leonardo Giordano (PCdoB) sublinhou que o sentido da audiência é fazer com que cada setor apresente um problema, no sentido de que se consolidem as demandas, apontando-se soluções.
Vice-presidente da CPI, Fabiano Gonçalves (Cidadania) concluiu a audiência, destacando que o atendimento prestado pela Enel à população é "ruim"
"Precisamos de mais duas lojas de atendimento, na Zona Norte e na Região Oceânica. Uma pessoa no Jardim Icaraí me acionou porque não tinha ninguém para lhe explicar como se fazia uma ligação trifásica", disse Gonçalves.
A moradora de Itaipu, Silvia de Castro reclamou da situação das podas, que não são realizadas pela concessionária, e, quando há ventania, causam faltas de luz.
"Já tive uma geladeira, que parou de funcionar, por conta das quedas de energia. Tenho um processo contra a empresa, desde 2021. Apesar de ter ordem judicial, pedindo para encerrar a cobrança de R$ 2000, a empresa cortou a minha luz, mesmo eu não tendo sido culpada dos gatos que fizeram no bairro. A Região Oceânica está abandonada pela Enel", reclamou. </p>
Representando a Federação de Associações de Moradores de Niterói (Famnit), Manoel Amâncio dos Santos formou um grupo, para que as associações de moradores da cidade reivindiquem, junto à concessionária, quais são as principais dificuldades das comunidades, a fim de solucioná-las.
"As reuniões acontecem toda segunda-feira do mês. Estamos satisfeitos com o fluxo delas, mas os serviços da Enel ainda não são satisfatórios", ressaltou.
Ricardo dos Santos preside a Associação de Moradores do Morro do Estado. Ele disse que, apesar dos problemas, como faltas de luz, "durante seis horas", e postes avariados, a empresa o apoia, num projeto social, de informática, na comunidade.
"Tenho certeza de que os problemas serão solucionados", almejou.
Para o representante da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL- Niterói), Hermano Torres, o serviço de atendimento da Enel é ineficaz para os comerciantes, que precisam resolver seus problemas rapidamente
"Há essa necessidade, para que os comerciantes não percam faturamento. Não consigo um atendimento direto. Tivemos contas da CDL que dobraram de valor e não sabemos de onde vêm. Nossos associados não conseguem resolver os problemas. É inaceitável esse tratamento", queixou-se.
Um engenheiro elétrico relatou haver faltas de atendimento, por parte da Enel, para aumento de capacidade de alguns setores da indústria, que ficam sem capacidade de expansão.
"A indústria fica obsoleta. Há casos em que ela protocola, por exemplo, hoje, um aumento de capacidade: o tempo determinado de retorno para este tipo de demanda deve ser de um mês; mas conheço casos em que dura cinco, sem solução. A pessoa faz um investimento e fica aguardando aumento de capacidade para sua indústria funcionar. Neste sentido, há perdas da ordem de R$ 30 mil a R$ 40 mil, mensais, e ela não funciona, porque não houve aumento de capacidade", detalhou
A classe política também se manifestou na audiência. O subsecretário de Estado de Energia do Rio de Janeiro, Felipe Peixoto, destacou que está para sair do papel um convênio entre o Estado, a Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Na avaliação dele, esta parceria permitirá que se reduza o distanciamento existente entre os problemas da população do Rio, em relação à Enel.
"A Aneel está em Brasília, distante da nossa população. A Agenersa já existe, aqui no Rio, e, hoje, por se tratar de uma concessão estadual, faz a fiscalização dos serviços de gás. A Aneel permite que os estados possam fazer convênios com as agências estaduais. Isso acontece em outros estados. Parte da fiscalização realizada pela Aneel é delegada. O governador (Cláudio Castro) determinou que a agência deve fazer esse convênio. Há um grupo de trabalho para resolver isso", disse o secretário.
Reconhecendo "as inúmeras dificuldades" da empresa, a representante da Enel, Andreia Andrade, prestou esclarecimentos à audiência pública. Sublinhou que está trabalhando e, em relação à pauta mais abordada na audiência - atendimento -, buscará "melhorias".
"Vamos buscar melhorias para eles, em modo virtual e presencial. Já as tarifas são determinadas pelo órgão regulador. Endereçamos, ao Governo do Estado do Rio, o mapeamento de áreas conflagradas de comunidades, para ver se batem com as que temos na empresa", explicou-se.
O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA-RJ); a Associação de Clubes de Niterói; os representantes dos polos gastronômico de Icaraí, Região Oceânica e São Francisco; a Associação de Síndicos do Leste Fluminense; o curso de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) e, pelo movimento de cultura popular, o coletivo Mix Urbano, também participaram do evento.
O relatório final será remetido ao Ministério Público, à Aneel, à Prefeitura de Niterói e ao Governo do Estado do Rio de Janeiro.
https://www.atribunarj.com.br/materia/enel-comerciantes-de-niteroi-relatam-problemas-em-cpi
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