
Publicado em 21/12/2023 - 10:58 / Clipado em 03/01/2023 - 10:58
Parecer técnico atesta riscos estruturais e recomenda desocupação da sede da Secretaria de Educação
Um parecer técnico, que atesta riscos estruturais e recomenda a desocupação da sede da Secretaria estadual de Educação (Seeduc), no Santo Cristo, ascendeu o alerta vermelho em funcionários que trabalham no local. Ao analisar o documento e as fotos anexas, o engenheiro Antonio Eulalio Pedrosa Araujo, especialista em estruturas e conselheiro do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea), também considera fundamental esvaziar o prédio e interditar o entorno. O secretário Alexandre Valle, que acionou a Defesa Civil e a Emop, garante que não há risco de desabamento, mas determinou a contratação emergencial de um laudo, que indicará as obras de reforço a serem realizadas.
“O monitoramento de deslocamentos, embora fundamental, não assegura que não venha a ocorrer uma aceleração brusca dos deslocamentos, com perda de estabilidade da edificação”, conclui a engenheira Raquel Gabriela Alves Campos, com mestrado em estrutura pela Coppe/UFRJ, em seu parecer, assinado em 26 de outubro. Raquel trabalha no núcleo de engenheiros da Seeduc e fez a análise a pedido de Valle, que identificou rachaduras no edifício.
A técnica cita elevados recalques, de sete, seis e cinco centímetros em três pilares (P10, P11 e P12). “Com recalques dessa magnitude”, diz ela, “certamente ocorreu uma redistribuição de cargas nos pilares vizinhos e de outros elementos da estrutura”. A técnica explica que tal redistribuição de cargas “implica em risco da ruptura brusca nos pilares sobrecarregados”. Além de sugerir a desocupação do edifício, ela aconselha que seja executado reforço de estrutura.
— Não é possível que tenhamos que colocar nossas vidas em risco. Pelos corredores as pessoas que trabalham na infraestrutura têm comentado de um parecer que fala para evacuar o prédio.Tenho filho e netas, o secretário e o Governador têm que zelar por nossa segurança — afirma uma servidora, que trabalha na Educação desde 1994, sem se identificar.
Segundo Antonio Eulalio, a norma estabelece o máximo de 2,5 centímetros para recalques. Fotos anexadas ao parecer revelam o crescimento das rachaduras na fachada voltada para a Avenida Cidade de Lima, de abril de 2016 para outubro deste ano. Outra imagem mostra uma trinca no piso do térreo do bloco 2.
— As trincas são visíveis e graves. Pode ter havido erro de projeto ou de execução. Isso tem que ser investigado. Há risco, sim, de o prédio cair. Ele precisa ser monitorado, com a colocação de pinos de aço do lado externo e marcas numa construção ou poste vizinho. Num primeiro momento, deve-se monitorar e escorar, se houver segurança para quem fizer o escoramento — diz Antonio Eulalio. — É preciso desocupar o edifício. Viga, dá aviso. O pilar rompe o concreto de repente.
O secretário de Educação contesta:
— Acha que se houvesse risco de o prédio cair, eu seria doido de ficar aqui? O risco de cair é zero. Não vamos começar a criar pânico. Chamei engenheiros da equipe da Seeduc, da Emop e da Defesa Civil. Eles estão acompanhando. O problema das rachaduras pode ser consequência das obras ao redor.
Desde 2011, a sede da Seeduc foi transferida para o prédio da Avenida Professor Pereira Reis 119, cedido ao estado pela prefeitura do Rio. No local, trabalham 800 funcionários.
Ao tomar conhecimento nesta sexta-feira do problema, Helenita Beserra, da coordenação-geral do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação disse que buscará ajuda na presidência da Assembleia Legislativa (Alerj) e na Comissão de Educação da Casa.
— A vida dos nossos professores é muito importante. Não somos peritos, mas se tem um profissional dizendo que o prédio precisa ser desocupado, não podemos aceitar que elas continuem lá. A orientação tem que ser seguida.
Laudo da Defesa Civil estadual, por sua vez, com base em vistoria realizada no dia primeiro de dezembro, informa que "foram detectadas manifestações patológcas na superestrutura da edificação". Durante a vistoria, prossegue o documento, "foi possível observar rachaduras nos elementos de alvenaria naturalmente causadas pelo rebaixamento do lençol freático, provável fato que causou o recalque da infraestrutura de parte do prédio". Contudo, diz o órgão, "não foi notada patologia nos elementos estruturais que ofereça risco iminente e/ou necessidade de interdição instantânea da edificação". A Defesa Civil conclui dizendo que considera primordial "intervenção imediata com a realização de estudo técnico e acompanhamento diário das rachaduras e demais patologias".
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